Bolsonaro diz que grupos antifascistas são "marginais" e "terroristas"

Publicado em 03/06/2020 13:52

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BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro classificou de "marginais" e "terroristas", os grupos antifascismo que têm organizado manifestações pela democracia e contrárias a seu governo, acrescentando que a polícia precisa de "retaguarda legal" para agir com o crescimento "desse tipo de movimento".

Bolsonaro falou em frente ao Palácio da Alvorada a alguns jornalistas na noite de terça-feira e apoiadores que o esperavam e foi perguntado sobre o que achava das manifestações nos Estados Unidos.

"Começou aqui com os Antifas em campo, com motivo no meu entender político, diferente (dos EUA). São marginais, no meu entender, terroristas, e tem ameaçado agora domingo fazer movimentos pelo Brasil, em especial aqui no DF.

Bolsonaro repete a retórica do presidente norte-americano, Donald Trump, que foi às redes sociais acusar o Antifa --movimento antifascista que não tem nem organização, nem líderes claros, mas milhares de apoiadores e voluntários pelo mundo-- de estar por trás dos protestos contra o racismo nos Estados Unidos. Em sua conta no Twitter, retuítada por Bolsonaro, Trump disse que iria classificar o Antifas como movimento terrorista.

Em sua fala, Bolsonaro acusa o grupo de estar por trás dos protestos pró-democracia feitos por torcidas organizadas em São Paulo, no último domingo. O movimento na verdade partiu de torcidas organizadas de times de futebol da capital paulista.

Com um grupo pró-Bolsonaro também com um protesto marcado para o mesmo dia e local, a manifestação terminou em confusão e confronto com policiais militares.

Já na segunda-feira, o presidente havia dito a apoiadores que não fossem às ruas no próximo domingo. Grupos contrários ao governo têm prometido novas manifestações.

"Eu já disse que não domino, não tenho influência e nunca convoquei ninguém para ir às ruas. Eu agradeço de coração essas pessoas que estão na rua apoiando nosso governo, agora precisamos de uma retaguarda jurídica para que nosso policial possa bem trabalhar em se apresentando um crescente esse tipo de movimento que não tem nada a ver com democracia", disse.

Novos protestos contra o governo estão sendo organizados para este final de semana em São Paulo e outras capitais.

Bolsonaro classificou as manifestações contra seu governo de "terrorismo", e usou os protestos que aconteceram no Chile, no início deste ano, como exemplo do que não quer que aconteça.

"Isso não pode chegar aqui, não podemos deixar que o Brasil se transforme no que foi há pouco tempo o Chile, não podemos admitir isso daí. Isso não é democracia nem liberdade de expressão. Isso no meu entender é terrorismo. A gente espera é que esse movimento não cresça, porque o que a gente menos quer é entrar em confronto com quem quer que seja", disse.

Sobre os movimentos nos Estados Unidos, Bolsonaro afirmou que "lá o racismo é um pouco diferente do Brasil, está mais na pele"

"Então, houve um negro lá que perdeu a vida. Vendo a cena, a gente lamenta. Como é que pode aquilo ter acontecido? Agora, o povo americano tem que entender que, quando se erra, se paga", disse, acrescentando que não quer que aconteça o mesmo tipo de protestos no Brasil.

"Logicamente que qualquer abuso você tem que investigar e, se for o caso, punir. Agora, este tipo de movimento, nós não concordamos."

Bolsonaro afirma que pode prestar depoimento pessoalmente à PF

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O presidente Jair Bolsonaro afirmou que pode prestar depoimento presencialmente à Polícia Federal no inquérito que investiga se houve interferência política na PF. Segundo Bolsonaro, o inquérito acabará sendo arquivado, mas ele prestará esclarecimentos "sem problema nenhum".

"Eu acho que esse inquérito que está na mão do senhor (ministro) Celso de Mello (do Supremo Tribunal Federal) vai ser arquivado. A PF vai me ouvir, estão decidindo se vai ser presencial ou por escrito, para mim tanto faz. O cara, por escrito, eu sei que ele tem segurança enorme na resposta porque não vai titubear. Ao vivo pode titubear, mas eu não estou preocupado com isso. Posso conversar presencialmente com a Polícia Federal, sem problema nenhum", disse o presidente na noite de terça-feira, 2, no Palácio da Alvorada.

Na semana passada, a PF afirmou em documento enviado ao STF que "mostra-se necessária a realização" do depoimento que apura se houve ingerência por parte dele, baseado em acusações do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro. Nesta terça, 2, o procurador-geral da República, Augusto Aras, manifestou-se favorável ao depoimento.

Após a polêmica do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, tornado público por decisão judicial que faz parte do inquérito, Bolsonaro afirmou que o próximo encontro será aberto à imprensa.

Ministério da Segurança

Na mesma entrevista, Bolsonaro voltou a dizer que tem intenção de desmembrar o Ministério da Segurança Pública do Ministério da Justiça. Como mostrou o Broadcast/Estadão (sisteam de notícias em tempo real do Grupo Estado), Bolsonaro está decidido a recriar a pasta, mas estuda o melhor momento. Nesta quinta, 4, ele deve se reunir com a bancada da bala para tratar do assunto, que faz lobby para que a decisão seja tomada até julho.

A jornalistas, Bolsonaro não quis se comprometer com a indicação do ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF) para o comando do novo ministério. "Não vou dizer que seja ele nem que não seja. Sou amigo do Fraga desde 1982. Ele está livre de todos os problemas que teve aí, é um grande articulador. Ele é cotado, mas nada de bater o martelo não", declarou.

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Fonte:
Reuters

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