Safra 2014/15: Aumento nos custos de produção pode reduzir área de soja na América do Sul

Publicado em 16/07/2014 17:14

A Oil World acredita que a área de plantio de soja na temporada 2014/15 poderia ser reduzida na América do Sul em consequência ao recente declínio nos preços dos grãos registrado no mercado internacional. De acordo com a projeção da consultoria alemã, as últimas baixas e o novo patamar que vem sendo assumido pelo mercado poderiam desencorajar os sojicultores a ampliarem suas áreas, ainda mais diante de custos de produção mais elevados. 

Ainda segundo o boletim divulgado pela Oil World, as margens de lucros de produtores brasileiros poderiam ser ainda mais ajustadas por conta das elevadas contas pagas com a logística ainda ineficiente no país. No Mato Grosso, por exemplo, boa parte da renda do produtor é perdida por conta dos altos fretes pagos no transporte da soja aos portos brasileiros, que são distantes, em sua maioria, das principais regiões produtoras. 

Além disso, a consultoria acredita que o lucro dos produtores de Buenos Aires e Córdoba, na Argentina, também poderão ser menores na próxima temporada. Os agricultores, muitas vezes, arrendam suas terras e por isso enfrentam custos bastante elevados, principalmente nos cultivos de milho e trigo. 

"Produtores em muitas partes do Brasil e da Argentina podem sofrer com margens negativas para os grãos e oleaginosas quando observam seus custos de produção e os atuais preços para a nova safra que têm sido praticados nos mercados futuros. Isso indica que os agricultores no Brasil e na Argentina deverão reduzir seu plantio de soja e milho na próxima temporada. Até mesmo as áreas destinadas ao trigo podem ser menores do que as estimadas inicialmente", acredita a Oil World. 

Na última semana, os futuros da soja, do milho e do trigo caíram aos menores preços desde 2010, depois que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou seu último boletim mensal de oferta e demanda, elevando significativamente suas projeções para as safras e estoques finais no Brasil, no mundo e nas principais nações produtoras. 

O que sobe nos custos de produção

De acordo com um levantamento feito pela consultoria FCStone, o custo de produção da soja, no Brasil, subiu, em média, de R$ 1847,00, na safra 2009/10, para R$ 2359,00 na safra 2014/15. O incremento, de aproximadamente 5% ao ano, se deve a maiores preços das sementes, fertilizantes e defensivos. 

O estudo mostra que os defensivos apresentam um aumento anual de 17,9% e que os custos com esse insumo dobraram nas últimas safras. O intenso ataque de pragas como a lagarta Helicoverpa armigera exigiram, na temporada 2013/14, um maior número de aplicações de produtos que pudessem agir tanto com um efeito preventivo como de tentativa de solução para a presença dos insetos nos campos. Os prejuízos para os produtores brasileiros foram bilionários. 

No segmento de sementes, a alta dos preços está na casa dos 8% ao ano e reflete, ainda segundo informações da FCStone, uma demanda maior que vem sendo observada nas últimas safras por conta dos recentes aumentos de área e, consequentemente, de demanda. Além disso, a opção do produtor por uma tecnologia cada vez mais avançada também eleva os custos de produção na hora da escolha da semente. 

Planejamento da safra 2014/15

Com esse quadro e novo patamar de preços, o planejamento da nova safra de grãos no Brasil já tem exigido extrema atenção e cautela dos produtores. "É hora de pensar na gestão da atividade. Ao pensar na próxima safra, é preciso voltar aos custos, pensando em dólar, o preço da soja deve continuar em baixa por conta das boas perspectivas para a safra americana e o momento é de fazer conta", acredita o presidente do Sindicato Rural de Londrina, no Paraná, Narciso Pissinati. 

Ainda segundo Pissinati, por conta dos atuais preços do milho, a primeira intenção dos produtores do município seria aumentar a área de soja nessa nova safra, porém, depois dos últimos movimentos do mercado, "o momento é de colocar o pé no freio, vamos pensar e fazer gestão do nosso negócio". 

O mesmo sentimento pode ser observado no Rio Grande do Sul. Segundo o presidente da Aprosoja do estado, Décio Teixeira, já vem sendo registrado um considerável aumento nos valores de herbicidas e adubudos utilizados na cultura da soja, respectivamente, de 24 e 6%. 

Na região de Sorriso, em Mato Grosso, os produtores já têm diminuído a prática de trocas de soja nas últimas safras, que já não compensa diante desse aumento dos custos de produção. Atualmente, a média de valores está em 25 sacas de soja por cada produtor, compensando para produtores que conseguem produzir a média de 40 a 50 sacas por hectare. Porém, o financiamento tem sido uma alternativa mais viável, já que reduz os gastos do produtor, segundo explicou Laércio Pedro Lenz, presidente do Sindicato Rural do município.

Com informações da Bloomberg e da FCStone. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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