Do teto ao piso: medo de descontrole fiscal derruba Ibovespa à mínima desde novembro

Publicado em 21/10/2021 17:55

Logotipo Reuters

Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - A confirmação de que o governo planeja driblar o teto de gastos para financiar seu programa de auxílio social ditou uma piora generalizada das perspectivas econômicas do país e levou o principal índice de ações brasileiras ao piso em 11 meses.

Também refletindo o receio de uma greve de caminhoneiros e ventos do exterior menos favoráveis, o Ibovespa desabou 2,75%, para 107.735,01 pontos, menor fechamento desde 20 de novembro de 2020.

A volatilidade decorrente do nervosismo com a rápida deterioração do cenário impulsionou o volume de negócios, que somou 43,4 bilhões de reais.

O movimento legislativo para "adequar" o teto orçamentário, mudando prazo de correção do teto de gastos e acomodar o auxílio a famílias de baixa renda até dezembro de 2022, foi a senha para economistas se certificarem de uma iminente piora das contas públicas, o que deve ser compensado com juros mais altos.

"Desenvolvimentos recentes na frente fiscal contaminam os preços dos ativos, prejudicam a credibilidade da política e aumentam o risco de alta para nossas perspectivas de inflação de médio prazo", afirmou o JPMorgan, prevendo que o Banco Central vai acelerar a alta da Selic nas próximas duas reuniões.

Como resposta, ações de empresas que brilharam durante a pandemia, como de comércio eletrônico e construtoras, que já vinham sendo alvos de realização de lucros, intensificaram as perdas. O mesmo se deu sobre papéis ligados a commodities, com uma derrocada dos preços do minério de ferro na China.

Por fim, o temor de uma possível greve de caminhoneiros de larga escala pressionou diretamente empresas de combustíveis, após um evento nesta manhã no Rio de Janeiro.

DESTAQUES

- AMERICANAS despencou 10,76% e MAGAZINE LUIZA perdeu 6,34%, ilustrando como ações de empresas que cresceram forte durante a pandemia têm sido fortemente alvejadas por realização de lucros.

- BANCO INTER despencou 10,7%, chegando a 50% de desvalorização desde julho. BANCO PAN retrocedeu 7,88%. GETNET desabou 19,8%, devolvendo quase todo o ganho acumulado deste sua estreia na bolsa, na segunda-feira.

- VIBRA, dona da rede de postos BR, caiu 5,17%, ULTRAPAR, dona da Ipiranga, teve baixa de 5,42%, em meio a temores sobre desdobramentos de uma paralisação de caminhoneiros. Fora do índice, RAÍZEN, dona dos postos Shell no país, recuou 3,16%.

- PETROBRAS perdeu 3,38%. A companhia divulgou resultados operacionais considerados positivos por analistas. O BTG Pactual afirmou que "outro ciclo de fortes resultados financeiros está a caminho", mas que isso deve ser eclipsado pelo ruído em torno da política de preços dos combustíveis.

- VALE cedeu 1,6%, também sob pressão dos preços de metais ferrosos na China, que despencaram devido à queda nos preços do carvão e estagnação do consumo de aço. USIMINAS tombou 5,4%, CSN perdeu 1,8%.

- BANCO DO BRASIL encolheu 4,2%, BRADESCO teve depreciação de 1,7% e ITAÚ UNIBANCO teve recuo de 1,7%, com os grandes bancos nacionais devolvendo ganhos da véspera.

-SUZANO avançou 1,65%. A produtora de papel e celulose antecipou a meta de remover 40 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera, de 2030 para 2025.

- BB SEGURIDADE subiu 0,8%, diante da perspectiva de que a carteira de títulos da seguradora seja beneficiada com um ciclo de alta de juros mais longo.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário