Bolsonaro: lamentável PF entrar em casa às 7h da manhã e fazer busca e apreensão

Publicado em 28/05/2020 21:52

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O presidente Jair Bolsonaro comentou nesta quinta-feira, 28, a operação feita pela Polícia Federal (PF) com autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo ele, o cumprimento das diligências foi algo "lamentável" por atingir "gente de bem". Ao todo, 29 pessoas foram alvo da operação. As falas do presidente aconteceram em transmissão ao vivo na página do Facebook de Bolsonaro.

"Houve uma operação da PF ontem, 29 pessoas, a maioria delas sofreram busca e apreensão, hoje pela manhã eu falei sobre isso. O que é bom quando você se expressa é porque você se coloca no lugar da pessoa que sofre esse ato. Imagina se eu fosse um capitão da reserva com atividades bastante assíduas nas redes sociais. De repente, seis da manhã chega a PF para fazer busca e apreensão. São gente de bem, pessoas que me apoiam, apoiam a política que a gente tem, são conservadores, respeitam a família, são armamentistas, defendem o livre mercado, são pessoas normais", disse Bolsonaro.

Na sequência o presidente mostrou para a câmera algumas notas de sites e postagens de influenciadores aos quais classificou como "fake news".

'Terrível essa desgraça que fizeram do fecha tudo'

Sobre as medidas de quarentena para conter o avanço do novo coronavírus, Bolsonaro disse que foi "terrível a desgraça que fizeram de fecha-tudo". O presidente voltou a reforçar que é preciso cuidar "das vidas e do emprego" e disse que a economia "não vai voltar de uma hora pra outra".

Bolsonaro afirmou também que esteve em contato com representantes do setor lojista e que tem visto que "alguns Estados estão abrindo shoppings mas com restrição". "Os caras falam o seguinte: Se eu abro a loja aqui no shopping, vou começar a pagar aluguel, os impostos, e condomínio integral, e da forma como tem sido proposta, não tem como a gente faturar o suficiente para pagar", relatou Bolsonaro.

Bolsonaro: Ordens absurdas não se cumprem, temos que botar limite nessas questões

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira, 28, que "ordens absurdas não se cumprem". A declaração foi feita um dia depois da realização de operação da Polícia Federal que teve como alvos pessoas ligadas a Bolsonaro. Em ação da PF, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), empresários, políticos e blogueiros aliados do presidente tiverem celulares e computadores recolhidos, como parte do inquérito que apura ataques e fake news contra ministros do Supremo.

"Nunca tive a intenção de controlar a PF, pelo menos isso serviu para mostrar ontem. Mas, obviamente, ordens absurdas não se cumprem e nós temos que botar um limite nessa questões", declarou.

Na terça-feira, 26, Bolsonaro chegou a parabenizar a corporação pelas buscas da Operação Placebo feitas na residência oficial do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), desafeto político do presidente. Já nesta quinta-feira, Bolsonaro criticou as ações da PF por terem "humilhado pessoas inocentes" com "invasão de propriedades privadas".

"São cidadãos, homens de família, mulheres que foram surpreendidos com a PF que estava cumprindo ordem, batendo em sua casa", disse. "Me coloco no lugar de quem teve suas propriedades privadas invadidas de madrugada", afirmou.

Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, a PF cumpriu 29 mandados de busca e apreensão em endereços no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina.

Entre os alvos, estão, por exemplo, o empresário Luciano Hang, o blogueiro Allan dos Santos, do site bolsonarista Terça Livre, e o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. O ministro ainda determinou que seis deputados federais e dois estaduais sejam ouvidos em até dez dias no âmbito da investigação.

Alcolumbre se reúne com Bolsonaro e prega 'pacificação'

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto na tarde desta quinta-feira, 28, numa tentativa de esfriar os ânimos entre os Poderes. No encontro, que não estava previsto na agenda, o senador iniciou a conversa dizendo ser preciso "pacificar o País". Como resposta, ouviu que o presidente exige "respeito".

