Com possível aumento da demanda chinesa, soja fecha com forte alta

Publicado em 21/05/2014 17:18 e atualizado em 21/05/2014 17:56

A falta de soja nos Estados Unidos diante de uma demanda ainda muito forte pela produção norte-americana, principalmente por parte da China, permitiu com que os futuros da oleaginosa negociados na Bolsa de Chicago fechassem a sessão eletrônica desta quarta-feira com forte e expressiva alta, registrando os melhores patamares em sete semanas. 

O vencimento julho, o mais negociado nesse momento, avançou 2,4% e encerrou o dia valendo US$ 15,05 por bushel, com alta de 35,50 pontos. Os demais contratos praticados em Chicago terminaram o pregão com ganhos superiores a 20 pontos. 

O diretor da Globaltecnos, da Argentina, Sebastian Gavalda, afirmou que essa foi uma sessão de intensa volatilidade. A falta de produto disponível já é conhecida pelo mercado, o que deverá portanto, continuar como um dos principais fatores de suporte para as cotações. 

Além disso, Gavalda acredita que as baixas registradas pelo mercado nos últimos dias agravaram ainda mais essa escassez, uma vez que motivou ainda mais compras, aumentando as já expressivas exportações dos Estados Unidos. "O mercado pode ter mais dois ou três meses de alta, até que se volte para as estimativas de uma grande safra nos EUA na próxima temporada", diz. 

Entretanto, mesmo com essas boas perspectivas para a colheita de soja no ciclo 2014/15, os vencimentos de mais longo prazo também vêm apresentando boas altas na CBOT. Nesta quarta, essas posições subiram mais de 20 pontos e analistas afirmam que esses ganhos explicitam os riscos que ainda são observados, principalmente em função de possíveis adversidades climáticas. "Já há muita especulação sobre essa nova safra nos Estados Unidos", afirma Gavalda. 

"Mesmo com as estimativas de que os Estados Unidos podem aumentar sua produção em algo entre 9 e 10 milhões de toneladas, a tendência é de que eles recompanham seus estoques, que precisam de no mínimo de 6 a 7 milhões de toneladas, e isso segura ainda mais os preços no mercado internacional", explica Pedro Arantes, economista e analista de mercado da Faeg (Federação de Agricultura do Estado de Goiás).

Para Arantes, até que a nova safra norte-americana esteja melhor definida, o mercado internacional tendea operar de lado, refletindo a notícia de cada dia, uma vez que os atuais fundamentos já são conhecidos pelos investidores. 

"Daqui até meados de setembro, a tendência é de que o mercado continue firme porque a disponibilidade de produto é muito baixa. Mais próximo da colheita, mesmo sem o produto disponível, os grandes consumidores já começam a trabalhar em uma posição comprando de forma mais imediata".

China  

Nesta quarta-feira (20), autoridades chinesas divulgaram dados sobre a demanda e preços que indicam que o consumo de produtos como a soja e produtos de valor agregado continua crescente. A tendência é de que a procura por soja aumente ainda mais diante de uma necessidade maior da commodity para a produção de alimentação animal depois que os preços dos ovos e da carne de porco dispararam. 

Segundo números da consultoria Shangai JC Intelligence Co., desde 1º de abril, os preços dos ovos na província de Henan subiram 26%, enquanto os suínos apresentaram um incremento de 20% nas cotações. Com isso, na última semana, os processadores chineses de soja compraram 600 mil toneladas da oleaginosa para ser embarcada em 1º de setembro, de acordo com informações apuradas pela agência internacional Bloomberg News Survey. Além disso, os preços do farelo de soja no país subiram 13% nas últimas nove semanas. 

"A firmeza dos preços da soja no mercado interno chinês indicam que a demanda por soja em grão pode ser ainda maior", afirma Roy Huckabay, vice-presidente executivo do Linn Group, em Chicago. 

Somente nos quatro primeiros meses de 2014, o Brasil exportou para a China 4,99 milhões de toneladas de soja, volume 83% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. De uma forma geral, as compras chinesas de soja, entre janeiro e abril deste ano, somaram 21,85 milhões de toneladas, com um aumento de 41,3%. As informações são da Administração Geral de Alfândega chinesa.

O aumento das vendas brasileiras, de acordo com informações da agência de notícias Reuters, se deu por conta de melhores condições climáticas e também em função de um escoamento menos turbulento do que o que foi visto no ano passado, quando diversos cargos da oleaginosa foram atrasados e inúmeros navios faziam filas nos portos brasileiros para embarcar seus produtos. 

Assim, a tendência é que a participação do Brasil aumente nos próximos meses, já a partir de maio, uma vez que a oferta norte-americana é preocupantemente escassa e a logística do país parece fluir melhor nesta temporada. 

Argentina  

Outro fator que tem sido positivo para o mercado internacional da soja é o pouco avanço da colheita na Argentina. Em função das chuvas excessivas dos últimos dias, os trabalhos de campo estão atrasados e a colheita está concluída em apenas 70% da área. Em anos anteriores, nesse mesmo período, o índice era de 90%. O mesmo acontece com o milho, que tem apenas 30% da área colhida, contra a média de 60 a 70% dos últimos anos. Paralelamente, a comercialização no país vizinho também segue bastante lenta, com apenas 35% da safra já vendida. Ainda de acordo com Sebastian Galvada, os produtores argentinos têm optado por armazenar sua soja, esperar por melhores preços, principalmente em um momento em que o peso, a moeda local, está bastante depreciado frente ao dólar. 

