Soja tem forte recuo na CBOT com fuga dos fundos de investimentos

Publicado em 30/10/2014 17:12

Com uma forte influência de movimentos técnicos e do mercado financeiro, o mercado internacional da soja fechou o dia perdendo mais de 20 pontos nos principais vencimentos praticados na Bolsa de Chicago. Ainda assim, os preços se mantiveram consolidados acima dos US$ 10 por bushel. 

No Brasil, os preços da soja nos portos também recuaram, já que a queda das cotações em Chicago foi potencializada pela baixa do dólar. A moeda norte-americana fechou o dia recuando mais de 2% e voltou aos R$ 2,40. Assim, no porto de Rio Grande a baixa para o produto disponível foi de 3,13% para R$ 62,00/saca e de 3,46% para a soja com entrega futura, que fechou a R$ 61,30. Em Paranaguá, a soja com entrega em maio/15 caiu 0,81% para R$ 61,00. 

No interior do país, os preços também recuaram. Nas principais praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, as baixas variaram de 0,8 a 1,8%. Entretanto, mais uma vez, os negócios não seguiram uma direção definida e em locais como, por exemplo, São Miguel do Oeste/SC, Ijuí/RS e Campo Mourão/PR, os preços subiram, em alguns casos, mais de 2%. 

Porém, o ritmo de negócios nessa semana melhorou muito no Brasil, apesar de ainda estar abaixo do registrado nos últimos anos. Nos últimos dias, o mercado da soja passou por bons momentos, com os preços superando os R$ 63,00 em algumas situações, o que levou os produtores de volta às vendas, tanto do produto disponível quanto a realizarem fixações de vendas futuras, como explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. 

Nesta quinta, o dia começou com indicativos favoráveis para os preços nos portos, porém, por volta das 10h, as cotações começaram a recuar e "os vendedores sumiram de novo com oferta de R$ 2,00 a R$ 3,00 menores por parte dos compradores", relatou o consultor.

Mercado Internacional

No mercado internacional, essa significativa baixa dos preços foi reflexo de uma intensa realização de lucros, motivada pela migração dos fundos de investimentos para ativos mais seguros do que as commodities agrícolas. Essa saída de posições, em partes, se deu por conta de notícias vindas do mercado financeiro mas, também pela falta de novidades entre os fundamentos. 

No mercado financeiro, com o anúncio do Federal Reserve - o banco central norte-americano - de que irá retirar o estímulo à economia do país encorajou os investidores a a deixarem suas posições em papéis de maior risco, como as commodities agrícolas, para migrarem para ativos mais seguros, como os títulos do Tesouro Americano. Dessa forma, há uma queda quase generalizada entre as commodities, com as agrícolas recuando, mas também sendo observada uma baixa no ouro e no petróleo.  

No entanto, o mercado busca agora entender qual será o futuro da taxa de juros nos Estados Unidos, que apresenta uma perspectiva de elevação, mas as autoridades monetárias ainda não apresentam uma definição de uma data para que isso ocorra ou até mesmo um percentual da alta. Assim, para o economista Roberto Troster, "essa troca de investimentos que estamos vendo no mercado tende a ser pontual e de curta duração”. 

Entre os fundamentos, o que se observa são melhores condições de clima permitindo o avanço da colheita nos Meio-Oeste americano, de onde saem excelentes e impressionantes reportes de produtividade da soja. Aqui no Brasil, as últimas previsões já indicam que boas chuvas - mais regulares e de volumes maiores - devem chegar às áreas produtoras de soja e aliviar o atraso no plantio. 

"Os fundos vieram comprando muito nos últimos dias, porém, com a perspectiva de venda ao menor sinal de fraqueza. Assim, com base nessas informações, começaram a vender depois de diversos dias de boas altas. E isso tem acontecido em muitas situações durante esse período de altas. Vamos viver dias de intensa volatilidade", explica Camilo Motter, analista de mercado da Granoeste Corretora. 

Além disso, o esperado boletim semanal de vendas para exportação reportado nesta quinta-feira pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) também veio sem novidades. As vendas semanais de soja vieram em 1,326 milhão de toneladas da safra 2014/15, contra 2.166,4 milhões da semana anterior. A expectativa do mercado, no entanto, era de 1,25 milhão de toneladas. Assim, no acumulado do ano, já há 34.099,5 milhões de toneladas comprometidas do total de 46,270 milhões de toneladas estimadas pelo departamento norte-americano, o que corresponde a 76%. 

Nem mesmo o anúncio de uma nova venda de soja em grão para a China, nesse caso de 132 mil toneladas com entrega para a safra 2014/15, foi o suficiente para limitar as baixas na CBOT. 

Tendência

A tendência, entretanto, ainda de acordo com Vlamir Brandalizze, é de que os preços sigam firmes e possam registrar novos momentos de boas altas, criando, inclusive outras oportunidades interessantes de comercialização para o produtor brasileiro. E o principal combustível para isso deverá ser o crescimento e a força da demanda. 

Nos EUA, há mais de 70% do volume estimado para ser exportado de soja na safra 2014/15 já comprometido e a temporada só se encerra em 31 de agosto do ano que vem. Os chineses vêm comprando constantemente e suas importações, segundo analistas, podem superar as expectativas. Além disso, há ainda uma movimentação ainda maior da demanda por farelo de soja, já que o setor de proteína animal está muito aquecido e, consequentemente, as margens de esmagamento no país estão bastante favoráveis. 

Além disso, o produtor norte-americano, assim como o brasileiro, continua segurando suas vendas e a comercialização no país está atrasada. Há pouco mais de 30% da safra dos Estados Unidos já negociada, quando o normal para esse mesmo período seria mais de 50%. E, em quatrou ou cinco semanas, já deve começar a temporada de neve no país, o que deve diminuir ainda mais o fluxo das vendas. 

No Brasil, o principal fator que tem mantido uma firmeza dos preços no mercado interno é a demanda regional por matéria-prima, ou seja, soja em grão, para o processamento e fabricação de óleo e farelo. Ambos os produtos também contam com uma demanda aquecida no mercado de rações e também por conta do maior percentual de biodiesel na composição do óleo diesel que, nesse ano, subiu de 5 para 7% e deve chegar a 10% no Brasil, ainda segundo explicou Vlamir Brandalizze.  

Veja como fecharam os preços do milho nesta quinta-feira:

>> SOJA

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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