Troca de área de milho para soja no Brasil deve ser recorde nesta safra

Publicado em 04/12/2013 14:32 e atualizado em 05/12/2013 10:40

A queda dos preços do milho está se refletindo no plantio de soja. Este ano, o Brasil deverá plantar uma área maior da oleaginosa, ajudando a levar o mercado global a uma safra recorde, além de tomar o lugar dos Estados Unidos como o maior produtor mundial.  

Produtores de soja no maior país exportador pretendem semear uma segunda safra em uma área do tamanho da Jamaica no período de entressafra, ao invés de plantar milho, como fazem tradicionalmente. De acordo com matéria publicada pela Bloomberg, este volume é suficiente para causar uma oferta excedente da oleaginosa. 

Um grupo de empresas agrícolas chamado Vanguarda Agro SA está planejando fazer a mudança de plantio (de milho para soja) pela primeira vez no período de maio a junho, evitando assim o risco de perder dinheiro com o milho de entressafra. “Os produtores continuam enfrentando dificuldades para conseguir lucro em suas safras de milho em 2014”, afirmou Arlindo Moura, CEO da Vanguarda.

Carlos Fávaro, presidente da Aprosoja MT, afirma que os produtores de Mato Grosso, estado que produz um décimo de toda a soja mundial, irão plantar novamente 1 milhão de hectares na entressafra.

Se for realizado, este plantio irá adicionar 3 milhões de toneladas no mercado mundial – volume maior que as importações anuais do Japão – atingindo o recorde de 88 milhões de toneladas, segundo expectativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). 

Excedente global
Essa mudança nos plantios irá tirar a pressão dos preços do milho e colocá-la na soja, segundo a Bloomberg. A soja para entrega em janeiro caiu 0,4% para US$ 13,14 o bushel às 8h00 de hoje (4) na Bolsa de Chicago. O milho caiu 0,3% para US$ 4,3 o bushel. 

Apenas a produção extra de Mato Grosso seria suficiente para levar o excedente global da oleaginosa acima do recorde de 71,8 milhões de toneladas. A primeira previsão do USDA havia indicado 70,2 milhões de toneladas.   

As estimativas do USDA e do governo brasileiro ainda não levaram em conta a soja plantada em Mato Grosso na entressafra. 

O Brasil já ultrapassou os Estados Unidos na última safra na exportação de soja. A oleaginosa custa em média 3 vezes mais por tonelada que o milho, a commodity que teve a pior performance entre as 34 acompanhadas pela Bloomberg. 

Mas os custos de transporte de uma tonelada de grãos, tanto de soja quanto de milho, por mais de 1.600 quilômetros pelas estradas esburacadas de Mato Grosso até os portos brasileiros é o mesmo. 

Os produtores de Mato Grosso geralmente semeiam soja entre setembro e novembro, para colher nos meses de janeiro a março, durante o verão. 

Duas Alemanhas 

Colheitadeiras tiram a soja dos campos que se estendem ao horizonte em uma área que tem o dobro do tamanho da Alemanha. 

O milho e o algodão plantados durante a colheita da soja geralmente é colhido entre maio e junho, durante a safrinha, quando a produtividade das safras é mais baixa devido ao clima mais seco, solo cansado e menos investimento em atividades agrícolas.  

Nesta safra, algumas áreas serão semeadas com soja para uma segunda rodada de colheita, pois com o milho custando um terço da soja não está remunerando os produtores, levando em consideração que os preços de transporte são relativamente altos, informou Michael Cordonnier, editor da Soybean & Corn Advisor em Hinsdale, Illinois. 
 
“Os preços internos do milho em Mato Grosso estão abaixo do custo de produção e não há indícios de que eles irão melhorar em breve”, disse Cordonnier. “Hoje, a soja é uma melhor opção”. 

Custos de transporte 
O custo de transporte de milho de Mato Grosso para os portos consome quase metade da renda das exportações, enquanto para a soja a perda é de 18% de acordo com o Cepea. 

Os produtores de Mato Grosso ainda têm 35% do milho da safra passada, ou seja, um volume 10% maior em comparação com o ano anterior, enquanto esperam os melhorarem ou que o governo compre uma parte de sua produção.    

Como resultado de uma área maior de soja, o Brasil irá aumentar suas exportações da oleaginosa para 44 milhões de toneladas, ou 40% das exportações globais, no ano comercial de 2013-14, que se encerra em 30 de setembro. No ano anterior, foram 41,9 milhões de toneladas, segundo dados do USDA. Já os EUA aumentaram suas exportações de 35,9 para 39,5 milhões de toneladas, no mesmo período.  

Riscos de doenças
Mas a produção de soja na safrinha pode não ser tão grande quando o esperado pela Aprosoja, pois alguns produtores estão desencorajados com as previsões de baixa produtividade, maior risco de doenças e ataque da lagarta helicoverpa, além de um maior gasto com pesticidas e aditivos de solo. É o que defende Anderson Galvão, diretor da Celeres. Ele estima que a área plantada em soja para a colheita de inverno deverá ser de 500 mil hectares. 

“Plantar soja sobre soja envolve aumento de custos com pesticidas e perda de produtividade que pode tornar a safra menos lucrativa”, afirma Galvão. 

Produtividade
Cordonnier diz que a safrinha de soja provavelmente terá a produtividade de 2 toneladas por hectare, o que representa dois terços da produtividade típica no Brasil – 3 toneladas por hectare. Ainda assim, com os preços atuais pagos pelo milho, os produtores não terão uma alternativa melhor. “Custa mais caro transportar o milho de Mato Grosso para os portos no sul do Brasil do que comprar os grãos direto dos produtores”, acrescentou Cordonnier. 

Informações: Bloomberg

Tradução: Fernanda Bellei

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Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Vilson Ambrozi Chapadinha - MA

    Será uma festa de .Mosca branca,Ferrugem Asiatica, Helicoverpa Harmígera e pressão nos preços.Por falar em Vanguarda por onde se passa existe uma Fazenda.Mato grosso,Bahia,Piauí,e em todas as regiões em que se faz presente ,caminhoneiros,tratoristas,fornecedores,por considencia falam que o dono é pessoa muito conhecida de todos.O povo aumenta mas...

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