Veja como fechou o mercado do milho nesta quarta-feira:

Milho: Após perdas, mercado busca recuperação e fecha pregão com leves altas

Por Fernanda Custódio

Em uma sessão volátil, os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam o pregão com ligeiras valorizações. As principais posições da commodity encerraram o dia com altas entre 0,25 e 1 ponto. O contrato julho terminou cotado a US$ 4,74 por bushel, porém, ao longo das negociações, alcançou o patamar de US$ 4,72 por bushel, menor patamar desde 4 de março. 

Segundo o analista de mercado da Safras & Mercado, Paulo Molinari, os preços futuros do milho buscam uma acomodação frente ao plantio da safra 2014/15, que transcorre dentro da janela ideal. "A semeadura deve fechar dentro da janela e abre espaço para um bom potencial de produtividade das lavouras norte-americanas, que podem atingir um recorde, mesmo com a área menor", explica. 

Até o último dia 19 de maio, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), reportou que o plantio do cereal estava completo em 73% da área projetada. O percentual está acima do índice registrado no mesmo período do ano passado, de 65%, porém abaixo da média dos últimos cinco anos de 76%.

Por outro lado, o tempo deve permanecer quente e seco nos próximos dias irá contribuir para a evolução do plantio, principalmente, de Dakota do Norte a Ohio, conforme informações de agências internacionais. Diante desse cenário, a expectativa é de preços mais baixos em longo prazo, alguns analistas já projetam os preços próximos a US$ 4,50 por bushel. 

“Devemos ao clima nos Estados Unidos, já que em julho as lavouras entram em estágio de polinização. Os preços podem buscar os US$ 4,20 por bushel, caso se confirme uma boa safra nos EUA. Mas tudo irá depender das condições climáticas no país”, diz Molinari.

Mercado interno

Nos Portos de Santos e Paranaguá, os preços do cereal caíram de R$ 31,00 para R$ 27,00, situação que pressiona as cotações no mercado interno. Em Goiás, as cotações já recuaram de R$ 25,00 pela saca de 60 kg para R$ 21,00 até R$ 19,00. Em Cascavel (PR), as cotações caíram de R$ 21,50 para R$ 20,00 em uma semana, conforme dados da Coopavel. 

Situação que também se repete em Não-me-toque (RS), onde os preços passaram de R$ 24,00 para R$ 23,00, segundo informações da Cotrijal. O indicador Cepea Esalq/BMF&Bovespa referente à região de Campinas (SP) baixou 3,56%, e fechou a segunda-feira cotado a R$ 28,43 a saca de 60 kg.

Ainda na visão do analista, este ano, o Brasil precisará exportar cerca de 20 milhões de toneladas. E após o acordo firmado entre o país e a China, a expectativa é que os compradores chineses aumentem as compras do cereal. Ainda nesta quarta-feira, a agência internacional Bloomberg divulgou que os embarques de milho dos EUA para a China caiu em um menor nível em sete meses. O recuo é decorrente da posição da China contra a importação de certas variedades de milho geneticamente modificadas e não aprovadas pelo ministério de agricultura do país. 

Somente no período entre outubro e 21 de abril, a nação asiática rejeitou 1,12 milhão de toneladas de milho norte-americano. Em contrapartida, a China formalizou um acordo com o Brasil, no mês de abril, para a importação de milho.

Com a medida, a expectativa é que os chineses diminuam a dependência do cereal dos EUA, responsável por 90% do produto adquirido pela nação asiática. A expectativa, segundo analistas, é que os compradores chineses aumentem as compras do cereal brasileiro.

Acompanhamento de safras

Cerca de 91% das lavouras de milho safrinha apresentam boas condições no Paraná, segundo informou o boletim de acompanhamento e safras do Deral (Departamento de Economia Rural). Já a comercialização da segunda safra ainda segue em ritmo mais lento e permanece em 4% da produção total. 

Ainda assim, os produtores rurais ainda estão cautelosos em relação ao clima no estado. Na região de Cascavel, por exemplo, o tempo nublado já atrasa a maturação das plantas. Consequentemente, a cultura fica mais exposta a eventos climáticos e há previsões de chuvas para as próximas semanas e também possibilidade de geadas. 

Nesta safra, o estado de Mato Grosso deverá colher cerca de 15,38 milhões de toneladas, uma redução de 31,7% ou 7,16 milhões de toneladas em relação aos 22,54 milhões de toneladas colhidas na safra anterior. As informações foram divulgadas no novo boletim do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).

A produtividade média das lavouras deve ficar em 85,4 sacas por hectare, já que algumas regiões do estado ainda recebem chuvas atípicas para essa época do ano. Como é o caso de Nova Mutum, onde as precipitações ainda contribuem para os desenvolvimento das lavouras da safrinha. E a expectativa é que o rendimento das plantações fique entre 80 até 100 sacas de milho por hectare, conforme disse o presidente do Sindicato Rural do município, Luiz Carlos Gonçalves.

A expectativa é que nesta safra o Brasil colha mais de 75 milhões de toneladas, entre primeira e segunda safra, segundo a última projeção da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). O número está em linha com o último relatório de oferta e demanda do USDA, de 75 milhões de toneladas. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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