Comissão define alterações no vazio sanitário da soja em Goiás

Publicado em 09/10/2014 14:52
Empresas de melhoramento genético de sementes deverão seguir período mas alegam inviabilidade de trabalho

Com o objetivo de definir os critérios para realização do vazio sanitário da soja em Goiás, a Comissão de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) se reuniu nesta semana com toda a cadeia produtiva. O principal ponto de discussão diz respeito à permissão de plantio para pesquisa científica e melhoramento genético durante o período de vazio sanitário. Isto porque a prática tem aumentado o número de inóculo da ferrugem em algumas regiões do estado. 

Além de diretores e técnicos da Federação, participaram também do encontro representantes dos Sindicatos Rurais, Caramuru Alimentos, Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Monsanto, Monsoy, Nidera Sementes, Agro Safra, Ouro Branco Agronegócios, Dupont Pioneer, Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seagro), Aprosoja Goiás, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fundo de Incentivo à Cultura do Algodão (Fialgo) e Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Mapa).
 
A reunião foi conduzida por Bartolomeu Braz, vice-presidente institucional da Faeg e presidente da Aprosoja Goiás e o produtor rural Flávio Faedo, presidente da Comissão. O principal objetivo de reunir toda a cadeia produtiva no encontro foi de encontrar um consenso em relação às propostas apresentadas, com a finalidade única de eliminar a ferrugem asiática das plantações e garantir maior segurança aos produtores. 

Bartolomeu acredita que na última safra os prejuízos por ferrugem asiática foram tão significativos quanto perdas causadas pela seca em Goiás. “O Centro-Oeste brasileiro tem o benefício de ter condições de plantio durante todo o ano, mas isso nos traz também efeitos negativos, pois aumenta a pressão de pragas e doenças em nossas lavouras. Ainda assim conseguimos médias de produtividade invejáveis. Não podemos colocar tudo isso a perder”, defende Bartolomeu. 

Para Flávio Faedo é preciso ponderar todas as necessidades e ele defende que, neste momento, avançar com cautela pode ser a melhor opção. “Sabemos da necessidade de novas variedades, mas o sistema atual tem causado prejuízos. Precisamos encontrar uma forma de aliar o desenvolvimento de novas cultivares com a preservação do vazio sanitário. De que adianta novas variedades se não conseguimos acabar com a ferrugem?”, questiona. 

Prejuízos elevados

A ferrugem asiática, mesmo sendo uma doença já tradicional nos cultivos em nosso estado, teve seus prejuízos agravados nas últimas safras. Isto se deve principalmente ao fato de que os produtos químicos utilizados no controle desta doença estão perdendo eficiência, o que exige um manejo cultural da doença durante todo o ano. 

O diretor da Aprosoja Goiás, Aredson Andrade, afirmou que começar a safra com inóculos de ferrugem dentro das principais regiões produtoras gera prejuízos muito significativos. “Temos que avaliar o real tamanho do problema para nosso estado. Se chegarmos, por exemplo, a um prejuízo de 30%, como verificamos em algumas lavouras neste ano, equivale a um prejuízo bilionário. O problema é muito maior do que estamos discutindo”, completou. 

Além do debate sobre as áreas de pesquisa que estão sendo plantadas no período de vazio, as alterações na instrução normativa também abordam importantes pontos que visam a mitigação dos efeitos negativos da ferrugem. Entre eles podemos destacar a eliminação de plantas “tigueras”, a proibição de plantio de soja na safrinha, o controle de “tigueras” em beiras de rodovias e o transporte de soja após a colheita. 

Pressão de seleção 

“A situação hoje é muito delicada no estado, pois o inóculo de ferrugem em áreas de semente ou de soja safrinha já sofreu pressão de seleção, o que aumenta a resistência contra os defensivos. Se não utilizarmos medidas alternativas e eficientes, nos próximos anos não teremos mais produtos com alta eficiência. Nosso principal objetivo deve ser começar a safra sem presença de inóculos de ferrugem”, pontuou Dr. Maurício Meyer, pesquisador da Embrapa.  

Gerente de Pesquisa e Produção do Centro Tecnológico de Pesquisas Agropecuárias (CTPA), José Nunes, concordou com Maurício e acredita que não há outra saída para a eliminação da praga, além do manejo. “Não existe ferramenta mais eficiente que o vazio sanitário. Hoje o limite é de 60 dias, mas usamos 90 para termos mais segurança. É preciso avaliar perdas e ganhos”, finalizou. 

Pesquisa e melhoramento genético deverão se adequar 

O maior impasse entre as novas propostas foi a de deslocamento dos programas de melhoramento genético para o Norte do estado. Os produtores rurais acreditam que esta medida contribuirá para diminuir os inóculos nas principais regiões produtoras mas as empresas de pesquisa alegam que inviável transferir os projetos para esta região.

Isto porque toda a estrutura destas empresas já está estabelecida no Sul do estado e não plantar no vazio sanitário interrompe o ciclo de cultivo, diminuindo a velocidade de avanço de gerações de novas cultivares. 

“Hoje somos a terceira ou quarta empresa que mais lança cultivares de soja do Rio Grande do Sul ao Maranhão. Alguns chegam a aumentar a produtividade em até 50%. Não queremos, de forma alguma, retirar a empresa de Goiás. Mas não é possível seguir o vazio e assim, não vemos outra forma”, completou Claudiomir Abatti, da Monsoy. Cláudio Godoi, gerente de pesquisa da Nidera Sementes e Ênio Duarte, supervisor de regulação da Dupont Pionner também concordaram com o posicionamento. 

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Fonte:
Faeg

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