Juros longos voltam a ter queda firme com alívio político e melhora externa

A curva de juros perdeu mais inclinação nesta quarta-feira, 29, em função da melhora do humor nos mercados internacionais e da leitura de que os ruídos políticos domésticos estão arrefecendo. O destaque do dia foram as taxas longas, que fecharam em torno de 25 pontos e nas mínimas da sessão. Já recuavam desde manhã, em meio às expectativas otimistas quanto ao medicamento para tratar a Covid-19, à suspensão da nomeação de Alexandre Ramagem para comandar a Polícia Federal e ao discurso de Paulo Guedes reforçando que tem apoio do presidente Jair Bolsonaro, mas ampliaram a baixa à tarde, após entrevista do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Ele afirmou que o Fed pode "fazer mais" para combater os efeitos da crise do coronavírus na economia americana. As taxas curtas tiveram oscilação discreta e encerraram de lado, num dia sem grandes "drivers" para apostas na Selic.
Nos juros, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 fechou a sessão regular na mínima de 7,36% (7,602% ontem no ajuste) e a do DI para janeiro de 2029 voltou a rodar abaixo de 8%, ao fechar em 7,95%, ante ajuste ontem de 8,172%. O DI para janeiro 2025 também fechou com taxa na mínima, de 6,44%, ante 6,623% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2022 caiu de 3,74% para 3,68%. O DI para janeiro de 2021 terminou com taxa de 2,835%, ante 2,825% ontem.
Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, afirma que o contexto geral hoje foi favorável à continuidade da redução da inclinação da curva, na medida em que o exterior ajudou e Bolsonaro, ao cancelar a nomeação de Ramagem para a PF após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter suspendido, "deu uma apaziguada" nos ânimos. "Isso praticamente encerra a polêmica. O dólar também ajudou um pouco", completou. A moeda americana esteve em queda na maior parte do dia e fechou aos R$ 5,3552.
Jefferson Lima, gerente da mesa de Reais da CM Capital Markets, lembra que nos últimos dias, com o fortalecimento do ministro da Economia, Paulo Guedes, ressaltado por Bolsonaro e a aproximação do presidente com os parlamentares do Centrão, a curva vem tendo grande alívio na ponta longa, a despeito do cenário fiscal desafiador. "E hoje tivemos ainda as notícias sobre o antiviral e as declarações de Powell dando estímulo extra", disse.
Powell disse que a atividade econômica americana encolherá em "ritmo sem precedente" no segundo trimestre, mas que o Fed adotará os instrumentos de política monetária para que a recuperação da demanda agregada nos EUA ocorra da forma mais robusta possível. Ainda destacou que o Fed precisará adotar mais medidas para mitigar a recessão. "Diria que sim, ainda há mais a se fazer".
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