CBOT: Grãos esperam pelos números do USDA e operam com pouca movimentação
As oscilações no mercado internacional de grãos ainda são pequenas e pouco expressivas na Bolsa de Chicago. Nesta quarta-feira (6), os futuros dos grãos seguem operando de lado frente às expectativas para o relatório de oferta e demanda que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga na sexta-feira, 8 de novembro.
Às 8h10 (horário de Brasília), soja e trigo operavam em campo positivo, registrando pequenas altas de 1,50 a 3 pontos nos contratos mais negociados. Já o milho, por outro lado, trabalhava do lado negativo da tabela, porém, com um recuo que não chegava a 1 ponto nas posições principais. O mercado, segundo analistas, segue em compasso de espera e por isso não tem movimentos mais expressivos, tanto de alta quanto de baixa.
Os futuros do milho, segundo informações da agência internacional Bloomberg, caem pelo sexto dia consecutivo em Chicago, se aproximando do menor preço em mais de três anos. Essa pressão sobre o mercado se intensificou com o avanço da colheita nos Estados Unidos e das especulações de que os números trazidos pelo departamento norte-americano no final da semana indicarão um aumento de produção e produtividade para o grão em relação aos números divulgados em setembro.
"Depois de um começo lento, o ritmo da colheita nos Estados Unidos aumentou nas últimas semanas, e os índices de produtividade estão maiores do que as expectativas", disse Luke Matthews, analista internacional à Bloomberg. Até o último dia 4, domingo, cerca de 73% da área de milho dos EUA já haviam sido colhidos.
Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:
Grãos realizam lucros e fecham terça-feira no vermelho na CBOT
A soja encerrou a sessão desta terça-feira (5) em queda na Bolsa de Chicago. As perdas ficaram entre 3,75 e 6,25 pontos nos principais vencimentos, e o contrato janeiro/14, o mais negociado nesse momento, fechou o dia valendo US$ 12,59 por bushel. O milho e o trigo também ficaram no vermelho, com o milho tentando, assim como a soja, manter a estabilidade.
Segundo analistas, o mercado foi pressionado por movimentos de realização de lucros após ter registrado bons ganhos nos últimos dias em função da demanda mundial bastante aquecida. Além disso, os traders têm optado por se manter mais contidos à espera do relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o qual será divulgado nesta sexta-feira, 8 de novembro, o que justifica os movimentos pouco expressivos do mercado.
Os números que o departamento norte-americano são aguardados com muita ansiedade pelos investidores, uma vez que os dados de outubro não foram divulgados em função da paralisação parcial do governo norte-americano. Assim, as expectativas dos investidores, segundo Camilo Motter, economista da Granoeste Corretora, são de que o USDA traga uma revisão para cima tanto para a produção quanto para a produtividade em relação às estimativas divulgadas em setembro.
Por outro lado, a demanda mundial extremamente aquecida ainda dá suporte ao mercado e limita o potencial de baixa das cotações quando o movimento é negativo. "Os números da demanda são surpreendentes e em ritmo recorde", diz Motter. Porém, afirma também que o "mercado está todo em um compasso de espera e sem um rumo claro. Porém, positivo ontem, positivo hoje, mesmo de uma forma mais comedida".
analistas afirmam que mesmo que haja esse aumento na safra dos EUA, o volume dos estoques será insuficiente para atender a demanda mundial, a qual continua muito aquecida, sem dar quaisquer sinais de diminuição. "Ainda não nos surpreendemos o suficiente ao ver os números da demanda para a soja norte-americana (...) Surpreendente é o apetite consumidor, principalmente por parte da China, países como a Coreia também entraram comprando pesado, o México comprando soja e milho, entre outros", explica o economista da Granoeste.
Até esse momento, os embarques de soja dos Estados Unidos já somam 9,2 milhões de toneladas e as exportações já estão confirmadas em 32,2 milhões de toneladas das 37 milhões previamente estimadas pelo USDA para a temporada comercial 2013/14. Assim, os EUA deverão caminhar, novamente, para estoques muito ajustados no final da safra, abaixo de 4 milhões de toneladas, e "tendo os Estados Unidos como o grande centro formador dos preços, podemos imaginar que os preços continuarão oscilando em patamares altos também no decorrer do ano e da próxima estação", acredita Motter.
Paralelamente, os traders começam a observar também o cenário climático na América do Sul e o desenvolver da nova safra local. Recentemente, a Argentina sofreu com problemas causados por uma severa estiagem em importantes regiões produtoras e, em alguns locais do norte do Mato Grosso, as lavouras já exigem um replantio.
Porém, de uma forma geral, no Brasil, os trabalhos de campo acontecem em um ritmo favorável, a frente da média histórica e dos índices registrados no mesmo período do ano passado.
"O clima na América do Sul passa a ser importante porque temos a necessidade de produzir mais para acomodar e acalmar a demanda. Nos últimos três anos, o que tem feito o preço subir foi uma demanda consistente, mas sem choques, porém, com choques do lado da oferta. Eu diria que a necessidade de se produzir mais foi frustrada nos últimos anos por problemas climáticos na América do Sul e nos Estados Unidos. Mas, se EUA se aproximarem dos 90 milhões de toneladas e a América do Sul tiver uma safra cheia, isso pode ser um bom balizamento para termos preços mais acomodados, mas ainda assim, oscilando em patamares altos", explica Camilo Motter.
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