Soja: Preços internos se mantêm mesmo com baixas em Chicago

Publicado em 22/11/2012 14:44 e atualizado em 22/11/2012 16:41
Após a quebra da safra 2012/13 de soja dos Estados Unidos por conta de uma das piores secas da história do país, o mercado agora aguarda com ansiedade pela nova safra da América do Sul. Apesar de algumas regiões produtoras terem apresentado pontuais adversidades climáticas, as expectativas são de uma safra cheia no Brasil, que deve superar as 80 milhões de toneladas. 

A demanda mundial por soja segue bastante aquecida e não dá sinais de desaceleração. Ao mesmo tempo, são dias de oferta muito ajustada, com estoques historicamente baixos, que nem mesmo com a entrada da colheita norte-americana foram aliviados. As reservas dos EUA devem durar poucos dias e a procura pela soja se voltará para a América do Sul. 

Em setembro, frente a este cenário, os preços da soja atingiram patamares recordes na Bolsa de Chicago e esse expressivo avanço das cotações refletiu diretamente no mercado interno brasileiro. O maior volume de vendas futuras de soja no Brasil aconteceu no mesmo mês, com os produtores aproveitando o pico dos preços, como explicou a corretora da Serra Grãos Corretora de Cereais, Vanessa de Mattos.

No Brasil, de acordo com Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, cerca de 45 a 50% da safra 2012/13 já foram comercializados. Em relação à temporada anterior, esse número é aproximadamente 10% maior. Só no Mato Grosso, maior estado produtor brasileiro, as vendas já passam de 60%. 

Passada a forte alta dos preços da soja em Chicago, o mercado agora trabalha com forte volatilidade e sessões que exibem forte recuo, alternadas com pregões de uma tentativa de recuperação técnica. Como consequência disso, os principais vencimentos da commodity já operam em valores abaixo dos US$ 14 por bushel. O recuo se deu com uma oferta nos EUA maior do que o estimado depois da seca e também com as boas expectativas para a América do Sul. 

No entanto, o impacto dessas baixas em Chicago não foi tão severo nos preços negociados no mercado interno brasileiro. Ao mesmo tempo em que os futuros da oleaginosa recuaram, o dólar subiu bastante - se aproximando dos R$ 2,10 - e equilibrou a relação entre os valores. "Os valores já negociados estão bem acima dos praticados no momento", disse Brandalizze. 

De acordo com o consultor, a alta da moeda norte-americana foi um dos principais fatores que auxiliaram na sustentação dos preços. Atualmente, a média de uma saca de soja brasileira da safra nova é de R$ 64 a R$ 65, com base nos valores nos portos. 

Apesar disso, dados do Cepea apontam que, na semana passada, os preços da soja no mercado interno recuaram e retomaram patamares praticados em junho deste ano. 

Entretanto, apesar do quadro delicado em Chicago, os produtores que ainda não avançaram em suas vendas ainda teria margens para esperar por preços melhores, segundo Brandalizze. "Os produtores ainda têm tempo de esperar por uma reação do mercado. A média daqueles que já travaram suas vendas já fecharam tudo para arcar com os custos da safra". 

Para Vanessa, a grande maioria dos produtores já está bem vendidos no mercado, e por isso deverão esperar até o início do ano para realizar mais vendas. "Eles deverão esperar até meados de janeiro, quando o mercado já irá apresentar um cenário mais correto, um mercado mais definido pelo qual irá seguir".  Além disso, a projeção de alguns analistas é de que os preços voltem a subir frente aos fundamentos que ainda são de oferta restrita e demanda aquecida. 

Além disso, há ainda mais um fator de alta para os preços que é a logística deficiente no Brasil. Os embarques de milho estão atrasados em mais de 60 dias e isso deverá atrasar também os primeiros embarques de soja, que são feitos no início de março. "O milho não vai complicar só a vida dele, como vai complicar a vida do escoamento da soja. Pois, quem comprou soja cedo do Brasil para o ano que vem também vai ter que se suprir no mercado americano, que já está com deficiência de soja, fazendo o mercado subir ainda mais", disse João Birkhan, diretor da CentroGrãos. 
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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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