Coronavírus: Índia supera 7 milhões de casos; Líbano decreta lockdown até 19/10

Publicado em 11/10/2020 11:11

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O número de casos confirmados de coronavírus na Índia ultrapassou 7 milhões neste domingo, com o número de novos casos diminuindo nas últimas semanas. Apesar do alerta de especialistas em saúde sobre o uso de máscara, a população segue dando sinais de fadiga da quarentena.

O Ministério da Saúde indiano registrou outras 74.383 infecções nas últimas 24 horas. Espera-se que a Índia se torne o país mais atingido pela pandemia nas próximas semanas, ultrapassando os EUA, onde mais de 7,7 milhões de infecções foram relatadas. O ministério também informou 918 mortes adicionais, levando o total de mortes para 108.334. A média de casos diários no país neste mês está em mais de 70.000 casos até agora. A Índia tem uma alta taxa de recuperação de 85%, com casos ativos abaixo de 1 milhão, de acordo com o Ministério da Saúde.

O número de pessoas que morreram de covid-19 permaneceu relativamente baixo no sul e sudeste da Ásia - da Índia ao Vietnã e Taiwan - em comparação com os países europeus e os Estados Unidos, segundo Randeep Guleria, especialista em saúde do governo. "Temos sido capazes de manter a subida da curva lenta, mas concordo que não fomos capazes de fazê-la descer agressivamente. Isso está relacionado à densidade populacional, diversidade e desafios socioeconômicos em nosso país", disse Guleria, referindo-se à crescente população da Índia de quase 1,4 bilhão.

Alguns especialistas afirmam, porém, que o número de mortos na Índia pode não ser confiável em razão de relatórios e infraestrutura de saúde deficientes e testes inadequados.

Na semana passada, o ministro da Saúde do país, Harsh Vardhan, disse que a Índia pretende fornecer vacinas para 250 milhões de pessoas até julho de 2021. Segundo ele, o governo planeja receber de 450 milhões a 500 milhões de doses de vacinas e garantirá "acesso equitativo".

Autoridades de saúde alertaram sobre o potencial do vírus se espalhar durante a próxima temporada de festivais religiosos, que é marcada por grandes reuniões em templos e distritos comerciais.

Líbano

No Líbano, o Ministério do Interior decretou um lockdown (bloqueio) a partir de amanhã, dia 12, até 19 de outubro em 169 vilas e cidades, com o fechamento de todas as casas noturnas e bares do país, em meio a um aumento acentuado de casos de coronavírus. Pubs e boates estarão fechados até novo aviso, disse o ministério.

A decisão foi anunciada uma semana depois que o ministério ordenou um bloqueio em 111 vilas e cidades, que termina na manhã de segunda-feira. Algumas dessas cidades estão incluídas nas novas restrições.

No sábado, o Ministério da Saúde do Líbano registrou 1.388 novos casos de coronavírus, elevando o total confirmado do país para 52.558 infecções e 455 mortes.

Os casos no Líbano têm aumentado desde o início de julho, quando o país afrouxou um bloqueio nacional e abriu seu único aeroporto internacional. Os números aumentaram dramaticamente após uma explosão em 4 de agosto em Beirute que matou e feriu muitos, enquanto as pessoas se reuniam em hospitais, funerais e protestos contra o governo.

 

Maioria quer que vacina para Covid seja obrigatória, mostra Datafolha

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Pesquisa Datafolha em São Paulo, Rio, BH e Recife mostra que mais de 75% dos entrevistados afirmam que querem se vacinar contra a Covid-19 assim que possível. E mais de 70% defendem a obrigatoriedade da vacinação contra a doença uma vez que um imunizante seguro e eficaz esteja disponível, de acordo com a sondagem. Nessas quatro cidades, o apoio à vacinação e à obrigatoriedade é majoritário em todos os estratos identificados pela pesquisa, que ouviu 1.092 eleitores a partir de 16 anos na capital paulista, 900 na fluminense, 800 na mineira e 800 na pernambucana nos dias 5 e 6 de outubro. A margem de erro é de três pontos percentuais em todos os casos.


O índice mais alto daqueles que declaram pretender se vacinar foi registrado em Belo Horizonte, onde 81% dos entrevistados manifestaram a intenção, patamar similar ao do Rio (80%) e de São Paulo (79%) e superior ao do Recife (75%). Os que afirmam que não vão se vacinar oscilam de 15% a 20% conforme a cidade.

Já a obrigatoriedade encontrou maior apoio dos cariocas (77%) e dos belo-horizontinos (76%), e aderência pouco menor entre recifenses (73%) e paulistanos (72%) - com estes últimos, a rejeição à obrigatoriedade bate em 27%.

No Estadão: renda básica precisa ir além do financiamento, alertam especialistas

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Nas redes sociais, Bruna Santos, de 22 anos, pediu ajuda para comprar gás e poder cozinhar para os três filhos. "Meu gás acabou há uns dias. Já meu auxílio (emergencial) só cai na semana que vem. (O dinheiro) pode ser emprestado. Devolvo quando receber, na terça-feira", dizia ela.

