Com boas expectativas para nova safra dos EUA, soja fecha em queda

Publicado em 24/06/2014 07:27 e atualizado em 24/06/2014 15:32

A soja voltou a recuar nesta terça-feira (24) na Bolsa de Chicago e fechou os negócios em baixa na sessão regular. De acordo com informações da agência internacional de notícias Bloomberg, os futuros da oleaginosa registraram a maior perda em quatro semanas.

O mercado vem, portanto, confirmando a volatilidade que já vinha sendo sinalizada pelos analistas em função, principalmente, do comportamento do clima nos Estados Unidos. Apesar do excesso de chuvas que vem sendo registrado no país em importantes regiões produtoras, o plantio se desenvolve bem e, até o último domingo (22), cerca de 95% da área destinada à commodity já havia sido semeada, de acordo com números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Na semana anterior, esse número era de 92%. 

Além disso, o departamento informou ainda que 72% das lavouras estão em boas ou excelentes condições. O índice registrou apenas um ligeiro recuo em relação ao número da semana anterior, que era de 73%. 

Paralelamente, no curto prazo, o mercado ainda conta com as informações dos fundamentos, que seguem expressivamente positivos. A oferta de produto nos Estados Unidos, e também na América do Sul, é cada vez menor e a demanda ainda se mostra bastante presente. 

Entretanto, faltam novidades e força para que as cotações sustentem novas altas, até mesmo porque o tempo de vigência dos primeiros vencimentos já é mais curto também nesse momento. 

Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira: 

Em Chicago, soja tem sessão volátil, mas se recupera e fecha em alta

A soja fechou a sessão regular desta segunda-feira em alta na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa passaram por um pregão de intensa volatilidade, registraram altas de mais de 15 pontos no início do dia, passaram pelo campo positivo, porém, no fim dos negócios conseguiram recuperar o fôlego e voltar para o lado positivo da tabela. 

Assim, o primeiro vencimento - julho/14 - fechou o dia valendo US$ 14,24 por bushel, com 9 pontos de alta. No melhor momento da sessão, esse contrato atingiu os US$ 14,34. Já o vencimento novembro, o mais negociado nesse momento e referência para a nova safra norte-americana, fechou o dia valendo US$ 12,33, com a máxima no dia de US$ 12,43. 

No mercado brasileiro, as cotações tentam se manter estáveis frente à tantas oscilações em Chicago e os prêmios positivos sobre os valores praticados na CBOT são os responsáveis por isso.Para o vencimento julho, no Porto de Paranaguá, o prêmio está positivo em 36 centavos de dólar e para agosto, 78 cents acima dos preços praticados na CBOT. 

Com isso, nesta segunda-feira, a soja no Porto de Paranaguá fechou o dia valendo R$ 70,70 por saca e no Porto de Rio Grande ficou em R$ 70,50.

"Como Chicago caiu muito nos últimos dias, mais de US$ 1 os prêmios reagiram positivamente, uma vez que houve um recuo dos vendedores (...) e esses prêmios positivos limitaram as perdas do mercado internacional. Considerando um dólar estável, entre R$ 2,22 e R$ 2,23, hoje temos preços melhores do que os praticados ao longo da semana passada", explica o economista e analista da Granoeste, Camilo Motter.

Diante disso, e de uma oferta menor de produto disponível com os produtores ainda retraídos nas vendas, Motter acredita que os preços no mercado interno podem chegar a superar a paridade internacional no período de entressafra. Entretanto, explica ainda que esses podem não ser preços maiores do que os que estão sendo praticados hoje, uma vez que, em Chicago, haverá uma intensa influência do clima nos Estados Unidos e, frente à boas condições, os valores em Chicago poderiam estar mais acomodados. 

Excesso de chuvas no Meio-Oeste americano

Apesar disso, o mercado ainda observa com muita atenção o comportamento do clima nos Estados Unidos. O Meio-Oeste americano tem recebido chuvas excessivas, as quais têm causado até mesmo inundações em algumas áreas. Três dos estados mais afetados são, como explicou Motter, Iowa, Illinois e Minnesota, importantes produtores de soja. 

De acordo com analista, foram registradas, nos últimos dias, chuvas generalizadas, chuvas de granizo, rios transbordando e alguns tornados. "As lavouras foram recém implantadas e, nessa fase inicial, chuvas em excesso inibem um melhor enraizamento das plantas", explicou.

De acordo com o instituto meteorológico T-Storm Weather LLC, que fica em Chicago, algumas áreas de Iowa, Minnesota, Dakota do Sul e Nebraska receberam mais de 300 mm de chuvas nesse mês e compromete o desenvolvimento da raíz das plantas em cerca de 11% da área de produção dos Estados Unidos. 

Já segundo a agência WeatherBELL Analytics LLC, chuvas mais pesadas mais a noroeste do estado de Iowa, um dos mais importantes na produção de soja, devem provocar problemas de inundação de alguns campos em áreas que vinham sofrendo com alguma situação de seca. 

Apesar dessas condições, a percepção do mercado não mudou e ainda não se falam em perdas para a nova safra norte-americana. "Qualquer foto novo é capaz de mover o mercado para um lado ou para outro. Ainda não podemos nos 'animar' ainda com essas notícias, porém, mas isso demonstra a sensibilidade que o mercado vai ter pela frente e o mercado climático ainda está todo pela frente", explica Motter.   

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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