Brasil não chegou na armadilha de liquidez "que permita imprimir dinheiro", diz Mansueto

Publicado em 05/05/2020 13:46

BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil não chegou no ponto de uma armadilha de liquidez, com juros próximos de zero, que teoricamente poderia abrir a possibilidade de emissão de moeda (imprimir dinheiro) pelo Banco Central, afirmou nesta terça-feira o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida.

Segundo Mansueto, a fala recente do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o assunto foi "muito mais do ponto de vista teórico".

"Ele disse 'olha, se a gente chega numa situação de juro zero que você pode emitir sem nenhuma restrição inflacionária, as pessoas querem dinheiro, querem guardar dinheiro, numa situação como essa você pode financiar a dívida pública com emissão de moeda'", disse Mansueto.

"Mas a gente está muito longe disso", completou, durante transmissão ao vivo para uma consultoria política.

A declaração foi dada em meio a debates crescentes entre economistas sobre o financiamento dos gastos com a crise, via compra de títulos públicos do Tesouro pelo BC -- prática conhecida como impressão de dinheiro.

"Se precisar gastar mais 20, 30 bilhões (de reais) este ano porque a saúde precisa, vamos gastar. Não tem nenhum dogmatismo fiscal. Agora não vale a gente querer transformar os grandes problemas estruturais do Brasil como sendo um problema de falta de gasto público porque não é", afirmou Mansueto.

O secretário do Tesouro destacou que não haverá dificuldade de vender títulos públicos ao mercado se os juros caírem "porque título é preço".

"Quando os juros caem, bolsa cai, investidor olha para várias oportunidades de investimento", afirmou ele.

"O que pode acontecer é o investidor falar que quer um preço um pouquinho maior. Mas isso tudo faz parte do processo. Eu não tenho nenhum problema de financiar a dívida pública", frisou.

Na semana passada, Guedes havia dito que o Banco Central pode sim emitir moeda em meio à crise com o coronavírus e que um bom economista não tem dogma.

"Realmente você cair numa situação em que a inflação vai praticamente para zero, juros colapsam e existe o que a gente chama de armadilha da liquidez tecnicamente, o Banco Central pode sim emitir muito uma moeda e pode sim inclusive comprar dívida interna", afirmou o ministro.

FOCO NA TRAJETÓRIA DA DÍVIDA

Mansueto também disse nesta terça-feira que o eventual abandono do teto de gastos exigiria um aumento da carga tributária do país, o que não seria desejável.

Ele ressaltou que em 2020 a prioridade do governo é "salvar vidas" e que a relação dívida/PIB pode fechar o ano próxima de 90%, mas afirmou que, para os investidores, o importante é a sinalização dada para a trajetória desse endividamento. Ou seja, que não haja elevação permanente das despesas.

Mansueto afirmou, ainda, que seria positivo se o país pudesse ter um aumento de investimentos públicos, mas que isso demandaria uma redução de gastos obrigatórios.

Sobre o auxílio emergencial de 600 reais, Mansueto disse que a despesa com o programa pode chegar a até 130 bilhões de reais, ou 1,8% do PIB, considerando seu prazo atual. Uma eventual extensão do auxílio, disse, deve ser discutida "de forma adulta e transparente" com o Congresso, no momento adequado e caso isso seja necessário.

INVESTIMENTOS PRIVADOS

Para o secretário do Tesouro, o país tem boas oportunidades de investimento e que poderá atrair capital externo no pós-crise se instituir marcos regulatórios adequados.

"Se haverá ou não investimento em aeroportos, rodovias, saneamento, no setor de energia, tudo depende de construírmos marcos regulatórios adequados e atrativos", afirmou ele.

Mansueto citou que a aprovação do marco para o saneamento, em tramitação no Congresso, seria exemplo de um "bom sinal" na saída da crise.

Mansueto diz que dívida pode fechar o ano na proporção de 90% do PIB

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse nesta terça-feira, 5, que a dívida pública este ano pode fechar na proporção de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) por causa dos gastos que o governo está fazendo para combater os efeitos do coronavírus na economia. No entanto, disse o secretário, o que o preocupa não é o nível da dívida, mas a sua trajetória.

