Dólar cai para R$5,3537 no Brasil, menor valor em 15 meses
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Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar completou a terceira sessão consecutiva de queda no Brasil e encerrou a sexta-feira no menor valor em 15 meses, a despeito de a moeda norte-americana sustentar ganhos ante as demais divisas no exterior.
A perspectiva de cortes de juros pelo Federal Reserve nos próximos meses, somada à manutenção da taxa básica Selic em 15% no Brasil, reforçava a avaliação entre os agentes de que a tendência de curto prazo para o dólar é de queda em direção aos R$5,30.
O dólar à vista encerrou a sexta-feira em baixa de 0,69%, aos R$5,3537 -- menor valor desde 7 de junho do ano passado, quando fechou em R$5,3247. Na semana, a divisa acumulou queda de 1,11% e, no ano, recuo de 13,36%.
Às 17h06 na B3 o dólar para outubro -- atualmente o mais líquido no Brasil -- cedia 0,72%, aos R$5,3760.
A moeda norte-americana chegou a oscilar em alta ante o real no início da sessão, acompanhando o sinal positivo visto também no exterior, mas rapidamente migrou para o território negativo.
Profissionais ouvidos pela Reuters ponderaram que a perspectiva de juros menores nos EUA e ainda elevados no Brasil justificava a baixa do dólar.
Em comentário enviado a clientes pela manhã, o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, pontuou que "a região de R$5,40 tem se mostrado resistente, embora o modelo aponte chance de queda em direção a R$5,30".
Para os exportadores -- interessados na venda da moeda norte-americana pelos maiores preços --, Faria Júnior destacou um "claro aumento do risco de o dólar continuar caindo".
Após o desfecho do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), com sua condenação a 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe de Estado e outros crimes, os agentes se mantinham atentos a possíveis novas medidas de retaliação dos EUA ao Brasil.
Em julho, ao definir tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, o presidente dos EUA, Donald Trump, citou como um dos motivos o julgamento de Bolsonaro, seu aliado. Na noite de quinta-feira, após a condenação, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que o país "responderá adequadamente a essa caça às bruxas".
“A tendência natural (para o dólar) é de queda ainda. Em algum momento ele vai buscar os R$5,30, mas tudo depende de Trump, que pode ou não retaliar o Brasil. É o receio em relação a Trump que ainda segura o dólar numa faixa mais próxima de R$5,40", avaliou no início da tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
Mas como nenhuma medida foi anunciada ainda nesta sexta-feira, o dólar teve caminho livre para seguir renovando mínimas ante o real. Depois de marcar a máxima de R$5,4043 (+0,24%) às 9h, na abertura, a moeda à vista atingiu a cotação mínima intradia de R$5,3445 (-0,86%) às 14h49.
O recuo firme do dólar no Brasil contrastava com o avanço visto no exterior, em um dia de ajustes técnicos. Às 17h13, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,09%, a 97,642.
Pela manhã o Banco Central vendeu US$1 bilhão em leilão de linha (venda de dólares com compromisso de recompra), para rolagem do vencimento de outubro. Além disso, vendeu 40.000 contratos de swap cambial, também para rolagem de outubro.
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