Indústria volta a crescer em fevereiro, mas ainda fica abaixo do nível pré-pandemia
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Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) -A indústria brasileira voltou a crescer em fevereiro depois de um tropeço no início do ano, mas ainda permanece abaixo do patamar pré-pandemia, diante das dificuldades de retomada em cenário de inflação e juros altos no país e complicações externas.
A produção industrial brasileira cresceu 0,7% em fevereiro em relação a janeiro, resultado que ficou acima da expectativa apontada em pesquisa da Reuters de ganho de 0,3%.
Entretanto, o dado divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não eliminou totalmente a queda de 2,2% vista em janeiro e, mesmo com o avanço, a indústria está 2,6% abaixo do patamar de antes do início da pandemia e 8,9% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
“Temos uma melhora na indústria, mas é algo longe de mostrar reversão de perdas ou trajetória da indústria. Ainda há desabastecimento das cadeias, aumentos de custos, juros e inflação altos, inadimplência alta, mercado de trabalho com
problemas. Isso tudo ajuda a entender o movimento da indústria", explicou o gerente da pesquisa, André Macedo.
"Pelo lado da demanda doméstica, há inflação alta, juros em elevação, mercado de trabalho ainda com contingente elevado de trabalhadores fora dele e a massa de rendimento que também não avança", completou.
Na comparação com o mesmo período do ano anterior, a produção registrou contração de 4,3%, contra projeção de queda de 5,2%.
A indústria brasileira vem encontrando grandes dificuldades para se recuperar em um ambiente de inflação e juros altos internamente e ainda desafios de oferta no exterior, com o agravante agora das incertezas provocadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
No fim de fevereiro, o governo reduziu as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 25% para todos os produtos com exceção de tabaco, numa medida com o objetivo de ajudar a conter a inflação e dar um impulso à indústria.
“O mês de janeiro também é caracterizado por ter algum grau de redução de jornadas de trabalho e pelo movimento maior de férias coletivas. Em fevereiro, há o retorno normal ao trabalho”, disse Macedo.
Em fevereiro todas as grandes categorias econômicas apresentaram crescimento na produção, com aumentos de 1,9% dos Bens de Capital, 1,6% dos Bens Intermediários e de 0,3% dos Bens de Consumo.
Entre os ramos pesquisados, 16 dos 26 apresentaram ganhos, sendo as principais influências indústrias extrativas (5,3%) e de produtos alimentícios (2,4%) -- este registrando o quarto mês seguido no azul.
(Edição de Pedro Fonseca)
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