"O nível da dívida pode ser alto ou baixo, dependendo da trajetória que a sociedade escolher para ela. Se encerrarmos o ano com o Congresso aprovando o conjunto de reformas estruturantes, o Novo Marco Regulatório do Saneamento Básico, a reforma tributária, etc, 90% do PIB em dívida não será grande", ponderou Mansueto, durante participação em live organizada pela Arko Advice.

Brasil e México devem registrar contração de dois dígitos no PIB este ano, diz Capital Economics

BRASÍLIA (Reuters) - As economias do Brasil e do México devem contrair pelo menos 10 pontos percentuais este ano, disseram economistas da Capital Economics nesta terça-feira em uma das previsões mais sombrias até agora para as duas economias mais poderosas da América Latina.

Em uma nota de pesquisa intitulada "Brasil e México devem registrar contração de dois dígitos", os economistas citaram o impacto econômico cada vez mais devastador da pandemia de coronavírus e das medidas de isolamento social para combatê-lo, mas não deram previsões específicas.

BC do México diz que quedas esperadas para economia global não são vistas desde Grande Depressão

CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - O choque econômico da pandemia de coronavírus já é claramente visível na economia mexicana, e a previsão de declínios na atividade econômica global é de magnitude nunca vista desde a Grande Depressão, mostrou nesta terça-feira a ata da reunião do banco central do México.

A maioria dos membros da diretoria do banco disse que é possível observar o choque econômico na confiança dos consumidores e empresarial, nos gastos com cartão de crédito, nas encomendas à indústria, nos Índices de Gerentes de Compras, nas vendas de carros, no transporte aéreo e terrestre, na ocupação de hotéis e fluxos de turismo.

O banco anunciou em 21 de abril cerca de 31 bilhões de dólares em apoio ao sistema financeiro e cortou os custos de empréstimos, na medida mais decisiva do país até agora para ajudar a economia mexicana a superar a pandemia.

Itaú Unibanco vê um longo caminho para retomada, foca em corte de custos

SÃO PAULO (Reuters) - O Itaú Unibanco disse nesta terça-feira que os cortes de despesas no primeiro trimestre e provisões mais altas evidenciaram apenas o começo de medidas para conter os efeitos da crise, uma vez que o banco projeta uma lenta recuperação econômica após o pico da pandemia de coronavírus.

"Não temos uma avaliação da duração da crise, mas sabemos que a recuperação de nossos clientes será um longo caminho", disse o presidente-executivo, Candido Bracher, a analistas em uma teleconferência.

Ele acrescentou que a atual turbulência política pode retardar qualquer recuperação na maior economia da América Latina, à medida que investigações em relação ao presidente Jair Bolsonaro e sua família corroem sua popularidade e alimentam boatos de impeachment.

O lucro líquido recorrente do Itaú Unibanco no primeiro trimestre, que exclui itens extraordinários, caiu 43,1% em relação ao ano anterior, para 3,912 bilhões de reais, uma vez que as provisões para perdas com empréstimos dispararam, conforme o banco reportou na véspera.

O banco reservou 4,5 bilhões de reais no primeiro trimestre para possíveis perdas futuras com empréstimos e pode aumentar ainda mais as provisões nos próximos trimestres para se ajustar ao cenário econômico, disse o diretor financeiro, Milton Maluhy.

Mesmo assim, as ações preferenciais do Itaú Unibanco subiam 4,5% nas negociações no meio da manhã, entre as principais altas do Ibovespa, que avançava 1,8%.

"Achamos que o banco está bem preparado para enfrentar a crise com a maior cobertura e reservas excedentes para perdas entre seus pares e um índice de capital ainda saudável", disseram analistas da Goldman Sachs, em nota aos clientes.

As despesas operacionais do primeiro trimestre caíram 0,6% em relação ao ano anterior, e Bracher disse que o banco está comprometido com a redução dos custos nominais este ano, para ajudar a enfrentar maiores provisões e receitas de tarifas sob pressão.

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Fonte:
Reuters

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