Ibovespa se realinha a NY após feriado e fecha semana no vermelho

Por Peter Frontini
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuou nesta sexta-feira, refletindo o movimento negativo de ativos globais na véspera, dia em que a bolsa brasileira não abriu por conta do feriado de Corpus Christi, além de uma realização de lucros após o recente rali das ações.
Com a queda, o índice voltou a fechar uma semana no vermelho, após subir nas três últimas semanas, período no qual acumulou alta de 22%.
O Ibovespa caiu 2%, a 92.795,27 pontos. O volume financeiro da sessão somou 35,5 bilhões de reais. O índice encerrou a semana com queda de 1,95%.
A sessão foi bastante volátil, com investidores tentando encontrar referência para os preços, já que a B3 ficou fechada na véspera, quando os índices de Wall Street tiveram o maior tomo diário desde março, em meio a temores de uma segunda onde de Covi-19 nos Estados Unidos.
Como as bolsas esboçaram reação nesta sexta, as perdas por aqui foram limitadas, mas escorregaram mais quando os índices norte-americanos chegaram a operar no vermelho. No pior momento, o Ibovespa chegou a cair mais de 4%. No fim, os três principais índices de Nova York subiram, com o S&P 500 avançando 1,3%.
Para Daniela Casabona, sócia da FB Wealth, a expectativa era de queda mais acentuada aqui, mas diante da correção das bolsas norte-americanas, "o Ibovespa conseguiu conter um pânico maior, então de certa forma o feriado favoreceu nosso mercado."
Os temores sobre a retomada da economia, após o impacto da pandemia, estão sendo amenizados pelo "otimismo advindo da certeza de que os bancos centrais e governos continuarão a dar suporte aos mercados financeiros e acionários", afirmou Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
Uma pesquisa da Reuters apontou que a taxa básica de juros do Brasil deve cair para a mínima de 2,25% ao ano na próxima quarta-feira, com o BC ampliando o esforço emergencial para revigorar a economia.
A recuperação da economia do país após a pandemia deve ser mais lenta do que o esperado anteriormente, afirmou o estrategista da Terra Investimentos, Marco Harbich.
"Ao contrário da expectativa do mercado, a retomada da economia não será em 'V', seguirá bastante lenta a partir do quarto trimestre deste ano", afirmou, acrescentando que prevê uma queda de 6,3% no PIB do Brasil este ano.
DESTAQUES
- PETROBRAS ON e PETROBRAS PN recuaram 3,54% e 3,74%, respectivamente, na esteira da queda do preço do contrato futuro do petróleo na véspera, com leve recuperação nesta sexta-feira.
- ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 1,99%. BRADESCO PN caiu 1,14% e SANTANDER BR recuou 1,35%.
- BR DISTRIBUIDORA ganhou 0,09%. A empresa divulgou na noite de quarta-feira lucro líquido de 234 milhões de reais no primeiro trimestre, queda de 50,9% ante mesmo período do ano anterior.
- CVC BRASIL ON desabou 9,44%, em linha com outras empresas ligadas a viagens, como GOL PN, que caiu 8,4% e AZUL PN, que perdeu 5,87%.
- MINERVA ON avançou 2,35%, um dos poucos destaques positivos do índice, como MARFRIG ON, que ganhou 2,22%. Também no setor, JBS ON recuou 0,5%.
Bolsa fecha em baixa de 2,00%, a 92.795,27 pontos, e perde 1,95% na semana -

Por Luís Eduardo Leal e Altamiro Silva Junior
O Ibovespa chega ao fim da semana de forma bem distinta da que começou, esfriando o otimismo da virada de maio para junho, em série positiva de sete sessões que havia recolocado no radar a possibilidade de o índice retomar antes do que se antecipava a linha de 100 mil pontos - e, assim como na escalada, o exterior mais uma vez foi o fiel da balança. No retorno do feriado, o Ibovespa emendou nesta sexta, 12, a terceira sessão negativa e retrocedeu ao menor nível desde 2 de junho, refletindo os temores que se impuseram ontem nos mercados globais, especialmente nos Estados Unidos e na Europa, quanto a uma segunda onda de Covid-19 que resulte em reversão do processo de reabertura das economias.
