Sem informações do USDA, soja opera de lado e fecha com leve alta
O porta-voz do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) Matt Paul, informou, nesta segunda-feira (7), que o relatório mensal de oferta e demanda agendado para o próximo dia 11 de outubro não será divulgado. O adiamento é resultado da paralisação do governo norte-americano por conta do impasse sobre a elevação do teto da dívida fiscal do país.
Esse é um dos mais importantes boletins do ano e traz as projeções oficiais para a colheita dos EUA, reportando não só números da produção, como também de produtividade, estoques e demanda. Além disso, há também dados dos principais países produtores de grãos como Brasil, Argentina e China.
Segundo analistas, o mercado de grãos deverá seguir operando às escuras até que essas informações sejam divulgadas. Até lá, levantamentos feitos por consultorias privadas, como os últimos números que saíram da Informa e da FCStone, deverão dar algum direcionamento aos preços.
Dessa forma, na sessão regular desta segunda-feira (7), o mercado internacional de grãos, principalmente soja e milho, caminharam de lado, operando com oscilações pouco expressivas. Ainda assim, ambos conseguiram encerrar o dia do lado positivo da tabela. No mercado da oleaginosa, os principais vencimentos fecharam o pregão com altas de 1,50 a 6,50 pontos, enquanto o os preços do milho subiram pouco mais de 5 pontos.
"As informações que vêm do governo americano são as mais confiáveis no mercado já que o departamento de agricultura tem pernas em todas as principais regiões produtoras dos Estados Unidos. Então, quando esses dados não vêm a público nós ficamos dependentes das estimativas do mercado, das análises feitas pelos players", explica Camilo Motter, economista da Granoeste Corretora.
Além dos números que seriam divulgados no boletim de oferta e demanda, o mercado também fica sem as informações sobre o acompanhamento de safra, principalmente sobre o andamento da colheita e as condições das lavouras, importantes também para o andamento e formação dos preços.
Porém, para Daniel D'Ávilla, analista da New Edge, as expectativas do mercado apontam para cerca de 17 a 27% de área de soja já colhida nos Estados Unidos, registrando uma média de 22%, número 11% maior do que o da última semana.
Entretanto, para acompanhar esses números o mercado acompanha também o cenário climático nos Estados Unidos, uma vez que as chuvas dos últimos dias, principalmente no final de semana passado, atrasam o ritmo dos trabalhos de campo. Em áreas como Iowa, Illinois, Indiana e Minnesota chegaram a 25 mm, segundo o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA.
Ainda segundo o analista, na volta aos trabalhos, o USDA deverá precisar de ao menos uma semana para reunir os dados e reportar seu esperado boletim de oferta e demanda e, provavelmente, os números não serão uma boa referência ao mercado por estarem desatualizados.
Ao mesmo tempo, essa falta de informações vindas sobre a economia norte-americana criam uma maior aversão ao risco no mercado financeiro, o que também deixa os investidores mais cautelosos e na defensiva, deixando parte de suas posições em ativos mais voláteis e arriscado, como as commodities agrícolas, para outros mais seguros, como o dólar ou títulos do tesouro americano.
Veja como ficaram as cotações dos grãos no fechamento desta segunda-feira (7):