Grãos fecham mais uma semana em alta e soja chega a R$ 80/saca em Paranaguá

Publicado em 13/07/2012 17:27 e atualizado em 13/07/2012 18:50
A semana termina com as cotações dos grãos no campo positivo na Bolsa de Chicago. Nesta sexta-feira, a soja mais uma vez liderou os ganhos e encerrou o dia com altas superiores a 20 pontos nos principais vencimentos. O contrato agosto fechou a US$ 15,94. O trigo e o milho chegaram a operar com bom avanço, porém, ao longo da sessão, foram devolvendo os ganhos e terminaram os negócios com ligeiras altas. 

O clima continua quente e seco nos Estados Unidos e esse ainda é o principal fator de sustentação do mercado. "As temperaturas estão muito altas no coração do cinturão produtor", disse Carlos Cogo, analista de mercado da Consultoria Agroeconômica. 

Os EUA sofrem com a pior estiagem desde 1988 e as consequências desse tempo desfavorável têm incentivado o rali dos preços não só no mercado internacional, como no mercado interno brasileiro. Nesta sexta-feira (13), foram registrados negócios com a saca de soja valendo R$ 80,50, o maior preço de todos os tempos. 

Na última quarta-feira (11), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), confirmando as perdas causadas pelo calor intenso e pela falta de chuvas, reduziu suas estimativas para a safra de soja e milho dos Estados Unidos e também o índice de produtividade de suas lavouras. Os cortes foram históricos para um relatório de julho e impulsionaram ainda mais os preços. 

"não se deixem enganar por correções temporárias de um mercado ainda altista"... 
Por Pedro Dejneka

No comentário de quarta, escrevi o seguinte:
A tendência de médio prazo ainda é de alta, pois o clima não se estabilizou ainda nos EUA e temos de ter provas de que a redução de demanda que o USDA mostrou hoje é real, nas próximas semanas/meses.  Muita cautela e não deixem-se enganar por correções temporárias de um mercado ainda altista. 
 
Vejam o que aconteceu com os preços de Milho e Soja desde o comentário (14:00hs na quarta dia 11):
 
SOJA +1,82% / 23,5 centavos de alta
MILHO +5,43% / 38,25 centavos de alta


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Dá-lhe Mestre dos Magos! Rsrsrsrsrsrs... Brincadeiras á parte, continuo dizendo... “baixas serão compradas”

Repito: a tendência de clima ainda não virou... as chuvas de hoje sobre IOWA e agora sobre ILLINOIS apesar de apresentarem um certo “alívio” para alguns produtores, SÃO UM CASO ISOLADO NO MOMENTO, NÃO UMA VIRADA NA TENDÊNCIA DO CLIMA.

A expectativa para o clima semana que vem, com início no Domingo, é novamente de altas temperaturas e secas ou chuvas leves e esparsas.

As baixas continuarão sendo compradas até que tenhamos evidência de que o “clima virou”; e isso meus caros leitores, pelo que tudo indica, não acontecerá ainda na semana que vem.

A cada dia que se passa, a situação vai de ruim para horrível para regiões cada vez mais abrangentes no cinturão de produção de soja e milho aqui nos EUA.

Vejam ilustrações abaixo - SECA NOS EUA ÚLTIMAS 12 SEMANAS:

Gráficos mostram as regiões afetadas por seca e a intensidade da seca.  Eu sou dautônico, mas até eu consigo diferenciar as cores... rsrsrssrsrs quanto mais escuro, pior a situação... acompanhem (datas no topo esquerdo das figuras):



 

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Percebam como gradualmente a situação foi piorando no cinturão de produção nos EUA (parte central do país, delineada no mapa abaixo).

De acordo com o gráfico abaixo do USDA, 78% da área de produção de milho nos EUA está sofrendo com secas.  A área escura é o cinturão de produção, enquanto a área listrada representa áreas sofrendo com seca.

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Entendem agora porque soja subiu praticamente $3 ou 24% e milho subiu $2,10 ou 40% desde meados de maio????? Outro pequeno detalhe... o período de polinização do milho (período importantíssimo para determinação de potencial de rendimento da planta), começou mais cedo este ano nos EUA, devido á fantástica primavera que tivemos aqui que possibilitou o início mais precoce de plantio.

Ou seja, esta semana, em torno de 70% da safra de milho está neste processo, durante a pior seca no meio-oeste Americano desde 1988!

O estrago já foi feito em muita parte da safra aqui...

