Bancos centrais são incentivados a reunir reservas em dólares enquanto ajuda do Fed é questionada
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FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) e seus pares ao redor do mundo devem reunir suas reservas para garantir liquidez em dólares, já que a ajuda do Federal Reserve não é uma certeza devido aos ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse o chefe de um influente think tank.
Adam Posen, do Instituto Peterson de Economia Internacional, disse em uma conferência do BCE nesta quarta-feira que não se deve presumir que um Fed politizado emprestaria dólares a bancos centrais estrangeiros em uma crise, como fez algumas vezes desde o colapso financeiro de 2007-2008.
Ele recomendou que o BCE e seus pares fora dos Estados Unidos reunissem suas reservas em dólares para fornecer liquidez emergencial aos bancos nacionais, se necessário. Essa opção foi levantada pelos banqueiros centrais europeus a portas fechadas.
"Seja reconhecido publicamente ou não, é preciso pensar em curto prazo sobre a junção alternativa de ativos, linhas de swap e dólares entre os principais bancos centrais e governos", disse Posen.
"Vocês terão que se unir a outros bancos centrais, e terão que começar a ser abertos... sobre ter linhas de swap alternativas", disse ele na conferência organizada pela presidente do BCE, Christine Lagarde.
No início deste ano, o Fed renovou linhas de liquidez com vários bancos centrais importantes e nunca sugeriu que encerraria essas opções.
Os banqueiros centrais que discutiram privadamente tal medida no passado disseram que o principal problema era seu tamanho.
O mercado de títulos e empréstimos em dólar emitidos fora dos Estados Unidos movimenta cerca de 25 trilhões de euros (US$29 trilhões), segundo dados do BIS. Todos os bancos centrais estrangeiros juntos têm reservas denominadas em dólar de apenas 7 trilhões de euros.
Isso significava que essas linhas de swap alternativas seriam suficientes apenas para enfrentar uma crise local, e não global, disse Posen em uma conversa após o evento.
Ele esperava que acordos regionais como a Iniciativa de Chiang Mai da Associação das Nações do Sudeste Asiático e o Fundo Monetário Árabe também desempenhassem um papel maior.
Os supervisores do BCE também disseram aos bancos que eles devem monitorar sua exposição ao dólar e outras moedas estrangeiras, temendo que as linhas de swap do Fed possam ser retiradas, enquanto os conflitos econômicos crescentes podem tornar os mercados mais voláteis.
Posen disse que o BCE deveria "pensar em tirar certas instituições sistêmicas das necessidades de liquidez em dólares no médio e longo prazo".
Já o professor do Instituto Universitário Europeu, Thorsten Beck, disse na conferência que o BCE também deveria abordar o risco de os pagamentos na zona do euro dependerem dos provedores de cartão de crédito dos EUA, Visa e Mastercard.
O BCE está desenvolvendo um euro digital para fornecer uma alternativa a esses cartões e às stablecoins denominadas em dólares.
(Reportagem de Francesco Canepa e Balazs Koranyi)
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