A reunião, pedida por Alcolumbre, ocorreu horas após o Bolsonaro ameaçar descumprir decisões do Supremo Tribunal Federal. Segundo interlocutores, o senador foi ao Palácio no intuito de se colocar como um "emissário da paz" e defender o diálogo para que a "corda não estique mais".

A conversa entre os dois durou cerca de 40 minutos. Ao retornar ao Congresso, Alcolumbre comentou com alguns senadores que a conversa foi "honesta e sincera".

Mais cedo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também defendeu o diálogo. "É importante que todos os poderes possam continuar dialogando. Nós começamos um encaminhamento de diálogo muito produtivo. Não podemos, em um momento de crise, desorganizar e deixar que instituições fiquem conflitando e gerando insegurança para toda sociedade. O diálogo é importante", disse Maia.

A reação dos chefes do Legislativos ocorre após Bolsonaro subir o tom do confronto com Supremo após a investigação das fake news fechar o cerco contra o chamado "gabinete do ódio", grupo de assessores do Palácio do Planalto comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho zero dois do presidente. Em operação determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news, a Polícia Federal apreendeu, nesta quinta-feira, documentos, computadores e celulares em endereços ligados a pessoas suspeitas de atacar, ofender e caluniar integrantes da Corte nas redes sociais.

Bolsonaro reagiu em tom exaltado nesta quinta-feira. "Idiotas inventaram (a expressão) gabinete do ódio. Outros imbecis publicaram matérias disso e lamento julgamento em cima disso", afirmou. O presidente voltou a criticar ministros da Corte e afirmou que "ordens absurdas não se cumprem".

Bolsonaro afirma que atendeu a alguns partidos e trocou cargos

O presidente Jair Bolsonaro disse em transmissão ao vivo no Facebook nesta quinta-feira, 28, que há dois meses tem conversado com líderes e parlamentares de partidos do Centrão para garantir a governabilidade. Bolsonaro ressaltou que não houve tratativas sobre entrega de ministérios, bancos públicos ou empresas estatais, mas que cargos de segundo e terceiro escalão têm sido negociados para garantir o apoio destes políticos ao governo.

"A imprensa sempre reclamou de mim que eu não tinha diálogo, que não conseguia atingir a governabilidade. De dois meses pra cá eu decidi que tinha que ter uma agenda positiva para o Brasil, e eu comecei a conversar com os partidos de centro também. Em nenhum momento nós oferecemos ou eles pediram ministérios, estatais ou bancos oficiais", disse o presidente.

Como exemplo das negociações, citou o Ministério do Desenvolvimento Regional, que tem uma "estrutura gigantesca", com cargos que "estavam nas mãos de pessoas de governos anteriores ao Michel Temer".

Bolsonaro disse que as negociações com os partidos do Centrão incluem também seu apoio político a candidaturas de parlamentares que buscarão a reeleição em 2022, com foco naqueles cujas bases eleitorais estão no Nordeste, "onde o PT é forte".

"Conversamos sobre as eleições de 2022. Se eu estiver bem, há interesse de alguns candidatos desses Estados terem meu apoio, Estados que nós sabemos que não vou ter poder para eleger uma pessoa indicada por nós. Eles também não ganham sozinhos, precisam de apoio de terceiros." Segundo o presidente, é necessário "somar todas as forças" para derrotar o PT. "Eu prefiro deputados desses outros partidos do que do PT. É uma questão que interessa pra mim e o apoio tem vindo. Eles têm ajudado e se sentem prestigiados", explicou.

Para alguns dos deputados, diz Bolsonaro, muitas vezes basta dizer "que o parlamentar é o dono da obra", sem a necessidade de negociar cargos. Ainda assim, argumentou, "são mais de 30 mil cargos, eu não tenho como ter acesso a tudo isso. Então a gente conversa e troca essas pessoas sem problema nenhum". O presidente garantiu que essas indicações passam "por um sistema de informações" e pesquisas sobre "a vida pregressa" dos apadrinhados.

 

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Fonte:
Estadão Conteúdo

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