Soja: Chuvas começam a chegar na Argentina, mas ainda insuficientes

Publicado em 24/01/2013 16:10
Nesta quarta-feira (23), a Argentina recebeu algumas chuvas nas principais áreas produtoras de soja e a expectativa é de que mais precipitações sejam registradas nesta quinta (24). 

Segundo Flávio Oliveira, operador de mesa da corretora Mc Donald Pelz, a previsão é de que essas chuvas continuem e possam aliviar o estresse hídrico pelo qual estão passando as lavouras argentinas. Entretanto, para Oliveira, essas chuvas não são suficientes ainda para reverter a atuação situação. 

De acordo com especialistas em agrometeorologistas ouvidos pelo jornal argentino La Nacion, porém, as precipitações deverão ser mais expressivas nas zonas agrícolas de Buenos Aires, La Pampa, Santa Fé, Córdoba e Entre Rios. Em fevereiro, segundo eles, o regime de chuvas deverão se normalizar. 

Nesta semana, representantes da Famato (Federação da Agricultura e Pecuário do Mato Grosso) e o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) realizaram uma missão técnica pelas lavouras do país. Segundo Eduardo Godoi, gestor do Núcleo Técnico da federação, para as regiões de Junín e Lincoln não há previsão de chuvas para os próximos dias. 

Diante desse quadro climático, segundo os representantes das entidades, a expectativa dos produtores locais é de uma produtividade mediana em função de uma intensa varição climática durante o ciclo de produção. no ínicio do plantio, os campos argentinos receberam chuvas intensas que chegaram a alagar algumas regiões. Agora, a seca é o principal fator de preocupação. 

Mercado - O mercado internacional de grãos está com seu foco quase que completamente voltado para o clima na América do Sul. A falta de chuvas no Sul do Brasil e também na Argentina já começam a preocupar já que, mais adiante, poderiam resultar em perdas para a produção de soja em tempos de estoques mundiais extremamente apertados. Neste momento, a única oferta disponível no mercado é a norte-americana, a qual foi menor do que o esperado inicialmente em função de uma das piores secas dos Estados Unidos. 

Entretanto, como explica o analista de mercado Pedro Dejneka, da PHDerivativos, por agora a falta de chuvas nessas importantes regiões produtoras ainda não causam muito temor já que os rendimentos ainda foram afetados uma vez que a umidade do solo nessas áreas era bastante adequada. 

"A soja e uma planta forte, que sabe se defender muito bem durante algum tempo contra falta de agua (veja como a soja nos EUA produziu muito mais que o esperado, apesar de uma das maiores secas na historia). Mas, estima-se que a oleaginosa possa "aguentar o tranco" sem chuva, ou com pouca chuva, somente até o final da primeira semana de fevereiro no sul do Brasil e em áreas da Argentina", explicou Dejneka. 

Sendo assim, de fato as atenções do mercado estão voltadas para o andamento do clima e da safra da América do Sul, já que, segundo analistas, será essa oferta que irá amenizar a ajustada situação dos estoques globais de soja. Estimativas mais recentes de consultorias argentinas indicam que, caso essa estiagem se prolongue por mais tempo do que o possível para a oleaginosa aguentar, a safra pode não alcançar as 50 milhões de toneladas. 

Nos últimos 10 dias, a commodity registrou expressivas altas na Bolsa de Chicago refletindo essas adversidades climáticas no Brasil e na Argentina frente a uma aquecida demanda mundial. Entretanto, desde que foram registradas as primeiras chuvas, o mercado começou a recuar, movimento aliado a realizações de lucros. 

Porém, esse recuo dos preços não deve se sustentar por muito tempo já que, como já é conhecida, a procura pela soja continua bastante forte e a atual oferta é muito restrita. A safra sulamericana, portanto, é aguardada com muita ansiedade pelo mercado. 

