Shoppings e comércio da cidade de SP poderão reabrir com restrições a partir de segunda-feira

Publicado em 27/05/2020 19:08

SÃO PAULO (Reuters) - Os shoppings centers e o comércio da cidade de São Paulo poderão reabrir com restrições durante 15 dias a partir de 1º de junho, de acordo com plano de reabertura gradual da economia do Estado de São Paulo anunciado nesta quarta-feira pelo governador João Doria (PSDB), pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) e por secretários estaduais.

De acordo com o plano, que prevê normas para afrouxamento das regras adotadas vigentes até 31 de maio para frear a disseminação do coronavírus, a cidade de São Paulo se enquadra na fase 2 da reabertura, que permite também o funcionamento com restrições de escritórios, atividades imobiliárias e concessionárias de veículos.

O prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), disse que a prefeitura começará discussões com os setores no dia 1º de junho e que a abertura de fato dos negócios autorizados na cidade deve ocorrer posteriormente.

"Nós iremos detalhar como isso vai ser feito, mas já adianto que, a partir do dia 1º, nós vamos começar a receber as propostas de acordo setorial. Essas propostas vão ser validadas pela Vigilância Sanitária do Município e, somente quando assinadas entre a entidade representativa de todo o setor e a Prefeitura, é que o setor poderá reabrir na cidade de São Paulo”, afirmou.

As cidades da região metropolitana da capital foram enquadradas na fase 1 da reabertura, que permite apenas o funcionamento --além das atividades consideradas essenciais-- da indústria não essencial e da construção civil. O mesmo aconteceu com as regiões da Baixada Santista e de Registro, que também não terão qualquer flexibilização nas regras atuais neste momento.

O plano, anunciado em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual, prevê a reabertura da economia paulista em cinco fases. As regiões do Estado avançarão para a fase seguinte de acordo com a melhora em critérios como o crescimento de casos de Covid-19, doença respiratória provocada pelo novo coronavírus, e a disponibilidade de leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) para tratar a doença.

Doria disse que a nova fase da quarentena em São Paulo, que batizou de "retomada consciente", acontecerá até o dia 15 de junho, mas alertou que as autoridades do Estado podem voltar atrás se os índices da pandemia piorarem.

"É uma nova fase, uma nova prática, que vai permitir em alguns locais, em algumas áreas, uma retomada gradual e segura de atividades", disse o governador.

"Quero alertar, no entanto, que a retomada consciente parte do princípio da colaboração de todos e da ajuda conjunta. Mas parte também do princípio que nós estaremos monitorando dia a dia a evolução do processo e o respeito à ciência e à medicina. Se tivermos que dar um passo atrás, se tivermos que retomar medidas que agora estaremos flexibilizando gradual, parcialmente, de forma heterogênea, não hesitaremos em fazê-lo para proteger vidas."

PROTOCOLOS

No início deste mês, quando Doria anunciou a prorrogação da quarentena no Estado até 31 de maio, o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo e presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, estabeleceu três regras para a flexibilização da quarentena: isolamento social mínimo de 55%, taxa de ocupação de leitos UTIs de no máximo 60% e 14 dias de queda sustentada no número de novos casos.

São Paulo é, de longe, o Estado que mais tem casos confirmados e mortes por Covid-19 no Brasil. De acordo com a Secretaria de Saúde estadual, são 89.483 diagnósticos da doença com 6.712 mortes. Na capital, segundo a secretaria municipal de Saúde, são 51.852 casos, com 3.421 mortes.

Números da secretaria estadual apontam para uma taxa de ocupação de leitos de UTI de 73,3%. Na capital, de acordo com a secretaria municipal, esse índice é de 85%. A última vez que o índice de isolamento social no Estado chegou ao patamar de 55% foi no último domingo, segundo dados do governo estadual, que apontaram taxa de 47% na terça. Na capital, o isolamento foi de 57% no domingo, caiu para 53% na segunda e voltou a ser reduzido, dessa vez para 49% na terça.

O prefeito Bruno Covas disse que haverá uma entrevista coletiva para informar quando os setores contemplados com a reabertura na capital poderão propor protocolos de funcionamento.