São pessoas como Bruna que compõem as 4,25 milhões de famílias que, em agosto, tiveram o auxílio emergencial como única fonte de renda. Se quando o Bolsa Família foi criado, em 2003, houve resistência e críticas ao programa, considerado então, por muitos, uma fórmula para parte da população se tornar dependente do Estado, hoje, quando se discute ampliá-lo aproveitando a experiência do auxílio emergencial, os economistas são praticamente unânimes em apoiar a medida.

A pandemia teve papel crucial nessa mudança de perspectiva ao deixar mais evidente o nível de desigualdade do País e a falta de proteção da população de menor renda. "Quando pessoas perdem a possibilidade de trabalhar, elas não têm nada. Por isso o auxílio emergencial foi tão importante e precisa ser discutido com mais rigor", diz a economista Lucilene Morandi, da Universidade Federal Fluminense.

Economista do Insper, Marcos Mendes reforça que o auxílio emergencial deu impulso à ideia de se ter uma renda mínima. "Reduziu-se a resistência à transferência de renda, que alguns segmentos viam como esmola. A transferência de renda é para atingir pessoas que, por mais esforço que façam, não conseguem sair da pobreza."

Nas discussões sobre como ampliar o programa - que têm mobilizado economistas, Congresso, governo e mercado financeiro em razão do risco de se furar o teto de gastos -, o financiamento tem sido o ponto central. Mas especialistas apontam outro problema que tem ficado de lado no debate: o de o Bolsa Família, usado na redução de pobreza e na coordenação de outras políticas sociais, acabar se desmantelando.

Prioridade

A família de Bruna, socorrida pelo auxílio emergencial na pandemia, era uma das dependentes do antigo programa do governo federal. Na casa dela as contas nunca fecham, mas os R$ 253 do Bolsa Família aliviam. Antes da quarentena, o marido dela tentou trabalhar como motorista do Uber. Teve mês que ganhou R$ 3 mil, mas R$ 2,2 mil foram para alugar o carro. Do que sobrou, R$ 600 foram para o aluguel da casa.

Com o afastamento social e a redução da demanda por corridas, o marido de Bruna devolveu o carro alugado e a família passou a sobreviver com o auxílio de R$ 1,2 mil. "Deixamos as contas acumular. Prioridade aqui é alimentação para as crianças e o aluguel."

Ao receber o Bolsa Família, Bruna vinha sendo acompanhada pelo governo. Suas crianças precisam estar com a vacina em dia e logo terão de frequentar a escola. Se não seguirem as regras, assistentes sociais entrarão em contato e, em último caso, ela poderá perder o benefício. Esse acompanhamento serve ainda para que o governo identifique uma oferta inadequada de serviços.

O economista Ricardo Henriques, um dos criadores do Bolsa Família e superintendente executivo do Instituto Unibanco, afirma se preocupar com a possibilidade de o programa deixar de ser um pivô para coordenação de políticas sociais e se transformar apenas em um projeto de transferência de renda.

"O Bolsa Família tem potencial para além do alívio da pobreza. Virar apenas programa de alívio de pobreza é desconstruir o acúmulo de informação que permite uma política social mais estruturada e avançada", diz.

Para a economista Monica de Bolle, professora da Johns Hopkins University, nos EUA, há um risco de "perda de foco" quando se pensa em substituir o Bolsa Família por algo semelhante ao auxílio emergencial.

"O Bolsa Família é um dos programas de redução de pobreza mais eficientes do mundo. Quando você muda os critérios de elegibilidade, você pode perder o foco e torná-lo menos eficiente", diz a economista, em referência à possibilidade de ampliação do programa de modo a incluir pessoas vulneráveis, mas que podem conseguir se inserir no mercado de trabalho.

Monica defende que a população que oscila entre a formalidade e a informalidade seja assistida por meio de um benefício entregue quando a renda ficar abaixo de certo patamar.

Benefício

A carioca Débora Ferreira, de 36 anos, seria uma das beneficiadas por esse auxílio proposto por Monica. Nos últimos meses, o auxílio emergencial foi fundamental para ela. Débora já trabalhou como assistente administrativa em uma escola mas há dois anos vende bolos para pagar as contas.

Na quarentena, a concorrência aumentou e os preços dos ingredientes subiram. As vendas de Débora caíram de R$ 1,8 mil para R$ 1 mil. "O auxílio ajudou bastante", diz a carioca que está tentando uma vaga em um mercado atacadista.

Marcos Mendes, do Insper, também sugere, ao lado de outros economistas do Centro de Debate de Políticas Públicas, a criação de um benefício para essa população vulnerável. O mecanismo seria semelhante ao do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS): a pessoa receberia um depósito mensal equivalente a um porcentual de seu rendimento, mas só poderia sacá-lo em situações específicas, como no caso de uma queda aguda de suas remunerações.

Esse benefício atenderia 5,2 milhões de famílias e a renda básica, para a população mais pobre, outras 13,2 milhões. "Quando se tem dois tipos de benefícios você pode atender mais gente com o mesmo orçamento. Sai muito mais caro transferir renda para todo mundo do que transferir para aquele que vai usá-la apenas no momento em que tiver dificuldade", diz Mendes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

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Fonte:
Estadão Conteúdo

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