Embaixada da China exalta histórico de boa relação com o Brasil após vídeo

Publicado em 23/05/2020 10:55 e atualizado em 23/05/2020 19:24

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A Embaixada da China divulgou uma nota na noite de sexta, 22, em que exalta o histórico de boa relação biletaral com o Brasil. O texto foi publicado horas depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgar o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril de 2020, entre o presidente Jair Bolsonaro e sua equipe.

Por decisão da Corte, as menções a países na reunião foram mantidas em sigilo, mas o Estadão mostrou que o presidente afirmou que o serviço secreto chinês teria agentes infiltrados em ministérios brasileiros. Outra menção à China se deu na fala do ministro Paulo Guedes, da Economia. Ele defendeu que o país asiático deveria financiar um "Plano Marshall" para ajudar todo mundo que foi atingido pela pandemia do coronavírus.

A embaixada não faz nenhuma menção à reunião divulgada pelo STF em sua nota. "A China mantém-se com o maior parceiro comercial do Brasil há onze anos consecutivos e é uma das principais fontes de investimento estrangeiro no país", disse a embaixada. "A relação bilateral na área econômica e comercial sempre tem sido norteada pelos princípios de respeito recíproco, igualdade, benefício mútuo e cooperação ganha-ganha e tem contribuído efetivamente para o crescimento conjunto de ambas as partes, trazendo benefícios reais para os dois povos."

A embaixada falou da atuação da China em meio à pandemia do coronavírus. "Com abertura e transparência e alto senso de responsabilidade, a China notificou as informações atempadamente à OMS e a outros países como o Brasil, compartilhou, sem reservas, experiências de prevenção, controle, diagnóstico e tratamento e engajou-se na cooperação internacional para combate à pandemia. Atitudes como essas receberam alto apreço da ONU, da OMS e da comunidade internacional em geral."

A declaração de Bolsonaro sobre a China na reunião se deu enquanto ele falava de seus ministérios. "É uma realidade. Não adianta esconder mais, tapar o sol com a peneira, né? Tem, não é… em vá… em alguns ministérios têm gente deles plantando aqui dentro, né? Então não queremos brigar com os chineses (cortado pelo STF), zero briga com a China (cortado pelo STF). Precisamos deles para vender? Sim. Eles precisam também de nós."

O presidente não deixa claro o que o leva a acreditar que o serviço secreto chinês infiltrou agentes no governo brasileiro bem como não diz quem seriam os espiões a serviço daquela nação. "Devemos nos aliar com quem tem umas afinidades conosco. Pra gente poder fazer valer a nossa vontade."

Já Guedes demonstrou desconforto com o fato de que integrantes do governo chamarem de "Plano Marshall" o programa Pró-Brasil. Na visão de Guedes, chamá-lo assim é "um desastre" e revela "a falta de compreensão das coisas", e então cita a China, em mais um momento mantigo em sigilo pelo STF. "Plano Marshall, por exemplo, os Estados Unidos podem fazer um Plano Marshall para nos ajudar. A China, (cortado pelo STF), deveria financiar um Plano Marshall para ajudar todo mundo que foi atingido. Então a primeira inadequação, a gente tem que tomar muito cuidado é o seguinte, é o plano Pró-Brasil".

 

China "é aquele cara que você sabe que tem que aguentar", diz Guedes em reunião

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou em reunião ministerial que a China é, para o Brasil, "aquele cara que você sabe que você tem que aguentar", ressaltando que, apesar de os dois países estarem em polos geopolíticos diferentes, o gigante asiático é o principal mercado das exportações brasileiras.

"A China é aquele cara que você sabe que você tem que aguentar, porque para vocês terem uma ideia, pra cada um dólar que o Brasil exporta pros Estados Unidos, exporta três pra China", disse Guedes.

"Você sabe que ele é diferente de você. Você sabe quegeopoliticamente você está do lado de cá. Agora, você sabe o seguinte, não deixa jogar fora aquilo ali não porque aquilo ali é comida nossa. Nós estamos exportando para aqueles caras", disse Guedes.

