Taxas dos DIs fecham com baixas leves em reação positiva após Bolsonaro cancelar entrevista
![]()
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO, 23 Dez (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a terça-feira com leves baixas, com os investidores reagindo positivamente após o ex-presidente Jair Bolsonaro, preso por tentativa de golpe de Estado, cancelar uma entrevista marcada para o início da tarde.
A desistência de Bolsonaro contrabalançou a pressão de alta na curva de juros trazida pelo IPCA-15 de dezembro, que mostrou a inflação de serviços ainda acelerada no Brasil.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,27%, em baixa de 2 pontos-base ante o ajuste de 13,288% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2035 marcava 13,7%, com recuo de 4 pontos-base ante o ajuste de 13,738%.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou no início do dia que o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, subiu 0,25% em dezembro, levemente menos que a taxa de 0,27% projetada por economistas em pesquisa da Reuters. Em novembro, o indicador havia avançado 0,20%.
Já a taxa em 12 meses terminou o ano com avanço acumulado de 4,41%, ante 4,43% das projeções dos economistas e 4,50% em novembro. O percentual acumulado está ainda distante do centro da meta de inflação medida pelo IPCA, de 3%, mas já se enquadra no intervalo de tolerância, cujo teto é 4,5%.
Apesar dos resultados cheios levemente abaixo das projeções, a abertura do IPCA-15 não foi tão favorável. Cálculos do banco Bmg mostram que a inflação de serviços acelerou de 0,66% em novembro para 0,70% em dezembro, sendo que a taxa dos serviços subjacentes passou de 0,40% para 0,52% no período. No caso dos serviços intensivos em mão de obra, a inflação foi de 0,62% em novembro para 0,65% em dezembro.
"O qualitativo de serviços não foi dos melhores", disse o economista-chefe do Bmg, Flavio Serrano.
A média dos núcleos de inflação calculados pelo Banco Central acelerou de 0,28% em novembro para 0,33% em dezembro, conforme o Bmg.
Na esteira dos números, a taxa do DI para janeiro de 2028 atingiu a máxima de 13,395% (+11 pontos-base) ainda na primeira hora de negócios.
Mas a curva de juros passou a perder força no Brasil após a notícia de cancelamento da entrevista de Bolsonaro ao portal Metrópoles por “questões de saúde”.
A entrevista seria a primeira desde a condenação de Bolsonaro e desde que o ex-presidente indicou seu filho Flávio, senador pelo PL, como candidato à Presidência em 2026.
Nas últimas semanas, a candidatura de Flávio vinha elevando os prêmios na curva, em meio à avaliação no mercado de que ele seria menos competitivo que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em uma eventual disputa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Assim, o cancelamento da entrevista - vista como um potencial evento de confirmação do nome de Flávio - trouxe algum alívio para o mercado, conforme profissionais ouvidos pela Reuters.
Às 15h27, já após o cancelamento da entrevista e em meio a certo enfraquecimento dos rendimentos dos Treasuries no exterior, a taxa do DI para janeiro de 2028 marcou a mínima de 13,235% (-5 pontos-base).
O movimento da curva esteve em sintonia com a queda do dólar ante o real e o avanço do Ibovespa - também impactados positivamente pelo cancelamento da entrevista de Bolsonaro.
Apesar do movimento no dia, a curva seguiu precificando chances maiores de o Banco Central manter a taxa básica Selic em 15% no fim de janeiro. Durante a tarde, conforme a analista Laís Costa, da Empiricus Research, a curva precificava cerca de 70% de chances da Selic seguir no atual nível em janeiro, contra 30% de probabilidade de corte de 25 pontos-base.
No exterior, às 16h34, o rendimento do Treasury de dez anos - referência global para decisões de investimento - tinha estabilidade, a 4,171%.
Em função do Natal, o mercado brasileiro de DIs não funcionará na quarta-feira, mas os Treasuries serão negociados nos Estados Unidos até às 16h (horário de Brasília). Ambos os mercados estarão fechados na quinta-feira.
0 comentário
Ibovespa fecha em alta e retorna aos 160 mil pontos com política e inflação no radar
Brasil vive pior crise institucional desde a democratização e 2026 ainda não deve trazer mudança profunda
Dólar tem baixa firme ante o real com cancelamento de entrevista de Bolsonaro
Taxas dos DIs fecham com baixas leves em reação positiva após Bolsonaro cancelar entrevista
STF autoriza cirurgia de Bolsonaro no dia 25 de dezembro
Ações europeias fecham em nova máxima recorde com impulso de Novo Nordisk a setor de saúde