"Nós vamos explicar de que forma, a partir de quando, os setores vão poder apresentar à prefeitura os seus protocolos, que serão validados pela vigilância sanitária do município, assinados com o prefeito da cidade, para que eles possam retomar a sua atividade econômica", disse o prefeito.

De acordo com Covas, a prefeitura ampliou a oferta de leitos de UTI e adotou medidas que aumentaram o isolamento social na capital o que, segundo ele, permitiu um achatamento da curva da pandemia na cidade e abriu espaço para a flexibilização.

O professor Gonzalo Vecina Neto, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, manifestou estranheza com o anúncio desta quarta e disse que, por ora, as três regras anunciadas pelas autoridades de saúde do Estado no início do mês --que considerou adequadas-- não estão contempladas na capital paulista.

"Eu não entendi que as três regras foram alcançadas pelo município de São Paulo", disse Vecina Neto à Reuters. "Se ele está supondo que vai alcançar, aí são outros quinhentos. Se alcançar, ok. Se não alcançar, os mortos vão ficar no colo dele", afirmou o professor, que também é ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ele apontou, também, a necessidade de se fazer mais testes para detecção da Covid-19.

Após o anúncio da reabertura gradual, que incluiu a volta do funcionamento de concessionárias na capital, ações de siderúrgicas, que fizeram grandes cortes de produção desde o início da pandemia no país por causa na queda da demanda por aço de setores como o de veículos, estavam entre as maiores altas do Ibovespa nesta tarde. Usiminas saltava 15,9% e Gerdau e CSN disparavam cerca de 11%. O Ibovespa subia 2,33% às 16h28.

Além da capital paulista, regiões importantes do interior do Estado --como Campinas, Ribeirão Preto, Sorocaba e Taubaté-- também foram enquadradas na fase 2 do plano de reabertura.

Na fase 3, que inclui bares e restaurantes também com restrições, foram enquadradas as regiões de Presidente Prudente, Araraquara/São Carlos, Bauru e Barretos.

Nenhuma região do Estado foi enquadrada na fase 4, que engloba academias de ginástica, ou na 5, que prevê a abertura de todos os setores desde que sejam seguidos protocolos de saúde. As quatro primeiras fases do plano não preveem o funcionamento de espaços públicos, de teatros e cinemas e a promoção de eventos em geral que envolvam a aglomeração, incluindo os esportivos.

Plano de retomada da economia em São Paulo terá cinco fases (Agencia Brasil)

O plano de retomada da economia em São Paulo, de atividades consideradas não-essenciais, terá cinco fases. As cinco fases do programa vão do nível máximo de restrição de atividades não essenciais (vermelho) a etapas identificadas como controle (laranja), flexibilização (amarelo), abertura parcial (verde) e normal controlado (azul).

Segundo o governo paulista, a classificação pretende assegurar atendimento de saúde à população e garantir que a disseminação do novo coronavírus esteja em níveis seguros para modular as ações de isolamento.

O Plano São Paulo será feito de forma gradual, heterogêneo e regionalizado e foi chamado pelo governador do estado, João Doria, de "retomada consciente". A retomada terá início no dia 1º de junho, mas somente para as regiões do estado que estiverem em fases diferentes da fase 1, de alerta. Enquanto isso, a quarentena em todo o estado foi ampliada até o dia 15 de junho, mas agora com há possibilidade de que mais setores possam começar a reabrir, dependendo da região do estado em que estiverem inseridos.

Cada uma das 17 regiões do estado foram colocadas em uma das fases, seguindo critérios que envolvem a capacidade hospitalar e a evolução dos casos de covid-19.

Mapa das fases de relaxamento da quarentena segundo DRTs de São Paulo.
Mapa das fases de relaxamento da quarentena segundo DRTs de São Paulo - Agência Brasil

O plano, segundo o governo paulista, foi elaborado por autoridades estaduais em sintonia com especialistas do Centro de Contingência do Coronavírus e do Comitê Econômico Extraordinário que atuam voluntariamente em apoio ao governo. Os eixos principais das cinco fases de reabertura também foram discutidos com prefeitos e representantes de diversas associações comerciais e empresariais. O plano estabelece cerca de 60 protocolos e 500 diretrizes com recomendações para os setores econômicos, que poderão ser consultados em pelo site.

