Dólar se firma em queda ante o real acompanhando o exterior
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Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO, 11 Dez (Reuters) - O dólar tinha queda firme ante o real nesta quinta-feira, acompanhando o recuo da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior, no dia seguinte às decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos.
Às 12h21 o dólar à vista cedia 0,95%, aos R$5,4156 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro para janeiro -- atualmente o mais líquido no Brasil -- cedia 1,16%, a R$5,4330.
A moeda norte-americana iniciou o dia estável ante o real, após o comunicado do Banco Central na véspera não passar indicações claras sobre quando o corte de juros começará no Brasil, mas ao longo da manhã a divisa perdeu força, em sintonia com o exterior.
Lá fora, o dólar se firmou em baixa ante a maior parte das demais divisas, incluindo pares do real como o peso mexicano e o peso chileno. Às 12h16, O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,34%, a 98,245.
No Brasil, na noite de quarta-feira o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou a manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano, sem sinalizar exatamente quando o ciclo de cortes poderá começar -- em janeiro ou em março.
"O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta", apontou o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC no comunicado, adotando a palavra "adequada" no lugar de "suficiente", usada em novembro.
Parte do mercado esperava por indicações mais claras sobre a possibilidade de corte da Selic já em janeiro, o que não se confirmou, ainda que o BC não tenha fechado a porta para esta possibilidade.
No comunicado, o BC avaliou que a estratégia “em curso” de manutenção dos juros por “período bastante prolongado” é “adequada para assegurar a convergência da inflação à meta”. No comunicado anterior, de novembro, não havia o termo “em curso”.
“Essa adição está em linha com o discurso recente de (presidente do BC, Gabriel) Galípolo, que esclareceu que o ‘bastante’ não reinicia a cada reunião, ou seja, esse período já vem ocorrendo há meses”, avaliou o consultor Sérgio Goldenstein, da Eytse Estratégia, em comentário enviado a clientes. “A retirada do caráter de guidance abre espaço para corte já em janeiro sem ruptura na comunicação.”
No início do mês, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, havia dito que a contagem de tempo da Selic restritiva por prazo “bastante prolongado” não zera a cada reunião.
Para o economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, o BC manteve no comunicado seu diagnóstico e sua sinalização.
“Entendemos que isso deve esvaziar as apostas do mercado pelo início do ciclo de cortes de juros em janeiro. Nossa opinião, há algum tempo, é de que as condições para esse início não estarão dadas antes de março”, pontuou em comentário após a decisão.
Enquanto os agentes no Brasil seguiam debatendo quando o ciclo de cortes da Selic começará, no exterior as apostas majoritárias são de que o Federal Reserve manterá sua taxa de juros na faixa de 3,50% a 3,75% em janeiro. Na tarde de quarta-feira, o Fed promoveu um corte de 25 pontos-base, como esperado.
O diferencial de juros entre Brasil e EUA tem sido apontado como o principal motivo para que o dólar se mantenha em patamares mais baixos ante o real -- ainda que desde sexta-feira o câmbio no Brasil esteja pressionado pelo anúncio da candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL) à Presidência em 2026.
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