Tal revés é especialmente sensível para o Brasil, na medida em que o País ainda mantém curva ascendente para a doença e, nesta semana, estados como São Paulo e Rio intensificaram as medidas de flexibilização, com a reabertura do comércio em horário parcial e escalonado. Espelhando a percepção de risco desde o exterior, o CDS de cinco anos do Brasil voltou a subir de forma mais aguda, afastando-se da marca de 200 pontos recentemente reconquistada.
O principal índice da B3 fechou nesta sexta-feira em baixa de 2,00%, aos 92.795,27 pontos, enquanto os três índices de NY conseguiram recuperação parcial após o Dow Jones ter recuado 6,90% e as perdas no S&P 500 e Nasdaq terem ficado acima de 5% na quinta-feira - hoje, a alta ficou entre 1,01% (Nasdaq) e 1,90% (Dow Jones). Ao final, as perdas do Ibovespa se mostraram bem mais acomodadas do que se chegou a indicar na mínima do dia, quando o índice foi aos 90.810,98 pontos, saindo de 94.703,26 na máxima.
Mais uma vez bem elevado, o giro financeiro de hoje totalizou R$ 35,4 bilhões, em uma semana na qual permaneceu acima de R$ 30 bilhões a cada sessão. No mês, o Ibovespa limita a alta a 6,17% e, na semana, passa a terreno negativo, em baixa de 1,95% no período, após três semanas de ganhos consecutivos e ascendentes (de 5,95%, 6,36% e 8,28%). No ano, o índice cede agora 19,76%.
"A liquidez global tende a prevalecer e isso foi o que o mercado mostrou hoje - não está com jeito de que vai realizar muito, de que vai seguir em queda", observa Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante. Na quarta-feira, "o Fed deu uma pontuada no mercado, uma baixada de bola no sentido de evitar bolhas - estava demais mesmo, dada a liquidez", que, quando muito disponível, pode resultar em excessos e distorções nos preços dos ativos, acrescenta Bevilacqua.
"Considerando o quanto Nova York caiu ontem, até que o Ibovespa resistiu bem hoje, e o fato de muito dinheiro estrangeiro já ter saído da B3 este ano acaba ajudando nessas horas", diz Matheus Soares, analista da Rico Investimentos, para quem o ajuste tende a ser um movimento de curto prazo, na medida em que ainda não há clareza, no momento, quanto a uma segunda onda da covid-19 nos EUA ou se o aumento reflete a expansão dos testes. "A evolução do coronavírus continuará a ser acompanhada de perto pelos investidores, dia a dia. Estados como Texas, Arizona e Flórida tiveram aumentos, mas é preciso seguir acompanhando", aponta Soares.
"A situação de fundo ainda é a mesma: muita liquidez global disponível, e esses recursos buscam rentabilidade em ativos, como ações, em um contexto de juros a zero ou perto disso no mundo", ressalva o analista da Rico. "A volatilidade tende a ficar por um tempo. Vale lembrar que há duas semanas ninguém acreditava em Ibovespa a 100 mil pontos, o que rapidamente se mostrou uma possibilidade", acrescenta.
Assim como na quarta-feira, as perdas na B3 se disseminaram hoje pelos setores, atingindo com especial vigor o de viagens e turismo, que vinha em recuperação com a reabertura gradual das economias. Assim, CVC fechou em baixa de 9,44%, superada apenas por IRB (-11,34%) na ponta negativa do Ibovespa, com Gol (-8,40%) e Braskem (-7,77%) pouco atrás.
Ações de commodities, bancos, siderúrgicas e de infraestrutura também tiveram perdas generalizadas na sessão, mas relativamente moderadas ao fim, com destaque para Petrobras PN (-3,74%), Usiminas (-6,97%), Banco do Brasil (-2,51%) e Cemig (-4,17%). Poucas ações do Ibovespa fecharam o dia em alta, com destaque para Minerva (+2,35%) e Marfrig (+2,22%), exportadoras de proteína que se beneficiam com a apreciação do dólar, que voltou hoje a ser negociado acima de R$ 5 - em alta de 2,17% no fechamento do spot, a R$ 5,0426, acumulando alta de 1,04% na semana. Na ponta do Ibovespa, Carrefour subiu hoje 2,72%.
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