"Por isso então os mapas para 10-15 dias são importantíssimos no momento (que nos levam até por volta do dia 8 de fevereiro) Os mapas divergem no momento e isso mexe com o mercado. As sessões eletrônicas de domingo a noite serão bastante voláteis nas próximas semanas, com o mercado aguardando com muita antecipação cada mapa metereológico novo para este periodo. Quanto mais próximo chegamos e mais confiança pode-se ter quanto aos mapas até meados de fevereiro, mais clara ficará a tendência de curto prazo de preços. Havendo chuva suficiente e confirmando-se boas safras na América do Sul vejo a possibilidade de uma baixa maior depois da metade do mês que vem, com as expectativas de plantio da nova safra nos EUA compartilhando o foco com a safra na América do Sul (lembrando que o USDA lanca suas estimativas oficiais no final de fevereiro, no Outlook Board em Washington D.C., todo ano). Mas, até lá, não vejo a possibilidade de baixas sustentáveis (ou seja, baixas maiores serão compradas, na minha opiniao), devido a incerteza sobre clima na América do Sul", conclui Pedro Dejneka.

Da Famato: Falta de chuvas na Argentina influencia nos preços da soja

A falta de chuvas nas regiões produtoras de soja da Argentina já preocupa os produtores locais. Nas regiões de Junín e Lincoln, na província de Buenos Aires, e em Venado Tuerto, na província de Santa Fé, que correspondem a aproximadamente 1,5 milhão de hectares de soja, não chove há quase um mês. Este cenário já começa a influenciar os preços da soja no mercado internacional.

Nesta semana, entre os dias 21 e 26 de janeiro, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) realizam a Conexão Argentina, uma missão técnica pelas lavouras de soja no país vizinho.

Segundo o gestor do Núcleo Técnico da Famato, Eduardo Godoi, não há perspectivas de chuva para os próximos dias nas regiões visitadas até agora. Se esta situação se prolongar, a estimativa de produção de 54 milhões de toneladas na Argentina, conforme levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), pode ser reduzida e impactar os rumos do mercado internacional de grão. “Por aqui, pesquisas da empresa de consultoria Globaltecno já indicam que a produção não deve passar dos 50 milhões de toneladas, o que mostra que os produtores argentinos não estão tão otimistas. Apesar do solo ainda estar úmido por conta das chuvas dos últimos meses de 2012, em que muitos campos foram alagados, o retorno das precipitações é muito aguardado pelos produtores”, explica Godoi.

O gestor do Imea, Daniel Latorraca, comenta que essa situação na Argentina começa a afetar os produtores de Mato Grosso. Na terça-feira (22.01), a Bolsa de Chicago fechou com ganhos acima de 20 pontos, e o valor do contrato março/13 alcançou US$ 14,50 o bushel. “Esse movimento de alta em Chicago refletiu nos preços da soja mato-grossense. Em algumas praças, tivemos altas entre US$ 1 e US$ 1,50 por saca e com certeza, entre as causas desta alta está a falta de chuvas na Argentina”, diz Latorraca.

A questão climática também afeta a qualidade das lavouras. “Não é por aqui que os argentinos vão colher os melhoras grãos. A expectativa dos produtores locais é de uma produtividade mediana, por causa da tamanha variação de clima, com chuvas intensas seguidas de período seco. Não há muita empolgação quanto ao rendimento, um pouco diferente do que se via em meados de dezembro, quando choveu muito e a qualidade das lavouras estava melhor”, destaca o gestor do Núcleo Técnico da Famato, Eduardo Godoi.

Comercialização – Diferentemente de Mato Grosso, onde cerca de 70% da safra 2012/2013 já foi comercializada, na Argentina os compradores de soja estimam que apenas 15% da produção foi vendida até agora. Conforme Latorraca, não há pressão de comercialização antecipada como em Mato Grosso. “Os argentinos têm a tradição de vender grande parte da produção somente no período de colheita”, comenta.

Conexão Argentina – Entre os dias 21 e 26 de janeiro, a Famato e o Imea realizam a Conexão Argentina. O objetivo da viagem é conhecer de perto a safra de soja do país, que pode influenciar os rumos do mercado internacional do grão.

Participam da missão o gestor do Núcleo Técnico da Famato, Eduardo Godoi, e o gestor do Imea, Daniel Latorraca. A equipe visita quatro das principais províncias produtoras de soja da Argentina: Buenos Aires, Córdoba, Santa Fé e Entre Rios, que representam mais de 80% da produção argentina.

Acompanhe a Conexão Argentina pelo Blog do Sistema Famato, no endereço https://blogdafamato.wordpress.com  no site https://www.sistemafamato.org.br/site/ e pelas redes sociais.
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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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