Taxas curtas dos DIs sobem sob influência de julgamento de Bolsonaro e Treasuries

Publicado em 09/09/2025 16:43

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Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O receio de que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal possa gerar mais medidas de retaliação dos EUA contra o Brasil sustentou as taxas dos DIs nesta terça-feira, em movimento favorecido ainda pela expectativa com a divulgação do IPCA de agosto na quarta-feira e pelo avanço dos rendimentos dos Treasuries.

Na reta final da sessão, com o mercado já esvaziado, as taxas com prazos mais longos viraram para o negativo, mas as curtas seguiram em alta.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2027 estava em 13,965%, em alta de 4 pontos-base ante o ajuste de 13,924% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,275%, com avanço de 3 pontos-base ante o ajuste de 13,241%.

Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2032 estava em 13,595%, ante 13,603% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2035 tinha taxa de 13,67%, em baixa de 3 pontos-base ante 13,703%.

A retomada do julgamento de Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado manteve a cautela entre os agentes, em meio ao receio de que o presidente dos EUA, Donald Trump, possa anunciar novas medidas contra o Brasil. Isso porque um dos motivos alegados por Trump para tarifação de 50% dos produtos brasileiros foi o processo contra Bolsonaro no STF.

“Os investidores estão um pouco apreensivos, porque a qualquer momento pode surgir alguma medida de retaliação dos EUA”, comentou durante a tarde Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, destacando que o relator do processo no STF, ministro Alexandre de Moraes, votou durante a sessão por condenar Bolsonaro e outros sete réus no processo.

Além do julgamento, Rostagno avaliou que o mercado operou sob a expectativa da divulgação dos dados de agosto do IPCA, o índice oficial de inflação, na manhã de quarta-feira.

“Embora o IPCA-15 tenha apresentado deflação em agosto, a queda foi menor que o esperado e o qualitativo não foi bom, com inflação de serviços ainda em patamares bem acima da meta”, alertou, em referência ao índice que serve como uma espécie de prévia para o IPCA.

No exterior, após os recuos mais recentes, os rendimentos dos Treasuries sustentaram ganhos durante toda a sessão desta terça-feira, o que também ajudava a impulsionar as taxas dos DIs. Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 3 pontos-base, a 4,08%.

Neste cenário, as taxas dos contratos até janeiro de 2030 terminaram em alta ante os ajustes da véspera. Perto do fechamento a curva brasileira precificava em 98% a probabilidade de manutenção da Selic em 15% no encontro da próxima semana do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

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Fonte:
Reuters

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