Isenção de tributos sobre diesel favorece custos de transporte e alimentos, diz consultor
![]()
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A prorrogação pelo governo federal da isenção de PIS/Cofins sobre diesel e biodiesel até o fim deste ano favorecerá o transporte de insumos da cadeira produtiva do país, além de reduzir custos de alimentos, disse o sócio-diretor da Raion Consultoria, Eduardo Oliveira de Melo.
O ato foi feito por meio de medida provisória publicada nesta segunda-feira.
O gás liquefeito de petróleo (GLP), o chamado gás de cozinha, também ficará isento até o fim do ano. A MP zerou ainda as alíquotas dos tributos para gasolina, etanol, querosene de aviação (QAV) e gás natural veicular (GNV), mas apenas até o dia 28 do próximo mês.
"Fica claro realmente que a medida favorece transporte de carga, transporte de passageiros, ou seja, o diesel, que é o grande insumo da atividade produtiva... e isso traz um reflexo positivo", disse Melo, à Reuters.
"A meu ver é uma decisão acertada, principalmente, volto a dizer, porque privilegiou o diesel que é um item tão importante na cadeia produtiva da atividade econômica e que repercute também nos índices de inflação de uma maneira indireta, com custos de alimentos, transporte, e etc."
A decisão amplia desonerações federais realizadas no ano passado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que buscava conter a inflação, em meio a uma alta dos preços do petróleo no mercado internacional.
Já no caso da gasolina, Melo ponderou que o governo garantiu um tempo para avaliar o cenário, antes de tomar qualquer decisão mais definitiva. Segundo o consultor, talvez exista um desejo do governo cortar preços com a iminente mudança de gestão da Petrobras.
"Eu imagino que esse período de 60 dias seja suficiente para poder analisar se há a possibilidade de prorrogar talvez por um valor menor ou até mesmo extinguir a isenção dos impostos federais sobre a gasolina e o etanol", afirmou.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que uma esperada demora para a mudança na gestão da Petrobras estaria por trás da extensão da desoneração. Segundo ele, Lula quer esperar novos executivos da petroleira para tomar uma decisão sobre combustíveis.
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, por sua vez, disse que ao estender desonerações federais sobre os combustíveis neste momento o governo perdeu uma janela de oportunidade, uma vez que os preços do barril do petróleo estão mais baixos atualmente do que quando o ex-presidente Bolsonaro zerou as alíquotas no ano passado.
"Eu imaginei que ia prevalecer posição do (ministro da Fazenda Fernando) Haddad, da volta do PIS/Cofins, aproveitando que o preço do barril de petróleo caiu muito", disse Pires.
Haddad havia pedido ao governo anterior que deixasse vencer no dia 31 de dezembro a desoneração de impostos federais sobre combustíveis, mas uma das primeiras medidas do novo governo foi prorrogá-las, em meio a preocupações com impacto inflacionário.
"Seria bom para voltar a (cobrar). Ia voltar a subir na bomba, mas pouco... O governo perdeu uma janela de oportunidade."
Pires pontuou ainda que, ao decidir por estender a medida, o governo Lula poderia ter feito diferente, deixando pelo menos que a gasolina voltasse a ser tributada, já que é um combustível fóssil e a isenção tira a competitividade do etanol. Dessa forma, a medida também poderia estimular o Gás Natural Veicular (GNV), disse.
"Ambientalistas vão levantar que ele desonerou fóssil", afirmou, defendendo ainda que o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o chamado gás de cozinha, deveria ser desonerado definitivamente, devido a seu papel social.
Pires destacou ainda ver uma falha na MP, uma vez que o governo determinou a desoneração do GNV apenas até o fim de fevereiro e que talvez não tenha considerado que o combustível também é utilizado por caminhões. Em sua avaliação, o GNV para veículos pesados deveria ter o mesmo período de isenção que o diesel.
Procurado, o Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás (IBP), que representa petroleiras e as maiores distribuidoras de combustíveis do país, afirmou considerar que a concessão ou prorrogação de isenções tributárias são de competência exclusiva de Estados e da União, constituindo políticas públicas definidas pelos entes federados.
Segundo o instituto, cabe aos seus associados na área de distribuição de combustíveis "cumprirem as determinações dos agentes competentes, como agora com a decisão de prorrogação das isenções para a gasolina e o diesel".
(Por Marta Nogueira)
0 comentário
Câmara aprova texto-base com regras para IBS previsto na reforma tributária
Wall Street cai conforme investidores se posicionam para semana movimentada de dados
Ibovespa fecha em alta com Rede D'Or em destaque após dividendos; Braskem recua
Dólar fecha perto da estabilidade no Brasil em meio a fluxo de fim de ano
Taxas dos DIs têm quedas leves com influência do exterior e do IBC-Br
Gazeta do Povo: Mourão se diz preocupado com Bolsonaro por risco de morte “de um dia para o outro”