Soja fecha oitavo pregão consecutivo em queda com foco nos EUA

Publicado em 09/07/2014 17:15

O foco do mercado internacional de grãos, nesse momento, está completamente voltado ao comportamento do clima no Meio-Oeste norte-americano e às projeções para a safra 2014/15 dos Estados Unidos, de acordo com o que seguem afirmando os analistas. Assim, os futuros da soja encerraram o oitavo pregão consecutivo de queda na Bolsa de Chicago nesta quarta-feira (9), com o rally de baixas mais longo desde 2009. 

Ao longo do dia, o mercado acentuou as perdas nos vencimentos mais distantes, referentes à nova temporada dos EUA. As projeções indicam uma colheita de mais 100 milhões de toneladas e os números já têm causado um efeito bastante negativo sobre os preços, mesmo que as lavouras ainda tenham todo o seu tempo de desenvolvimento pela frente. 

Informações do Commodity Weather Group dão conta de que, para a próxima semana, o que se espera é a continuidade de temperaturas mais amenas e um tempo mais úmidos nas principais regiões de produção dos Estados Unidos,favorecendo o desenvolvimento das plantas e fortalecendo as projeções de uma grande safra. 

De acordo com uma pesquisa da agência internacional Bloomberg, um crescimento da produção americana deverá ajudar a recompor os estoques do país, elevando aos maiores níveis desde 2009. O levantamento mostrou ainda que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) poderia aumentar sua projeção para a colheita de 98,93 milhões de toneladas, estimadas em junho, para 103,12 milhões no boletim que será divulgado nesta sexta-feira, 11 de julho.

"Agora, mais importante do que os estoques, é a questão climática que deve vigorar para essa nova safra que está no campo. Os Estados Unidos estão plantando uma safra recorde, estão usando a melhor tecnologia, mas precisam de clima para uma produção acima das 100 milhões de toneladas", explicou Camilo Motter, economista e analista de mercado da Granoeste Corretora.

Para os estoques, o mercado também acredita que possa haver um aumento dos números, tanto para a safra velha, quanto para a nova. Segundo Motter, espera-se, para a temporada 2013/14, estoques entre 3,5 e 3,6 milhões de toneladas e, para a 2013/14, algo entre 10 e 11 milhões de toneladas. As projeções de junho, porém, foram de 3,4 milhões e 8,85 milhões de toneladas, respectivamente. 

Demanda 

Paralelo ao aumento da produção nos Estados Unidos e da possibilidade de um incremento também na colheita da América do Sul, há ainda o aumento da demanda. E logo mais, portanto, os negócios deverão dividir seu foco com esses dados. O consumo global da oleaginosa, segundo analistas, deve aumentar expressivamente, porém, sua movimentação merece atenção, já que poderiam amenizar o impacto da chegada dessas novas grandes safras. 

Nesta quarta-feira, a China anunciou uma redução na sua taxa de inflação, que ficou ainda abaixo das expectativas do mercado, o que deve, portanto, aumentar a demanda do país por grãos, como explicou o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze. 

"As cotações menores em Chicago estimula os chineses a se protegerem com cotações de contratos de papeis mais baratos, podendo pagar o produto físico que estiver mais caro a frente, deixando para o investidor pagar a diferença", disse. Nos atuais níveis que estão sendo observados, não só para a soja, mas também para o milho, os produtores - dos Estados Unidos e também da América do Sul - deverão se manter retraídos nas vendas, evitando uma pressão maior de oferta e aguardando melhores oportunidades de comercialização. 

Mercado no Brasil

No mercado brasileiro, os preços ainda não estão descolados de Chicago e seguem sentindo a pressão que vem, portanto, do mercado internacional. Entretanto, a medida que as cotações internas recuam, os prêmios nos portos brasileiros seguem em alta,inclusive nos vencimentos referentes à safra nova.

A demanda intensa que se mantém pela soja do Brasil é o principal fator para esse cenário. As exportações brasileiras têm acontecido em um ritmo maior em cerca de 4 a 5 milhões de toneladas acima do volume registrado nesse mesmo período da segunda semana de julho. 

"Com a queda do preço externo, houve uma reação dos importadores tendo que pagar preços mais altos para ver de novo os vendedores no mercado, para conseguir lotes de oferta no Brasil, já que os produtores se mostram retraídos nas vendas", explica Camilo Motter.

Por outro lado, a falta de reação do dólar - que continua operando na casa dos R$ 2,20 - ainda tira boa parte da renda do sojicultor. "O câmbio não reagiu, não reage e o governo está usando seus mecanismos para conter esse valor", diz o analista. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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