Fed dividido reduz juros em 0,25 p.p. e sinaliza pausa e um corte em 2026 conforme crescimento se recupera
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WASHINGTON, 10 Dez (Reuters) - O Federal Reserve cortou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75%, nesta quarta-feira em outra votação dividida, mas sinalizou que provavelmente fará uma pausa em outras reduções nos custos de empréstimos, conforme autoridades buscam sinais mais claros sobre a direção do mercado de trabalho e da inflação, que "permanece um pouco elevada".
Novas projeções divulgadas após a reunião de dois dias do banco central dos Estados Unidos mostraram que a mediana dos formuladores de política monetária vê apenas um corte de 0,25 ponto percentual em 2026, a mesma perspectiva de setembro, com a expectativa de que a inflação desacelere para cerca de 2,4% até o final do próximo ano, mesmo com o crescimento econômico acelerando para 2,3%, acima da tendência, e a taxa de desemprego permanecendo em 4,4%, um nível moderado.
"Ao considerar a extensão e o momento de ajustes adicionais na taxa básica, o Comitê avaliará cuidadosamente os dados que estão chegando", disse o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), que fixa os juros, em uma linguagem que, no passado, foi usada para sinalizar uma pausa nas ações de política monetária -- uma perspectiva em desacordo com as expectativas do mercado de dois cortes no próximo ano.
A decisão de reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75%, gerou três divergências, com o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, juntando-se ao presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, argumentando que a taxa de juros deveria permanecer inalterada, e o diretor do Fed Stephen Miran defendendo novamente uma redução maior, de 0,50 ponto percentual.
A evolução da política monetária a partir daqui, rumo a um ano de eleições de meio de mandato nos EUA que poderá girar em torno do desempenho da economia e com o presidente Donald Trump pedindo reduções mais acentuadas, dependerá agora dos dados que ainda estão defasados em relação ao impacto da paralisação de 43 dias do governo federal em outubro e novembro.
SÓLIDA PERSPECTIVA ECONÔMICA PARA 2026
As projeções são, de certa forma, otimistas: a taxa de juros pode permanecer mais alta do que o previsto, mas a economia é vista crescendo mais rapidamente, mesmo com a queda da inflação e a redução da taxa de desemprego.
Entretanto, o último comunicado de política monetária e as projeções foram elaborados sem o benefício de relatórios recentes sobre emprego e inflação e, em vez disso, basearam-se em "indicadores disponíveis", que, segundo as autoridades do Fed, incluem suas próprias pesquisas internas, contatos com a comunidade e dados privados.
Os dados oficiais mais recentes sobre desemprego e inflação são de setembro, e mostraram que a taxa de desemprego subiu de 4,3% para 4,4%, enquanto o indicador preferencial de inflação do Fed também aumentou ligeiramente de 2,7% para 2,8%.
O Fed tem uma meta de inflação de 2%, mas o ritmo das altas de preços tem aumentado constantemente, passando de 2,3% em abril, fato que pode ser atribuído, pelo menos em parte, ao repasse do aumento dos impostos de importação para consumidores e uma força motriz por trás da divergência na política monetária do banco central.
Os dados de emprego e inflação de novembro serão divulgados na próxima semana, seguidos posteriormente por um relatório detalhado do crescimento econômico do terceiro trimestre.
"Indicadores disponíveis sugerem que a atividade econômica tem se expandido em um ritmo moderado", disse o comunicado do Fed. "Os ganhos de empregos diminuíram este ano, e a taxa de desemprego subiu até setembro", disse, deixando de fazer referência à taxa de desemprego como "baixa."
As projeções mostraram que um núcleo de seis autoridades preferia que não houvesse cortes de juros este ano, e sete antecipavam que não haveria mais reduções em 2026.
A mediana das projeções é de um corte adicional de 0,25 ponto percentual em 2027, uma vez que a inflação continua a diminuir em direção à meta de 2% do banco central.
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