Dólar sobe na esteira de ganhos no exterior com incertezas geopolíticas no radar
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Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista subiu ante o real nesta segunda-feira, na esteira dos ganhos da moeda norte-americana no exterior, à medida que os mercados globais demonstraram aversão ao risco em meio às incertezas geopolíticas e na expectativa pelo simpósio de Jackson Hole, do Federal Reserve.
O dólar à vista fechou em alta de 0,66%, a R$5,4352.
Às 17h11, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,73%, a R$5,453 na venda.
O movimento do real nesta sessão teve como pano de fundo a busca dos agentes por ativos seguros, ainda em reação a uma cúpula na sexta-feira entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que acabou sem acordo para acabar com a guerra na Ucrânia.
Apesar dos relatos de progresso feitos pelas duas partes após a reunião dos líderes, não houve entendimentos concretos na cúpula ou mesmo o acordo por um cessar-fogo, deixando os mercados pessimistas quanto à possibilidade de resolução do conflito.
Os investidores monitoraram ao longo desta segunda-feira um encontro de Trump com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, conforme o mandatário norte-americano busca convencer o lado ucraniano a aceitar um acordo de paz.
Na reunião, Trump afirmou que os EUA "ajudariam" a Europa a fornecer segurança para a Ucrânia como parte de qualquer acordo para acabar com a guerra. Ele também expressou esperança de que possa haver uma reunião trilateral com Putin e o presidente ucraniano.
"Desde cedo, (o dólar) abriu com viés de alta e aí consolidou o movimento de valorização, à medida que a agenda andava, sobretudo a agenda geopolítica", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
"No último pregão, o dólar cedeu refletindo um entusiasmo com o encontro Trump-Putin. Como terminou sem acordo, acho que o mercado está então devolvendo hoje. É mais um ajuste em relação à expectativa que havia sido criada", completou.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,29%, a 98,116.
Na cotação máxima do dia, o dólar atingiu R$5,4403 (+0,76%), às 14h05. Na mínima, a moeda chegou a R$5,4013 (+0,03%), logo após a abertura.
Além da questão geopolítica, os agentes financeiros seguem atentos às perspectivas para a política monetária do Federal Reserve, de olho, em particular, no discurso do chair Jerome Powell, na sexta-feira, no simpósio econômico de Jackson Hole.
Apostas recentes de que o banco central dos EUA poderá cortar a taxa de juros em setembro gerou um movimento de fraqueza global do dólar ao longo do último mês, o que pode ser revertido caso Powell faça um discurso agressivo contra a inflação no país.
Na cena doméstica, o mercado nacional continua monitorando as tentativas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de negociar a tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros.
Pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a negociação tarifária entre os dois parceiros não está ocorrendo porque o lado norte-americano quer impor aos brasileiros uma solução "constitucionalmente impossível".
O Banco Central vendeu 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de setembro de 2025.
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