Procon e OAB pedem a Guedes monitoramento das exportações após salto em itens da cesta básica

Publicado em 08/09/2020 19:54

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Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - A Associação Brasileira de Procons pediu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, o monitoramento das exportações para garantir o abastecimento interno após o aumento das vendas para o exterior ter sido apontado como um dos fatores para o expressivo aumento recente de preços de produtos da cesta básica.

Em carta encaminhada ao ministro, a entidade, em conjunto com a Comissão de Defesa do Consumidor da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e com a Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor, chamou atenção para o "aumento significativo" nos preços de arroz, feijão, leite, óleo de soja e carne.

"Estão chegando inúmeras reclamações de consumidores de todas as cidades e estados do país quanto a aumentos de mais de 80% em alguns produtos, a exemplo do pacote de arroz de 5kg, que já atinge a cifra de trinta reais em algumas localidades", disse a carta, da última sexta-feira.

Sobre o arroz, a carta menciona ainda preocupação com manifestações da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) e da Abiarroz (Associação Brasileira da Indústria do Arroz) sinalizando a alta de mais de 30% no custo da matéria-prima, além do reajuste já ocorrido em decorrência do aumento da demanda no início da pandemia de coronavírus.

"São fatores para formação de cenário ainda mais preocupante, com dimensionamento a ser estudado, também, o momento de elevada alta do dólar, o consequente favorecimento à exportação, o provável desabastecimento do mercado interno, a elevação generalizada dos preços e a crise econômica agravada ao nível de descontrole do mercado", traz o documento.

A carta faz um apelo para que haja "acompanhamento e monitoramento dos mercados, com adoção de medidas adequadas que garantam a defesa do consumidor, através do reequilíbrio entre as exportações e abastecimento do mercado interno".

Segundo dados do Ministério da Economia, as exportações de arroz sem casca, processado pela indústria de transformação, subiram 58,1% este ano até agosto na comparação com o mesmo período de 2019, totalizando 276,9 milhões de dólares.

As exportações para a África do Sul entraram no mapa, tendo chegado a 9,6 milhões de dólares, ante nenhuma venda em igual período do ano passado. As vendas para os Estados Unidos também subiram 233,2%, a 18 milhões de dólares.

Os principais destinos das vendas do produto brasileiro, contudo, foram Peru (42,6 milhões de dólares) e Venezuela (35,6 milhões de dólares). Para o Peru, as exportações subiram 28,9% e para a Venezuela, 165,5%.

As importações de arroz processado, por outro lado, caíram 11,4% nos oito primeiros meses do ano, a 135,6 milhões de dólares.

As vendas de arroz com casca, produto ligado à agropecuária, também cresceram no período, e num ritmo ainda mais acelerado: 163,7% sobre igual etapa de 2019, a 130,3 milhões de dólares. As importações recuaram 18,3% na mesma base, a 10,1 milhões de dólares.

Nesse caso, a Venezuela foi a principal compradora, com alta de 9,2%, a 47,7 milhões de dólares. Mas o maior salto foi observado nas vendas de arroz com casca à Costa Rica, com alta de 594,5% sobre janeiro a agosto de 2019, a 28,8 milhões de dólares.

Nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro disse que o governo estuda medidas, por meios dos ministério da Economia e da Agricultura, para dar uma resposta à disparada nos preços de alimentos nos mercados, mas descartou qualquer tipo de tabelamento e reiterou que tem feito um apelo aos empresários do setor para que diminuam a margem de lucro.

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Fonte:
Reuters

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1 comentário

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Ontem assisti a um video de um ativista e um trader, que também é analista (gente que está operando o próprio dinheiro no mercado). Pois bem, eles falavam sobre a volatilidade que está para vir dos lados dos EUA durante a eleição. Volatilidade significa que o dólar vai oscilar muito até outubro. Se Joe Biden ganhar vai ser outro pandemonio mundial, ele quer transformar os EUA no Brasil desejado pela esquerda tupiniquim. Eu quero acrescentar ainda nesse comentário que o uso politico da inflação pela esquerda para atacar o governo era evidente demais. Generais ramos, braga netto e o jorge oliveira são amadores perto dos ativistas e intelectuais de esquerda que já sabiam que isso ia acontecer. Guedes foi isolado, nós, a chamada direita radical, todos, fomos isolados. Quero aqui dizer ainda que graças ao meu amigo Daniel, com meu apoio, conseguimos antecipar a percepção da inflação pelo mercado através também de um sujeito chamado Fernando Ulrich, que é amigo de Hélio Beltrão. O IPCA que eles acompanhavam está muito baixo, então conseguimos que calculassem eles próprios a inflação somente nos alimentos e levaram um susto. Mesmo assim, não acreditaram e demoraram pelo menos 3 semanas até perceber que o que diziamos é certo. Continuo confiando na escola de Paulo Guedes, embora não seja a minha preferida, e acredito que, se possivel for politicamente, ele permanece no governo e de alguma forma terá os meios de contornar essa crise da qual Teresa Cristina tem uma carga de culpa muito superior a do Paulo Guedes.

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