Seca no Brasil preocupa e estimula altas da soja em Chicago

Publicado em 04/02/2014 06:47 e atualizado em 04/02/2014 07:22

Os futuros da soja estendem o movimento positivo das cotações nesta terça-feira (4) na Bolsa de Chicago. Porém, são ligeiras altas que, por volta das 7h50 (horário de Brasília), variavam entre 1,50 e 1,75 ponto e o vencimento março/14, o mais negociado nesse momento, continuava buscando os US$ 13 por bushel. 

O mercado continua observando a escassez de soja nos Estados Unidos, os ajustados estoques do produto no país e uma demanda mundial ainda muito aquecida. 

Porém, de acordo com a agência Bloomberg, a falta de chuva no Brasil podendo reduzir a produtividade desta safra também já começa a causar algum impacto sobre os negócios. Segundo o instituto norte-americano MDA Informations Systems LLC, a chuva continua limitada em quase todo o Brasil pelos próximos 10 dias. 

Assim, apesar de as atuais condições climáticas favorecerem o avanço da colheita das lavouras que foram plantadas mais cedo e que já estão prontas, castigam as plantações que estão no estágio de enchimento de grãos e podem reduzir sua produtividade. 

Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:

Soja fecha com mais de 10 pts de alta na CBOT com escassez nos EUA

A soja encerrou a sessão regular desta segunda-feira (3) com boas altas na Bolsa de Chicago. Os vencimentos mais negociados fecharam o dia com altas de 9,50 a 10,25 pontos e o vencimento março/14, o mais negociado nesse momento, fechou valendo US$ 12,92 por bushel, subindo 10 pontos. 

Os apertados estoques de soja norte-americanos, segundo o analista de mercado Stefan Tomkiw, da Jefferies Corretora, são, nesse momento, um dos principais fatores que estimulam o movimento positivo das cotações. "Os estoques estão muito apertados e podem até mesmo ser menores do que os do ano passado", explica. 

Esse quadro, de acordo com Tomkiw, mostra que, no curto prazo, o mercado ainda não observa uma mudança expressiva do interesse da demanda do produto norte-americano para o da América do Sul e isso também ajuda a manter a tendência positiva para os preços. 

O analista, no entanto, acredita que os prçeos poderiam sentir uma pressão sazonal da entrada da safra da América do Sul, mais adiante, como tradicionalmente acontece no mercado e, nesse momento, independente das adversidades climáticas que vêm sendo registradas no Brasil e na Argentina. No Brasil e na Argentina, principalmente, as lavouras vêm sofrendo com as temperaturas muito altas e a falta de chuvas bem na época de sua fase de enchimento de grãos.

"Nas principais regiões produtoras brasileiras temos visto temperaturas acima das médias normais para esse período do ano, com chuvas dentro do mínimo necessário, sem sobras, e em alguns locais as chuvas estão abaixo do ideal", diz o consultor da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze. 

"Os produtores afirmam que as lavouras mais tardias estão perdendo flores e algumas estão perdendo as primeiras vagens. E além de tudo, esse calor está promovendo uma passagem muito rápida pelo enchimento de grão e maturação, que tem resultado em grãos mais leves e menores, porque as plantas estão secando rapidamente, com indicativos de perdas de produtividade", completa o consultor.

Dessa forma, Brandalizze acredita que o Brasil deva colher cerca de 88 milhões de toneladas de soja, volume menor do que as primeiras estimativas de consultorias de mais de 90 milhões. Porém, no exterior, os grandes investidores continuam apostando nos números mais altos. 

Na Argentina, também por conta do clima desfavorável, a produção vem sendo comprometida, com as lavouras apresentando poucas flores, poucas vagens e com uma indicação de perda de produtividade. Isso já tem feito com que os números sobre a produção argentina sejam divergentes. Enquanto o governo aponta para 54,5 milhõs de toneladas, a Bolsa de Buenos Aires, que é mais realista, trabalha com 53 milhões de toneladas. 

"Se olharmos a Argentina com 2,5 milhões de toneladas a menos do que a projeção do USDA e o Brasil com o mesmo volume abaixo das 90 milhões de toneladas, são 5 ou 6 milhões de toneladas a menos do que o mercado pode ter e esse fator Chicago ainda não está contabilizando", explica Brandalizze. Para o consultor, esse impacto só deverá ser visto quando o USDA refizer suas projeções para a América do Sul. 

Entretanto, Tomkiw afirma que o mercado internacional ainda não conta com essas informações e, por isso, "ainda não busca uma precificação de perdas na América do Sul. Além disso, vê também que o clima mais seco contribui para a colheita das lavouras já prontas". 

Os embarques semanais, apesar de terem vindo ligeiramente menores do que as expectativas, também foram positivos para o mercado, já que confirmam um ritmo ainda muito acelerado da demanda. 

Os embarques semanais de soja somaram 1.236,54 milhão de toneladas, contra  2.176,54 milhões da semana anterior. No ano passado, nessa mesma época, o volume havia sido de 1.522,08 milhão de toneladas. Já no acumulado do ano safra,  os embarques da oleaginosa somam 31,57 milhões de toneladas frente às 27,38 milhões da temporada anterior.

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • geraldo emanuel prizon Coromandel - MG

    Se as previsões de clima se confirmarem, nossa safra estará mais para 80 que para 90 milhões de toneladas. Aqui na minha região (alto Paranaíba-MG)a seca já mostra sinais, e as previsões são que não existem chuvas nos próximos 15/20 dias, sendo que 50% das lavouras ainda estão na fase de enchimento de grãos.-

    Geraldo Prizon

    Coromandel-MG

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