Ibovespa fecha em queda com Petrobras e fiscal apesar de alívio externo
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Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira, com o declínio das ações da Petrobras e receios sobre um novo arcabouço fiscal para o país descolando a bolsa paulista de pregões no exterior, onde prevaleceu o alívio após a aquisição do Credit Suisse pelo UBS e de uma ação coordenada de bancos centrais.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,04%, a 100.922,89 pontos, tendo atingido 100.678,84 pontos no pior momento, renovando mínima intradia desde julho de 2022. Na máxima, chegou a 102.328,44 pontos. O volume financeiro somou 19,1 bilhões de reais.
Declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltando a destacar que investimentos e avanços sociais não podem ser colocados como gastos e a defender o uso de bancos públicos para a oferta de crédito e o financiamento do desenvolvimento do país causaram incômodo em meio às discussões sobre a regra fiscal.
Em paralelo, nomes do PT voltaram a pressionar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, publicamente e nos bastidores, cobrando um texto flexível, que preveja até dose de expansionismo fiscal para estimular o crescimento econômico.
Mais cedo nesta segunda-feira Haddad afirmara que Lula orientou que os membros do governo façam reuniões com os presidentes da Câmara e do Senado, líderes partidários e economistas de fora do mercado antes da apresentação oficial do arcabouço fiscal.
Ainda assim, o ministro afirmou que torcerá para que o texto seja apresentado ainda nesta semana, antes da viagem do presidente e ministros à China - Lula embarca dia 24.
No mercado, os receios estão atrelados aos riscos de prevalecer a visão da ala política, além de um potencial atraso na definição da nova âncora fiscal, que, segundo o vice-presidente, Geraldo Alckmin, terá como base a curva da dívida, o superávit e o controle de gasto.
No exterior, Wall Street teve uma sessão positiva, com a aquisição do Credit Suisse pelo UBS apoiada por autoridades e a ação coordenada de bancos centrais trazendo algum alívio, enquanto agentes especulam sobre a decisão de juros do Federal Reserve (Fed) nesta semana, principalmente a chance de pausar a alta na taxa
"O ambiente de elevação dos riscos bancários e financeiros tornam a decisão (nos EUA) mais incerta, assim como a comunicação do Fed, que incluirá a revisão das projeções dos membros do Fomc para inflação, atividade econômica e juros", disse o Departamento de Economia do Bradesco em nota a clientes.
Além do Fed, o Banco da Inglaterra e o Banco Central do Brasil também anunciam decisões de política monetária nesta semana.
No caso do BC brasileiro, pesquisa da Reuters publicada na sexta-feira apontou que o Copom insistirá em sua postura agressiva na próxima semana, deixando a taxa Selic no nível mais alto em seis anos, ao mesmo tempo em que provavelmente afastará as esperanças de qualquer afrouxamento iminente.
Seria a quinta reunião consecutiva em que o BC manteria a Selic em 13,75%, após interromper um ciclo agressivo de alta dos juros. Mas os riscos internos altistas para a inflação persistem e os problemas recentes em alguns bancos menores dos Estados Unidos estão tornando o cenário global mais desafiador.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN recuou 2,47%, a 22,93 reais, apesar da melhora dos preços do petróleo no exterior. Na sexta-feira, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) também determinou a revogação de resolução do órgão que estabelecia diretrizes para o processo de desinvestimento de ativos de refino no Brasil, o que envolve a Petrobras. Além disso, nomes suplementares indicados ao conselho de Administração estatal poderão "entrar em campo" no futuro, afirmaram á Reuters fontes a par do assunto.
- VALE ON fechou em alta de 0,82%, a 83,41 reais, sendo um contrapeso relevante, apesar da queda dos futuros de minério de ferro na China, após o planejador estatal daquele país emitir novo alerta contra a especulação no mercado e novas restrições de produção serem impostas nas principais cidades siderúrgicas chinesas.
- ITAÚ UNIBANCO PN terminou com variação positiva de 0,26%, a 23,4 reais, mas BRADESCO PN recuou 1,73%, a 13,1 reais, ambos abandonando desempenhos mais robustos na primeira etapa da sessão.
- HAPVIDA ON caiu 8,02%, a 2,18 reais, no segundo pregão de baixa consecutivo, conforme persistem preocupações sobre a solvência da companhia e a possibilidade de um aumento de capital via emissão de ações nos níveis atuais. No setor de saúde, QUALICORP ON perdeu 6,54%, a 3,86 reais, tendo ainda como pano de fundo corte no preço-alvo pelo JPMorgan, de 12 reais para 5 reais, com manutenção da recomendação "neutra".
- SÃO MARTINHO ON avançou 4,03%, a 25,29 reais, após três quedas seguidas, em que acumulou declínio de 6,1%.
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