Desalinhamento cambial se estabiliza após queda até junho, mostra FGV

O desalinhamento negativo da taxa de câmbio no Brasil diminuiu em junho ante meses anteriores, segundo atualização de estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) após a divulgação do PIB brasileiro do segundo trimestre, mas desde então esse desvio deve ter se estabilizado, sem nova redução substancial.
A taxa de câmbio efetiva real de equilíbrio ficou em junho 23,9% abaixo da sugerida pelos fundamentos. Em maio, o desvio era de 32,6%, contra 34,7% em abril e 35,5% em março --este um dos maiores desde a década de 1980.
Em 2020, o desalinhamento médio está em 22,0%. A taxa de câmbio fechou 2019 com desvio médio positivo de 6,3% --ou seja, ficou 6,3% acima do apontado pelos fundamentos, segundo o estudo elaborado por Emerson Marçal e Oscar Simões.
"A incerteza fiscal e política tem influenciado no desvio negativo em 2020", disse Marçal em entrevista à Reuters, destacando ainda os efeitos da pandemia na economia.
Segundo ele, depois de três meses de redução no desvio negativo para o câmbio, essa medida deve ter se estabilizado perto dos patamares vistos no fim de junho.
"Não vejo nenhuma grande variação no fundamento, tomando como base dados novos que já saíram. O que pode mudar é o câmbio real efetivo, que está andando meio de lado neste trimestre", disse, expressando algum ceticismo quanto a aprovação de alguma "grande reforma" no país no curto prazo.
Dentre inúmeras variáveis que podem afetar a taxa de câmbio real efetiva está a inflação, que mais recentemente voltou a acelerar no atacado.
Segundo Marçal, uma extensão desse movimento para os preços ao consumidor pode valorizar o câmbio real, reduzindo o desalinhamento cambial, mas para isso seria preciso que as taxas nominal e a sugerida pelos fundamentos econômicos não se deteriorassem.
Desde o fim de junho, o dólar acumula queda nominal de 2,5% ante o real. Em 2020, contudo, a moeda dispara 32,1%, o que faz do real a divisa de pior desempenho global neste ano.
0 comentário
Ibovespa fecha em alta e retorna aos 160 mil pontos com política e inflação no radar
Brasil vive pior crise institucional desde a democratização e 2026 ainda não deve trazer mudança profunda
Dólar tem baixa firme ante o real com cancelamento de entrevista de Bolsonaro
Taxas dos DIs fecham com baixas leves em reação positiva após Bolsonaro cancelar entrevista
STF autoriza cirurgia de Bolsonaro no dia 25 de dezembro
Ações europeias fecham em nova máxima recorde com impulso de Novo Nordisk a setor de saúde