Taxas viram para o negativo após Galípolo reforçar que decisão sobre Selic está aberta
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Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO, 18 Dez (Reuters) - As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) viraram para o negativo nesta quinta-feira, na esteira de declarações do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçando que a decisão sobre a Selic em janeiro ainda não está tomada.
Após registrarem altas mais cedo, às 13h26 a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,25%, em baixa de 1 ponto-base ante o ajuste de 13,26% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2031 marcava 13,61%, com recuo de 2 pontos-base ante o ajuste de 13,632%. O rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento -- caía 1 ponto-base, a 4,139%.
Pela manhã, o Relatório de Política Monetária mostrou que o BC projeta uma inflação em 12 meses de 3,2% no terceiro trimestre de 2027 -- ainda um pouco acima do centro da meta contínua perseguida pela instituição, de 3%.
O terceiro trimestre de 2027 passou a ser considerado pelo mercado como um período chave, já que se torna a referência para o horizonte relevante da política monetária na reunião de janeiro do BC.
"O compromisso do BC é com a meta contínua de inflação de 3,00%, e suas decisões são pautadas para que este objetivo seja atingido ao longo do horizonte relevante de política monetária", disse o BC no relatório.
Durante coletiva de imprensa sobre o relatório, porém, tanto Galípolo quanto o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, pontuaram que as projeções são embutidas de incerteza e que há limitações para elas em um horizonte de 18 meses.
Sobre isso, Guillen reforçou a ideia, já contida no comunicado da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom), de que o BC mira "o redor da meta" de inflação.
Galípolo também disse que a autarquia segue dependente de dados e que "não há portas fechadas" nem "setas dadas" para as decisões de política monetária.
"Agentes estão tentando achar dica em texto que não dá dica", afirmou Galípolo. "Não decidimos o que vamos fazer nem na reunião de janeiro nem na de março nem nas próximas. Não queríamos comunicar o que vamos fazer porque não decidimos o que vamos fazer", reforçou.
Com os comentários dos dirigentes do BC, as taxas dos DIs perderam força e migraram para o território negativo, em meio à percepção no mercado de que a porta para um corte da Selic em janeiro "segue aberta", avaliou um operador ouvido pela Reuters.
O cenário político também segue no foco.
Na quarta-feira, o estresse político causado pela candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL) à Presidência impulsionou as taxas dos DIs de tal forma que a curva passou a precificar uma probabilidade majoritária de o BC manter a Selic em 15% em janeiro. Anteriormente, a precificação indicava chances maiores de corte de 25 pontos-base.
Nesta quinta-feira, uma pesquisa AtlasIntel para a Bloomberg indicou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém a liderança de intenções de voto nos cenários para a eleição presidencial de 2026, enquanto Flávio tem desempenho melhor que o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nas simulações de primeiro turno.
No cenário em que tanto Flávio quanto Tarcísio aparecem como candidatos, Lula lidera com 47,9% das intenções de voto, o senador soma 21,3% e o governador de São Paulo tem 15%. A margem de erro é de 1 ponto percentual.
No relatório publicado mais cedo, o BC elevou ainda sua projeção para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, de 2,0% para 2,3%. No caso de 2026, a estimativa de elevação passou de 1,5% para 1,6%.
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