China importa, em setembro, 44% mais soja do que no mesmo mês de 2014
A China importou, em setembro, 7,26 milhões de toneladas de soja em grão. O volume, apesar de apresentar um recuo de 6,7% em relação ao mês anterior, é 44,3% maior do que se comparado ao total comprado no mesmo mês de 2014.
"As importações chinesas de setembro foram excepcionalmente fortes para esta época do ano. E as principais origens foram, claramente, os países da América do Sul, com os compradores aproveitando as vantagens da desvalorização do real", disse, em nota, o banco internacional Australia & New Zealand Bank. "As compras de commodities da China foram fortes diante de uma recuperação de muitos mercados ainda em agosto", informou o comunicado.
Ainda de acordo com o banco internacional, a moeda brasileira caiu cerca de 60% em relação ao renminbi (moeda chinesa), deixando os preços da soja do Brasil com "os preços mais baratos desde 2008 para os compradores chineses.
Nos primeiros nove meses de 2015, o total das compras chinesas é de 59,65 milhões de toneladas, 13% a mais do que no mesmo intervalo do ano passado e configura um recorde para o período. As informações são da Administração Geral da Alfândega.
Assim, no total da temporada 2014/15, que se encerrou no mês passadao, as importações da oleaginosa pela nação asiática somaram 78,3 milhões de toneladas. De acordo com os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), na temporada 2013/14, as compras foram de 70,36m milhões de toneladas, assim, o incremento de um ano comercial para o outro supera os 11%. Além disso, a última projeção do departamento norte-americano para as compras chinesas em 2014/15 era de 77 milhões de toneladas.
"A (crescente) demanda da China deslocou-se para a América do Sul. Mas o ritmo de compras de soja dos EUA nas últimas cinco semanas está crescendo e nós esperamos que a velocidade vá crescer nas próximas semanas. No momento, as margens de esmagamento estão bastante boas, depois que a demanda por farelo de soja subiu, o que pode estimular mais negócios", disse disse o analista Yang Linqin, da Cofco Futures à agência de notícias Reuters.
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Perspectivas para 2016
Ainda de acordo com expectativas trazidas pelo USDA, a fraqueza do real frente ao dólar, que sobe mais de 2% nesta terça-feira (13) e volta a se aproximar dos R$ 3,90, deve continuar estimulando as exportações brasileiras de soja em 2016.
A taxa cambial do Brasil vem exercendo um impacto bastante significativo na produção e comércio interno e global da soja, como relata o último boletim do departamento norte-americano sobre oleaginosas. Desde outubro de 2014, o real já recuou 37% em relação ao dólar.
O gráfico a seguir, do USDA, mostra, na sequência, os preços da soja em dólares por bushel (linha azul) e em reais por bushel (linha vermelha) no primeiro quadro e, no segundo, as barras vermelhas indicando as exportações de soja em milhões de toneladas dos EUA e as azuis, as vendas do Brasil.
"Com a atual taxa de câmbio, de quase R$ 4,00 por dólar, significa que os produtores brasileiros estão operando sob um conjunto diferente de sinais sobre os preços em relação aos produtores dos Estados Unidos. Enquanto os sojicultores norte-americanos vêm os preços perderem cerca de 8% desde o último outubro, os brasileiros têm registrado valores, em reais, próximos a níveis recordes e equivalentes a algo perto de US$ 15,00 por bushel", explicaram os especialistas do USDA.