Dólar bate recorde perto de R$ 6, mas vira e fecha em queda com BC e exterior

Publicado em 14/05/2020 17:14 e atualizado em 15/05/2020 06:25

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SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em firme queda de mais de 1% nesta quinta-feira, numa sessão marcada por volatilidade e pela aproximação da moeda da marca de 6 reais pela manhã, movimento contido pela melhora externa e por duas intervenções do Banco Central no mercado de câmbio.

Wall Street se recuperou ao longo da tarde e fechou em alta, após queda mais cedo. No Brasil, também respaldou o alívio no câmbio encontro entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Em coletiva, Maia defendeu que seja retomado o diálogo entre os Poderes e em todas as esferas da administração na busca de uma solução para a crise do coronavírus.

O dólar à vista caiu 1,37%, a 5,8202 reais na venda.

A moeda ascendeu ao longo das duas primeiras horas de pregão até bater a máxima recorde intradia de 5,9725 reais (+1,21%) às 11h05. Às 11h15, o BC anunciou o primeiro leilão do dia --oferta de até 1 bilhão de dólares em contratos de swap cambial, dos quais vendeu 890 milhões de dólares.

A cotação imediatamente perdeu força e assim ficou até por volta de 14h30, quando as compras retornaram e fizeram novamente o dólar superar os 5,92 reais perto das 16h. O BC, então, anunciou leilão de dólar à vista, colocando um total de 520 milhões de dólares.

No total, o BC vendeu 1,410 bilhão de dólares, acima dos 880 milhões de dólares da véspera.

Analistas, contudo, seguem céticos quanto a uma melhora significativa no mercado.

"Você não tem referência de preço hoje. Antes se falava de 4 reais, de 4,20, de 4,50, de 5 reais. Agora, não há a que (cotação) se apegar", disse Roberto Serra, gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos.

Ele chama atenção para o menor volume de negócios do mercado primário --por onde passa dinheiro "novo". Nas oito primeiras sessão de maio, a média diária de negociação está em 865,5 milhões de dólares, 20% abaixo do mesmo período do ano passado. "O fluxo está menor, então qualquer movimentação acaba fazendo preço", disse.

O real deprecia 31,05% neste ano, pior desempenho entre seus principais rivais, enquanto outros ativos brasileiros também sofrem diante do aumento da desconfiança de investidores estrangeiros com a situação econômica, política, fiscal e de saúde do país.

No Twitter, o economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), Robin Brooks, disse que há algo no mercado que "desgosta intensamente do Brasil", citando a saída recorde de investimentos em carteira do país.

"As saídas (de capital) do Brasil em março foram um evento com desvio padrão de -6,0, ou seja, completamente além de qualquer coisa já vista antes...", disse Brooks, comparando o fluxo negativo do Brasil com o de outros mercados emergentes.

Segundo os últimos dados disponilizados pelo Banco Central, a saída de investimentos em carteira alcançou 22,068 bilhões de dólares em março, um recorde --somando ações e renda fixa negociadas no mercado doméstico.

NY reforça reação puxada por bancos e Ibovespa fecha a 79 mil pontos em sessão volátil

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira, seguindo a reação em Wall Street, no fim de mais uma sessão volátil, conforme agentes financeiros seguem contrabalançando riscos econômicos e políticos em meio à pandemia do novo coronavírus.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,59%, a 79.010 pontos, na máxima da sessão, tendo tocado 75.696,95 pontos no pior momento. O volume financeiro somou 29,26 bilhões de reais.

A bolsa fechou com agentes financeiros na expectativa de uma bateria de resultados corporativos ainda nesta noite, entre eles o da Petrobras, após repercutir balanços conhecidos entre a noite da véspera e a manhã desta quinta-feira.

Wall Street também mostrou volatilidade, encerrando com o S&P 500 em alta de 1,15%, embora persistam receios de uma fraqueza por um período maior, com a tensão comercial EUA-China voltando ao radar.

Para o estrategista Odair Abate, da Panamby Capital, o cenário está bem complicado para o mercado brasileiro e só deve começar a se dissipar a partir do enfraquecimento da pandemia.

DESTAQUES

- BRADESCO PN e ITAÚ UNIBANCO PN avançaram 5,49% e 4,4%, respectivamente, após o Senado cancelar sessão que tinha na pauta projeto que estabelece um teto para juros de cartão de crédito e cheque especial. BANCO DO BRASIL ON subiu 4,31%.

- PETROBRAS PN caiu 1,08% antes da divulgação do resultado da companhia após o fechamento do pregão regular, mesmo com a alta dos preços do petróleo no exterior. PETROBRAS ON recuou 2,43%.

- B3 ON valorizou-se 4,59%, antes da divulgação do resultado trimestral após o fechamento do pregão, tendo de pano de fundo dados operacionais de abril, que o BTG Pactual avaliou que sugerem um segundo trimestre melhor do que as suas expectativas, principalmente em ações.

- CEMIG PN avançou 8,46%, com o índice do setor elétrico subindo 3,21%. Uma operação em avaliação no governo para apoiar distribuidoras de energia devido aos impactos do coronavírus no setor deve envolver empréstimos de até 12 bilhões de reais, segundo as estimativas atuais, disseram à Reuters três fontes com conhecimento do assunto.

- VALE ON cedeu 0,93%, acompanhando o movimento de suas pares no exterior, em sessão sem direção única no setor de mineração e siderurgia na B3, com CSN ON fechando em alta de 11,57% antes da divulgação do resultado do primeiro trimestre ainda nesta quarta-feira, após o fechamento.

- ULTRAPAR ON subiu 11,28%, mesmo após anunciar na quarta-feira que teve lucro líquido de 169 milhões de reais de janeiro a março, queda de 30% na comparação com um ano antes, uma vez que o Ebitda subiu 12,5%. No setor, BR DISTRIBUIDORA ON avançou 7,23%.

- SULAMÉRICA UNIT caiu 6,91%, após reportar forte queda no lucro do primeiro trimestre, para 79,7 milhões de reais, atingida pela desvalorização dos ativos da carteira de investimentos da companhia em renda variável, na esteira da volatilidade provocada pela pandemia do coronavírus.

- GPA ON teve um tombo de 6,26%, após prejuízo de 130 milhões de reais no primeiro trimestre, ante lucro de 126 milhões obtido na mesma etapa de 2019, refletindo impacto da compra do grupo colombiano Almacenes Éxito, que ofuscou a alta das vendas do período. O varejista vê a pandemia adiando conversões e aberturas de lojas, mas mantém planos de desinvestimento.

- AZUL PN perdeu 5,61%, após prejuízo líquido de mais de 6 bilhões de reais no primeiro trimestre, afetada pela depreciação do real e acordo com Embraer para adiamento em entrega de aviões. GOL PN subiu 3,57%. Também no radar do setor aéreo estão notícias de que a ajuda do BNDES ao segmento deve encolher para 4 bilhões de reais, menos da metade do montante inicialmente previsto.

- VIA VAREJO ON fechou em baixa de 1,31%. A dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio reportou lucro líquido de 13 milhões de reais no primeiro trimestre, ante prejuízo de 50 milhões de reais um ano antes. A queda veio mesmo com a divulgação pela companhia de que as vendas preliminares da Via Varejo em maio, incluindo o Dia das Mães, crescem 10% ante o mesmo período do ano anterior.

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Fonte:
Reuters

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