Ibovespa fecha em alta com apoio de Vale tendo Fed, BC e política nacional no radar
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Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO, 10 Dez (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira, sustentado principalmente pelas ações da Vale, em sessão também marcada por corte de juros nos Estados Unidos, enquanto o cenário político nacional permaneceu no radar.
Investidores ainda aguardam nesta quarta-feira a decisão de política monetária do Banco Central brasileiro, com as expectativas apontando manutenção da Selic em 15% e o foco voltado ao comunicado e sinais sobre os próximos passos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou em alta de 0,69%, a 159.074,97 pontos, após marcar 159.690,7 pontos na máxima e registrar 157.628,3 pontos na mínima do dia.
O volume financeiro no pregão somou R$23,47 bilhões.
O Ibovespa ganhou fôlego à tarde, após o Federal Reserve reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75%, embora em decisão dividida, enquanto comunicado sinalizou uma possível pausa no ciclo de cortes.
"Ao considerar a extensão e o momento de ajustes adicionais na taxa básica, o Comitê avaliará cuidadosamente os dados que estão chegando", disse o Fed, em uma linguagem que, no passado, foi usada para sinalizar pausa nas ações de política monetária.
Novas projeções divulgadas pelo Fed após a reunião de dois dias da autarquia mostraram apenas um corte de 0,25 ponto em 2026, conforme a mediana das previsões dos formuladores de política monetária.
E, em coletiva de imprensa, o chair do Fed, Jerome Powell, afirmou: "a taxa básica está agora dentro de uma ampla faixa de estimativas de seu valor neutro e estamos bem posicionados para esperar para ver como a economia evolui".
Em Wall Street, as bolsas também reagiram positivamente à decisão do Fed, com o S&P 500 fechando o dia com alta de 0,67%.
Ainda nesta quarta-feira o Banco Central brasileiro anuncia decisão sobre a Selic, com as expectativas apontando para a manutenção da Selic em 15% e o foco também voltado ao comunicado e sinais sobre os próximos passos.
Mais cedo, o IBGE mostrou que o IPCA acumulou nos 12 meses até novembro alta de 4,46%, de 4,68% em outubro e expectativa de 4,49%, voltando a ficar abaixo do teto da meta pela primeira vez desde setembro de 2024.
Na base mensal, subiu 0,18% no mês passado, abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de 0,20%.
O noticiário político continuou no radar, com agentes financeiros avaliando os desdobramentos eleitorais da aprovação do chamado projeto da dosimetria na Câmara dos Deputados na madrugada desta quarta-feira.
O projeto de lei reduz as penas de condenados pelo STF por atos relacionados à tentativa de golpe de Estado que culminou em 8 de janeiro de 2023, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com o responsável pela área de renda variável da Criteria, Thiago Pedroso, o mercado amanheceu tentando entender se o acordo da Dosimetria é "moeda de troca real ou só mais um capítulo da novela Brasília 40 graus".
"A verdade é que 2026 atropelou 2025", acrescentou, em comentário enviado a clientes mais cedo.
DESTAQUES
- VALE ON subiu 1,83%, endossada pela alta dos preços futuros do minério de ferro na China, onde dados fracos da indústria reforçaram as esperanças de um novo estímulo para impulsionar o crescimento econômico em 2026. O contrato mais negociado em Dalian encerrou a sessão do dia com alta de 1,85%. No setor de mineração e siderurgia, CSN ON destacou-se com salto de 6,41%, enquanto USIMINAS PNA avançou 4,06% e GERDAU PN valorizou-se 2,67%.
- BRADESCO PN fechou em alta de 1,78%, em dia sem sinal único no setor. Analistas do JPMorgan publicaram relatório após encontro com o presidente-executivo do Bradesco, Marcelo Noronha, afirmando que, diante da escolha entre acelerar o plano de transformação ou focar em ganhos de curto prazo, o CEO está claramente priorizando a transformação. ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,64% e BANCO DO BRASIL ON avançou 0,51%, mas SANTANDER BRASIL UNIT cedeu 0,93%.
- BTG PACTUAL UNIT avançou 2,36%, tendo ainda como pano de fundo decisão de acionistas do banco e do Banco Pan de aprovar na véspera a incorporação do Pan pelo BTG.
- PETROBRAS PN fechou em alta de 0,25%, referendada pelo avanço dos preços do petróleo no mercado externo, onde o barril sob o contrato Brent encerrou negociado com acréscimo de 0,44%. Trabalhadores do Sistema Petrobras aprovaram a deflagração de uma greve nacional a partir da zero hora da próxima segunda-feira, após considerarem "insuficiente" a contraproposta apresentada pela companhia para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).
- SUZANO ON subiu 2,42%, tendo no radar projeção de investimento de R$10,9 bilhões no próximo ano pela maior produtora de celulose de eucalipto do mundo e manutenção da expectativa de desembolsos de R$13,3 bilhões em 2025. A maior parte da cifra prevista para o próximo ano, R$7,3 bilhões, será desembolsada em manutenção de instalações. No setor, KLABIN UNIT encerrou com acréscimo de 2,07%.
- AMBEV ON fechou em baixa de 0,29%, distante da mínima do dia, quando caiu quase 3,7%, após a maior cervejaria da América Latina anunciar que distribuirá em dezembro R$7,2 bilhões em dividendos, bem como o pagamento de R$4,2 bilhões em juros sobre capital próprio em 2026. Com tal decisão, a companhia alcançou R$17,4 bilhões em remuneração a acionistas declarada em 2025. De acordo com analistas do UBS BB, havia expectativas no mercado de um montante maior.
- PETZ ON, que não faz parte do Ibovespa, avançou 4,32%, após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovar a compra da Cobasi pela companhia, condicionando o negócio a condicionantes que incluem venda de algumas lojas. A Petz afirmou que o Acordo em Controle de Concentração (ACC) acertado com a autoridade de defesa da concorrência envolve a venda de 26 lojas no estado de São Paulo, que representaram 3,3% do faturamento da companhia combinada nos últimos 12 meses.
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