Mais de meio milhão de empresas no Brasil fecharam na 1ª quinzena de junho por causa de pandemia

Publicado em 16/07/2020 13:57

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SÃO PAULO (Reuters) - As medidas de quarentena tomadas na tentativa de se evitar a disseminação do coronavírus geraram fechamento de 522,7 mil empresas no país, cerca de 39% do total de encerramentos registrados na primeira quinzena de junho no país, segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE.

Segundo o levantamento, do total de fechamentos pelas medidas contra a pandemia, 99% corresponderam a empresas de pequeno porte, com até 49 funcionários. Dessa parcela, praticamente metade atuava no setor de serviços, um montante de 258,5 mil estabelecimentos.

A pesquisa indica que pouco mais de seis em cada dez empresas em funcionamento no país na primeira quinzena de junho mantiveram o número de funcionários em comparação ao início de março, pouco antes das medidas de isolamento social serem adotadas em grande parte do país. Enquanto isso, 34,6% indicaram redução no quadro e 3,8% aumentaram o número de empregados.

O IBGE estima que o Brasil tinha até a primeira quinzena de junho cerca de 4 milhões de empresas, das quais 2,7 milhões estavam em funcionamento total ou parcial, 610 mil estavam fechadas temporariamente e 716 mil tinham fechado em definitivo.

Do total de empresas em funcionamento no período, 70% informaram que a pandemia teve impacto negativo, 16,2% declararam que o efeito foi pequeno ou inexistente e 13,6% disseram que o impacto foi positivo. Neste grupo encontram-se companhias como supermercados e empresas com atuação em comércio eletrônico.

"A queda nas vendas ou serviços comercializados em decorrência da pandemia foi sentida por sete em cada dez empresas em funcionamento (70,7%) na primeira quinzena de junho em relação a março, quando começaram as medidas de isolamento para combater o novo coronavírus", afirma a pesquisa do IBGE.

61,2% das empresas mantiveram número de funcionários ante março, diz IBGE

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Mais da metade das empresas em funcionamento na primeira quinzena de junho não diminuíram o quadro de funcionários em relação ao início de março, quando se agravou a pandemia do novo coronavírus no Brasil. Os dados são da Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, que integram as Estatísticas Experimentais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo a pesquisa, 61,2% das empresas em funcionamento mantiveram o número de funcionários em comparação ao início de março. No entanto, 34,6% enxugaram o quadro de trabalhadores, enquanto apenas 3,8% aumentaram o total de empregados.

Entre as 948,8 mil empresas que reduziram a quantidade de funcionários, 37,6% diminuíram em até 25% o quadro de pessoal; 32,4% dessas empresas cortaram mais de um quarto até metade do total de funcionários, e 29,7% dos estabelecimentos demitiram mais da metade dos funcionários.

Entre as empresas que adotaram alguma medida em reação aos reflexos da pandemia sobre os negócios, 91,1% afirmaram que realizaram campanhas de informação e prevenção e adotaram medidas extras de higiene em suas atividades. O trabalho domiciliar - teletrabalho, trabalho remoto e trabalho à distância - foi adotado por 38,4% das empresas, enquanto 35,6% anteciparam férias dos funcionários.

Quanto à percepção sobre a ajuda do governo no enfrentamento da crise, 32,4% empresas consideram que adotaram pelo menos uma medida com apoio governamental.

Ou seja, das empresas que adotaram alguma medida de reação à pandemia, quase 70% consideram que não tiveram apoio do governo.

Maioria das empresas não percebeu apoio dos governos na pandemia, diz IBGE

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Embora os governos das diferentes esferas (federal, estadual e municipal) tenham anunciado uma série de medidas emergenciais em combate à pandemia do novo coronavírus, a maioria das empresas que adotaram alguma ação em resposta à covid-19 não percebeu o apoio governamental, segundo dados da Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, que integram as Estatísticas Experimentais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IBGE estima que havia 4,071 milhões de empresas no País na primeira quinzena de junho, mas apenas 2,744 milhões delas estavam funcionando, mesmo que parcialmente. As demais tinham encerrado suas atividades temporariamente ou definitivamente.

Entre as que estavam funcionando, 2,674 milhões disseram ter adotado alguma medida em reação à pandemia, mas menos de um terço delas (889.455 empresas) percebeu o apoio do governo na adoção de ao menos uma dessas ações. Outras 1,855 milhão tomaram medidas alegadamente sem qualquer apoio.

O diretor de Pesquisas do IBGE, Eduardo Rios-Neto, lembra que a principal medida tomada foi a realização de campanhas de informação e prevenção ou adoção de medidas extras de higiene (mencionada por 91,1% das empresas em atividade), o que não teria necessariamente relação com governos.

Mas a percepção sobre o apoio governamental não foi universal mesmo entre as que aderiram a ações de socorro como concessão de crédito para pagamento da folha de empregados e adiamento do pagamento de impostos.

Entre as 1,221 milhão de empresas que adiaram o pagamento de impostos, mais de 587 mil (48,1%) declararam que o fizeram sem apoio governamental. Das 347,8 mil empresas que conseguiram uma linha de crédito emergencial para pagamento da folha salarial, 112,5 mil (32,3%) manifestaram que não tiveram apoio do governo nessa ação.

Segundo Alessandro Pinheiro, coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas do IBGE, as medidas de prevenção à covid são importantes, mas demandam menor esforço da empresa para concretizá-las.

Ele ressalta que a expressiva fatia de empresas que lançaram ou passaram a vender novos produtos e serviços (20,1% das que tomaram alguma medida em reação à pandemia) e alteraram método de entrega de produtos e serviços, incluindo a mudança para o online (32,9%).

"Tem a ver com uma reação mais criativa da empresa, que tem a ver com mais investimento", disse Pinheiro. "É mais pró-ativa, uma busca de alternativas e oportunidades para atenuar a queda na receita", completou.

O pesquisador do IBGE apontou que a queda nas vendas de produtos e serviços foi o efeito mais marcadamente mencionado como negativo em decorrência da pandemia.

"Isso é normal. Porque houve impacto da demanda", disse Pinheiro "O choque se deu mais rapidamente pela demanda, por conta disso esse impacto nas vendas foi o mais negativo mencionado na pesquisa", acrescentou.

O coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas do IBGE, Flávio Magheli, lembrou que a pandemia foi predominante no encerramento das atividades de médias (mencionada por 74,3% delas) e grandes empresas (100%), mas que a maioria das pequenas empresas que encerraram atividades já estava em dificuldades antes da crise despertada pela covid-19, 60,2% desse tipo de estabelecimento.

 

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Fonte:
Reuters/Estadão Conteúdo

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