O foco, de pouco em pouco vai se mudando para a soja... ainda existe esperança que chuvas abrangentes e volumosas até o final de julho possam se não salvar, pelo menos evitar maior danos á safra de soja...

Mas esta esperança diminui á cada dia seco e quente que se passa...

Agora é aguardar o clima durante este final de semana e a leitura dos mapas climáticos no domingo á noite.

A volatilidade continuará, e o clima ficando seco (ou com chuvas leves e isoladas) e quente neste final de semana e nos mapas para a próxima semana, esperam maiores altas...

“Mas Pedrão, até onde vão os preços? Qual é o teto?”

Repito o que venho falando nos comentários nas últimas semanas – NÃO TENTEM COLOCAR UM TETO NOS PREÇOS NO MOMENTO.

Tudo pode acontecer... e enquanto a TENDÊNCIA GERAL de clima não virar, baixas continuarão sendo compradas.

Enquanto houver demanda combinada com risco de contínua degradação de safra aqui nos EUA, tentar colocar um teto nos preços é loucura!

Outro detalhe, muito se falou das chuvas de hoje sobre o estado de IOWA (que com o estado de Illinois é o maior produtor de soja e milho nos EUA).

Meus caros, os mapas deram uma impressão de chuvas muito maiores do que o que realmente choveu.

Na média, todo o estado recebeu APENAS EM TORNO DE 15% Á 20% DAS CHUVAS QUE PRECISAVA EM UMA SEMANA!

Muitas áreas altamente produtivas não receberam chuva alguma e estão no momento com ZERO volume de chuva no mês e nas últimas 6 semanas...

Por último, duas semanas atrás eu publiquei o seguinte gráfico, mostrando o comportamento dos preços de milho durante a seca de 1988...

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E muito tem sido falado esta semana sobre a possibilidade de termos batido as altas logo após o relatório desta quarta...

Não se enganem... EXISTE MUITA DIFERENÇA ENTRE 1988 E 2012... alguns pontos importantes:

1.Em 1988, o país entrou na seca com amplos estoques em ambos milho e soja, O QUE NÃO É O CASO ESTE ANO, PRINCIPALMENTE CONSIDERANDO A QUEBRA DE PRODUÇÃO NA AMÉRICA DO SUL ESTE ANO.

2.Em 1988 a participação de fundos de investimento no mercado de commodities agrícolas era apenas uma FRAÇÃO do que é hoje.

3.Em 1988 a demanda Chinesa por soja e milho, proporcionalmente falando, era MUITO MENOR do que é hoje... o fenômeno do Dragão Vermelho e sua crescente classe média ainda estava em gestação.

Ou seja senhoras e senhores, não esperem que os preços se comportem este ano como se comportaram em 1988...

O PERIGO ainda é MUITO MAIOR para maiores altas do que para uma completa reversão na tendência atual...

Tudo pode acontecer, o mercado sempre nos mostra isso... mas com o potencial de destruição da safra Americana aumentando á cada dia, não dá pra colocar uma tampa nesta panela de pressão...

Muita cautela, paciência e prudência meus caros leitores...


Não se esqueçam que podem me seguir no twitter www.twitter.com/@PHDerivativos

 

Até a próxima e um excelente final de semana á todos!

 

PEDRO H DEJNEKA

FOTOS MOSTRAM AS PERDAS NAS LAVOURAS EM ILLINOIS


Clique aqui e veja a situação das lavouras em Illinois, no Distrito de Morton. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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3 comentários

  • Antonio José de Mattos Barbosa Ferraz - PR

    Obrigado! pelos ambos comentarios, sinceridade e cautela .

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  • Liones Severo Porto Alegre - RS

    Importante notar que 80 reais não é o preço de mercado de repasse para o mercado internacional. Este preço corresponde a cerca de us$ 19.00 por bushel. São coberturas de locais que precisam de soja dentro do brasil e não estão encontrando, portanto diz bem da escassez de soja em nosso próprio país. Os preços de repasse internacional atualmente para safra nova estão ao redor de us$ 14.00 por bushel (Cbot 14.50 - 50/premio). Os compradores internacionais não estão comprando acima dessa base, que corresponde atualmente a 65,00 reais base porto (tambem considerando a cotação do dolar atual).

    0
  • Edson Martins Jorden Assis Chateaubriand - PR

    valeu Pedrao... comenterios e pessoas inteligente como voces é o que precisamos.

    Forte abraço.

    Edson Jorden.

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