Alta dos prêmios no Brasil ameniza recuo da soja na Bolsa de Chicago

Publicado em 30/07/2014 17:51

Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam a sessão desta quarta-feira (30) com expressiva baixa na Bolsa de Chicago. Por outro lado, os prêmios pagos nos portos brasileiros subiram expressivamente - o agosto chegou a US$ 2,35 sobre o valor praticado em Chicago - e o dólar também registrou um dia de altas frente ao real, amenizando as perdas no mercado brasileiro. 

No porto de Rio Grande, o preço do produto disponível ficou em R$ 65,50, recuando 2,24%, e no porto de Paranaguá, o valor perdeu 0,75% fechando o dia a R$ 66,00 por saca. Em praças de comercialização do interior do país, no entanto, o mercado apresentou falta de direção, com preços subindo em algumas regiões e caindo em outras. 

Dessa forma, o ritmo da comercialização segue lento no Brasil. Há poucos negócios sendo efetivados no mercado disponível, enquanto o mercado futuro se mostra ainda travado e com pouca participação dos produtores e apenas preços indicativos. Com isso, a cotação da soja futura, em Rio Grande, por exemplo, permaneceu estável em R$ 61,00. 

Alta do Dólar

Nesta quarta-feira, o dólar fechou em alta pelo segundo dia consecutivo, se aproximando da casa dos R$ 2,25 e registrando os melhores patamares das última semanas. A moeda norte-americana registrou um ganho de 0,52% e terminou o dia cotado a R$ 2,2427 na venda, após bater a máxima na sessão de R$ 2,2610. 

O principal motivador dos ganhos desse ativo é, hoje, o crescimento de 4% da economia dos Estados Unidos no segundo trimestre do ano, segundo dados divulgados pelo Departamento do Comércio do país. Esse é o melhor número desde o terceiro trimestre de 2013, quando o crescimento chegou a 4,5%. O índice de avanço ficou acima das expectativas e mostra uma franca recuperação da principal economia mundial depois da baixa de 2,1% registrada no PIB norte-americano no trimestre anterior. 

Nesse momento, segundo o gestor de fundos da SmartQuant Fundos de Investimento, Antônio Domiciano, o mercado do dólar se mostra mais lateralizado, sem oscilações muito expressivas, de acordo com a sinalização de análises gráficas. Há quatro meses, o dólar vem operando entre R$ 2,20 e R$ 2,30, ou seja, sem tendência definida. 

No entanto, a perspectiva é de que, após essa fase mais "calma" para o ativo, haja movimentos mais bruscos nesse mercado e do lado positivo. "Em algum momento, e esse momento está próximo, podendo acontecer no mês que vem, ele pode detonar um novo movimento forte. Se romper os R$ 2,30 ele rapidamente sobe para os R$ 2,40 e, se perder os R$ 2,20, chega rápido aos R$ 2,15 e, em seguida, para os R$ 2,10", diz Domiciano. 

Para o gestor, esse movimento mais forte deverá ser positivo e o mercado deve romper os R$ 2,30, buscando os R$ 2,40 e, em seguida, para os R$ 2,45. "Quanto mais tempo o mercado ficar lateral, mais brusco será esse movimento, seja de alta ou de baixa, e eu acredito na alta", completa Domiciano. 

Força da Demanda

Os prêmios mais altos exibem ainda a intensa e crescente demanda mundial pela oleaginosa, nesse caso, principalmente pela soja brasileira. A China, principal importadora mundial da commodity, participa, como sempre, de forma muito significativa nas compras. Somente nos últimos 20 dias, a nação asiática confirmou a aquisição de mais de 3 milhões de toneladas de soja em grão - entre oferta das safras nova e velha dos EUA - e a tendência é de que sua demanda seja 15 milhões de toneladas maior no próximo ano. Atualmente, o volume de compras já é 25% maior do que o registrado no mesmo período do anterior.  

Recuo em Chicago

A sessão regular desta quarta em Chicago foi bastante volátil, porém, os preços atuaram durante todo o tempo em campo negativo. Os vencimentos mais negociados encerraram o dia perdendo entre 6 e 19,25 pontos, com baixas mais acentuadas nas posições mais distantes. O contrato novembro, referência para a safra americana, ficou em US$ 10,81 por bushel. 

De acordo com as últimas informações do Commodity Weather Group, são esperadas chuvas esparsas para o início da próxima semana, antes do desenvolvimento de chuvas melhor distribuídas até o final da semana. E segundo os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), as lavouras de soja e milho nos Estados Unidos exibem o melhor desenvolvimento em dez anos. 

Há muitas especulações sobre o comportamento do clima no Meio-Oeste americano. Se algumas previsões apontam um clima mais quente e seco nas próximas semanas para algumas regiões pontuais do Corn Belt, muitos afirmam que essas condições, apesar de ligeiramente desfavoráveis, não apresentam uma ameaça significativa para o potencial produtivo das lavouras, bem como às expectativas de uma grande safra no país, estimada pelo USDA em 103,42 milhões de toneladas. 

Outro movimento que pesou sobre os preços foram as vendas por parte dos fundos de investimentos, que aproveitam o período de final de mês para buscar um melhor posicionamento. Além disso, as vendas foram estimuladas por essa alta do dólar, com a migração de parte desses fundos e investidores das commodities para a moeda norte-americana, segundo explicaram analistas. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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