Dólar contraria exterior e sobe ante o real com política no radar
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Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO, 10 Dez (Reuters) - O dólar voltou a subir ante o real nesta quarta-feira, com as cotações ainda contaminadas pelas movimentações políticas visando a eleição de 2026 no Brasil, enquanto no exterior a moeda norte-americana cedia na esteira do corte de juros pelo Federal Reserve.
O dólar à vista fechou em alta de 0,49%, aos R$5,4675. No ano, porém, a divisa acumula perdas de 11,51%.
Às 17h02, o contrato de dólar futuro para janeiro -- atualmente o mais líquido no Brasil -- subia 0,53% na B3, aos R$5,4900.
Na abertura da sessão o dólar chegou a oscilar no território negativo, mas a moeda se fortaleceu rapidamente ainda por conta da cautela em relação ao cenário eleitoral brasileiro.
Desde o anúncio na última sexta-feira do apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, preso por tentativa de golpe de Estado, à candidatura de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL), à Presidência, os ativos brasileiros têm sido pressionados.
A visão de boa parte do mercado é de que Flávio tem menos chances que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na disputa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Neste cenário, após marcar a cotação mínima de R$5,4195 (-0,40%) às 9h08, o dólar à vista escalou até a máxima de R$5,4956 (+1,00%) às 12h39.
“Ainda existe uma aversão a risco por conta da indicação do Flávio”, comentou durante a tarde Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. “Há uma tentativa de amenizar a candidatura, com a leitura de que ela existe apenas para se conseguir a anistia ou a redução de pena para Bolsonaro, mas o fato é que Flávio não tem popularidade para bater o Lula em eventual disputa”, acrescentou.
O dólar manteve a alta ante o real até o fim da sessão, ainda que no exterior a divisa tenha cedido ante outras moedas na esteira da decisão do Fed.
O banco central norte-americano anunciou o corte de 25 pontos-base de sua taxa de referência, para a faixa de 3,50% a 3,75%, como esperado pelo mercado. Além disso, suas projeções indicaram mais um corte de 25 pontos-base em 2026 e outro em 2027.
No Brasil, as atenções estarão voltadas agora para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, após as 18h30.
Embora as apostas de manutenção da Selic em 15% nesta quarta-feira sejam praticamente unânimes, os agentes estarão atentos às indicações do Copom sobre se o ciclo de cortes começará em janeiro ou em março.
O diferencial de juros entre Brasil e EUA tem sido apontado como um dos principais fatores para o país se manter atrativo ao capital externo, o que segura as cotações do dólar em níveis mais baixos.
À tarde, o Banco Central informou que o Brasil recebeu US$4,710 bilhões líquidos na semana passada, sendo que US$2,373 bilhões entraram no país pela via financeira, que inclui operações ligadas a investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucros e pagamento de juros.
No exterior, às 17h07, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,52%, a 98,701.
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