Com o plano, prefeitos irão conduzir e fiscalizar a flexibilização dos setores.

Na fase 1, vermelha, que é a fase de contaminação e de abertura somente de setores considerados essenciais [logística, segurança, abastecimento e saúde], encontram-se as cidades que compõem as regiões da Baixada Santista, de Registro e da Grande São Paulo, com exceção da capital paulista. Por isso, essas cidades continuarão em quarentena até pelo menos o dia 15 de junho e não poderão dar início à retomada econômica neste momento. Nessas três regiões, o sistema de saúde está pressionado por altas taxas de ocupação de UTI e avanço de casos confirmados de pacientes com covid-19.

Já a capital paulista foi colocada na fase 2, laranja, de controle, e já poderá dar início à abertura controlada de shoppings centers, comércio, imobiliárias e concessionárias. Na fase 2 encontram-se também as regiões de Campinas, Taubaté, Piracicaba, São João da Boa Vista, Ribeirão Preto, Franca, São José do Rio Preto, Araçatuba, Marília e Sorocaba. Segundo o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, a abertura na capital não deve ser iniciada no dia 1º de junho, já que a prefeitura vai começar a receber, a partir deste dia, propostas dos setores para como deve ocorrer a abertura. “Só quando essas propostas estiverem assinadas é o que o setor poderá reabrir. A partir do dia 1º de junho, a discussão começa a ser ativada na prefeitura de São Paulo”.

"A fase 2 é de controle, onde temos ainda medidas restritivas mas já é possível iniciar uma flexibilização com medidas mais restritivas em alguns setores com menor risco à saúde", disse Patricia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico. "Na fase 2, já iniciamos uma abertura com restrições de atividades imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércio e shopping center. A ideia é que isso seja feito com restrição de fluxo de horários e também com medidas rígidas de distanciamento. No caso de shopping center, fluxo em torno de 20% da capacidade original, respeitando distanciamento de um metro e meio e funcionamento com horário reduzido de quatro horas nessa etapa e limitação do uso da praça de alimentação".

Na fase 3, amarela, de flexibilização, poderão ser abertos também salões de beleza e bares e restaurantes. Mas sempre obedecendo critérios que foram estabelecidos pelo governo paulista e que serão pactuados pelas prefeituras e as entidades e associações setoriais. Nesta fase se encontram as regiões de Bauru, Araraquara/São Carlos, Barretos e Presidente Prudente.

Nenhuma região do estado ainda se encontra nas fases 4 ou 5. A fase 4, verde, de abertura parcial, prevê ainda a liberação de academias. Na fase 5, azul, de normal controlado, serão abertas todas as atividades econômicas do estado, inclusive cinemas, teatros e eventos esportivos, por exemplo. “Incluímos uma quinta fase pela razão de que, infelizmente, enquanto não houver vacina ou a cura da doença, teremos que conviver com o que chamamos de normal controlado. Quando chegarmos nessa fase, de tudo em funcionamento, sem cura ou vacina, ainda será um funcionamento com medidas rígidas de higiene e de distanciamento social”, disse a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen.

Fases quarentena SP
Fases quarentena SP - Agência Brasil

O Plano SP não previu como será a retomada das escolas e das aulas. Isso, segundo o governador, ainda está em fase de estudo e será anunciado em breve.

Cada uma das fases é determinada pelo acompanhamento semanal da média da taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivas para pacientes contaminados pelo coronavírus e o número de novas internações no mesmo período. Uma região só poderá passar a uma nova etapa após 14 dias do faseamento inicial, mantendo os indicadores de saúde estáveis. Caso haja redução dos níveis, a região poderá voltar a uma fase anterior.

Edição: Valéria Aguiar

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters/Agencia Brasil

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

1 comentário

  • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

    é óbvio que são Paulo é o estado com mais casos do Brasil, esse numero absoluto distorce uma realidade... no caso, São Paulo é o estado mais populoso da nação e o terceiro mais denso (habitantes por km quadrado).

    1
    • Rafael Antonio Tauffer Passo Fundo - RS

      E agora, no momento mais forte da pandemia, o governador (super gestor) Dória começa a fazer a reabertura da economia em S. Paulo. Isso sim é hipocrisia.

      2