Com clima adverso na América do Sul, soja fecha em alta na CBOT
Após uma sessão de considerável volatilidade, o mercado da soja conseguiu se manter do lado positivo da tabela e fechou os negócios desta quinta-feira (20) com boas altas na Bolsa de Chicago. O contrato março/14, o mais negociado nesse momento, encerrou a US$ 13,58 por bushel, subindo 4 pontos, e o maio/14, referência para a safra do Brasil, ficou em US$ 13,47, com ganho de 5,75 pontos.
As condições adversas de clima na América do Sul permanecem no foco dos investidores, já que as perdas observadas no Brasil, Paraguai e Argentina agravam ainda mais o já apertado quadro mundial de oferta e demanda.
Segundo explicou Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, o mercado está bastante atento à situação climática do Rio Grande do Sul, onde há um potencial de produção de, aproximadamente, 13 milhões de toneladas. No entanto, por conta da seca e das altas temperaturas, já há especialistas afirmando que a safra pode não chegar a 10 milhões.
Algumas regiões gaúchas de produção de soja receberam chuvas nos últimos dias, porém, ainda insuficientes para promover uma melhora das condições das lavouras. Essas áreas, como explicou Brandalizze, precisariam de mais três ou quatro semanas de chuvas - de 40 a 70 mm aproximadamente - para reverter alguns prejuízos. No entanto, as precipitações nesses locais têm sido de 5 a 7 mm apenas.
"Há mais duas ou três semanas só no Rio Grande do Sul onde o clima ainda tem que ser observado com muita atenção", afirma Brandalizze. "Só esta questão climática, sem a confirmação das chuvas nas próximas semanas, abre um potencial de novas altas para os preços, com os vencimentos mais curtos podendo chegar a US$ 14 dólares", completa dizendo que a situção também é grave em outros estados brasileiros.
A situação se repete na Argentina e, como explicou o consultor, há cerca de 30 milhões de toneladas de soja na dependências dessas chuvas que devem ser regulares e de bom volume.
Ainda nesta quinta-feira, começou nos Estados Unidos o Agricultural Outlook Fórum. O evento reúne importantes participantes do agronegócio norte-americano e de lá são lançadas projeções para a safra 2014/15.
Segundo os primeiros números divulgados, em uma prévia do primeiro relatório oficial do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para a próxima temporada, já se espera uma redução para a área total plantada com soja e milho. Entre as duas culturas, a projeção é de uma redução de 0,25% da área total - 161,88 mil hectares - para 69,4 milhões de hectares, contra 69,57 milhões da safra 2013/14. Entretanto, o espaço destinado à soja deverá ser maior em relação ao ano passado.
A área de milho deve perder 1,38 milhão de hectares e passar de 38,61 milhões para 37,23 milhões de hectares cultivados. No caso da soja, deve haver um aumento de 1,21 milhão de hectares, com a área subindo de 30,96 milhões para 32,17 milhões de hectares. Segundo o economista chefe do USDA, Joe Glauber, isso indica uma expansão da área da oleaginosa sobre as áreas cultivadas com o cereal.
O mercado, ainda de acordo com Brandalizze, não deu muita atenção a esses números, já que segue focado em seus bons fundamentos. Além disso, o consultor explica que para que haja novamente um equilíbrio no quadro norte-americano de oferta e demanda seria necessário um aumento de 7 a 8 milhões de toneladas na produção dos EUA, enquanto esse aumento de área previsto poderia produzir mais algo entre 3,5 a 4 milhões de toneladas e, em condições extremamente favoráveis de clima, esse volume poderia chegar a ser de 5 a 6 milhões de toneladas.
Veja como ficaram as cotações dos grãos no fechamento desta quinta-feira:
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