O ministro falou sobre o tema em reunião ministerial em 22 de abril, cujo conteúdo foi tornado público nesta sexta-feira pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello.

"Não vamos vender pra eles ponto crítico nosso, mas vamos vender a nossa soja pra eles. Isso a gente pode vender à vontade. Eles precisam comer, eles precisam comer", disse Guedes.

Em outro momento, ao criticar o fato de um programa de retomada da economia do governo ter sido comparado ao Plano Marshall --planos dos EUA para recuperação da Europa depois da Segunda Guerra Mundial--, Guedes disse que a China deveria fazer uma plano Marshall para lidar com as vítimas do coronavírus.

"A China...deveria financiar um Plano Marshall para ajudar todo mundo que foi atingido", disse o ministro.

CASSINOS

Após o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, ter falado na reunião sobre a necessidade de discutir resorts integrados com cassinos, no âmbito do planejamento da retomada, Guedes avaliou não haver problema nenhum e frisou que esses empreendimentos atraem milhões de turistas em outros países do mundo.

"É um centro de negócios. É só maior de idade. O cara entra, deixa grana lá que ele ganhou anteontem, ele deixa aquilo lá, bebe, sai feliz da vida. Aquilo ali não atrapalha ninguém", disse.

"Ô Damares. Damares. Damares. Deixa cada um ... Damares. Damares. O presidente, o presidente fala em liberdade. Deixa cada um se foder do jeito que quiser. Principalmente se o cara é maior, vacinado e bilionário. Deixa o cara se foder, pô! Não tem ... lá não entra nenhum, lá não entra nenhum brasileirinho", completou ele.

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, então sinalizou que poderia anuir "se a CGU (Controladoria Geral da União) tiver como controlar a entrada e a saída do dinheiro", para impedir a lavagem de dinheiro nos estabelecimentos.

APRENDIZES EM QUARTÉIS

Guedes citou ainda, durante a reunião ministerial, uma medida em estudo para jovens aprendizes serem absorvidos em quartéis mediante o pagamento de uma bolsa de 200 reais, equivalente ao Bolsa Família, dentro de plano para retomada da economia no pós-coronavírus.

Guedes afirmou ter conversado sobre o assunto algumas vezes com o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e que um programa do tipo teria o custo de 200 milhões de reais por mês, para atender 1 milhão de jovens.

"Faz ginástica, canta o hino, bate continência. De tarde, aprende, aprende a ser um cidadão, pô! Aprende a ser um cidadão. Disciplina, usar o tempo construtivamente, pô! É voluntário pra fazer estrada, pra fazer isso, fazer aquilo", disse o ministro, conforme transcrição do encontro.

"Então, nós vamos pegar na reconstrução, nós vamos pegar um bilhão, dois bilhões (de reais) e contrata um milhão de jovens aqui. A Alemanha fez isso na reconstrução", completou ele.

PRIVATIZAÇÃO DO BB

Em outro momento da reunião, Guedes também afirmou que o Banco do Brasil seria um "caso pronto de privatização", por não ser 100% público como Caixa Econômica Federal e BNDES. Nessa condição, o governo não pode utilizá-lo para implementar suas políticas já que o interesse dos minoritários privados também está em jogo.

"É um caso pronto e a gente não tá dando esse passo. Senhor (presidente) já notou que o BNDES e a Caixa que são nossos, públicos, a gente faz o que a gente quer. Banco do Brasil a gente não consegue fazer nada e tem um liberal lá. Então tem que vender essa porra logo", disse Guedes.

Depois de Guedes ter pedido para o presidente do BB, Rubem Novaes, confessar o seu sonho e de o presidente Jair Bolsonaro ter pedido para ele fazer isso somente em 2023 --depois do fim do seu mandato, portanto--, Rubem respondeu rindo que o BB estaria pronto para um programa de privatização.

"Isso aí só se discute, só se fala isso em vinte e três, tá?", emendou Bolsonaro.

 

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Fonte:
Estadão Conteúdo

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