Soja tem estabilidade em Chicago e, com a queda do dólar, preços perdem força nos portos nesta 4ª

Publicado em 14/10/2015 11:21

Os futuros da soja, na sessão desta quarta-feira (14), voltaram a operar em campo positivo depois de testar algumas ligeiras baixas mais cedo na Bolsa de Chicago. Assim, por volta das 10h50 (horário de Brasília), as posições mais negociadas subiam entre 1,2 e 2,4 pontos, com o contrato maio/16, referência para a safra brasileira, cotado a US$ 9,26 por bushel. Entretanto, logo em seguida o mercado voltou a recuar, confirmand sua falta de direção, testando os dois lados da tabela. 

O mercado tenta, após o rally registrado na sessão anterior, se manter próximo da estabilidade e, como explicam analistas internacionais, e atuando de forma técnica, já que vem recebendo notícias das duas frentes dos fundamentos principais: oferta e demanda. Paralelamente, as informações vindas do financeiro também são observadas, porém, com um peso menor nesse momento. 

"A soja se orienta, nesta quarta-feira, com base na quebra da resistência dos US$ 9,00 para o contrato novembro/15, que aconteceu nesta terça-feira (13). Agora, o novo alvo do mercado no gráfico é buscar os US$ 9,265, embora o mercado da oleaginosa registre, tipicamente, algumas baixas sazonais no início de outubro", disse Bryce Knorr, analista e editor do portal internacional Farm Futures. 

Ainda nesta quarta, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe um novo anúncio de vendas para a China, neste caso de 235 mil toneladas da safra 2015/16, ontem, a instituição já havia anunciado a venda de 240 mil toneladas para a nação asiática. 

Os traders seguem ainda atentos ao desenvolvimento da colheita nos EUA, que ainda conta com um bom cenário climático para a sua conclusão, o que já vem sendo confirmado pelos últimos dados sobre os trabalhos de campo.

De acordo com o boletim de acompanhamento de safras trazido pelo USDA nesta terça-feira (13), já havia no país 62% da área de soja colhida até o último domingo (11), número que ficou em linha com a expectativa do mercado de 61%. Na semana passada, o índice era de 42%. Além disso, foi mantido o número de 64% das lavouras de soja em boas ou excelentes condições. 

Outro fator que vem sendo observado no mercado internacional da soja é o andamento dos preços e do cenário de oferta e demanda para o óleo de palma. Também por conta do El Niño, a produção do derivado vem enfrentando alguns problemas que já têm sido refletidos nas cotações. 

"Os estoques mundiais de óleos vegetais não são tão grandes se comparados a demanda. Qualquer impacto na produção deste ano poderia fazer o mercado registrar um avanço", explica Paul Georgy, CEO da consultoria internacional Allendale ao site internacional AGWeb. 

Paralelamente, as informações sobre a nova safra da América do Sul ganham cada vez mais força no mercado internacional. Segundo um levantamento feito pela França Junior Consultoria, cerca de 7% do plantio da temporada 2015/16 já havia sido concluído até o dia 9 de outubro nos principais estados produtores. O número é o mesmo do registrado neste período de 2014, mas fica ligeiramente acima dos 6% de média dos últimos cinco anos. Em Mato Grosso, maior estado produtor, o plantio já foi concluído em 6,1% da área, de acordo com o Imea (Instituto Mato Grossense de Economia Agrícola). 

A preocupação, no entanto, é com o ritmo da semeadura, principalmente, na região central. No Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, segundo a previsão da Climatempo, o tempo se mantém firme nos próximos dias e as chuvas acontecem isoladamente, sem regularidade. Enquanto isso, o sul brasileiro segue recebendo precipitações bastante volumosas, concentradas no Rio Grande do Sul, característica típica de El Niño. 

"Novos rallies vão depender da demanda da China e do clima na América do Sul, já que a redução na estimativa de produção dos EUA trazida pelo USDA no boletim de outubro parece não ter feito muita diferença para o mercado", afirma Knorr. 

Mercado Nacional

No Brasil, o cenário para a formação dos preços da soja era composto pela estabilidade das cotações em Chicago e por um novo dia de baixas para o dólar. A moeda norte-americana, por volta das 11h40 (horário de Brasília), perdia quase 1% e vinha cotada em R$ 3,858, o que já resultava em valores menores para a soja nos portos nesta quarta-feira. 

No porto de Rio Grande, baixa de 2,3% para o produto disponível, negociado na casa dos R$ 85,00 por saca, e de 0,6% para o futuro, que valia R$ 82,50. Já em Parangá, os valores apresentavam uma manutenção em R$ 82,00 e R$ 83,00 por saca, respectivamente. 

Com a volatilidade do dólar, as vendas no Brasil perderam ritmo nos últimos dias. Ainda assim, as exportações brasileiras dos últimos meses têm sido um destaque no mercado nacional, já que o volume já passa de 50 milhões de toneladas nos primeiros nove meses deste ano de 2015. 

Um levantamento feito pela agência Safras & Mercado mostra que a soja ainda lidera o ranking dos produtor mais movimientados pelo porto de Rio Grande. Somente em setembro, foram movimentadas 3.280,520 milhões de toneladas e, no acumulado do ano, o total é de 29.126,402 milhões. A China segue como principal destino de exportação. 

Dólar

Segundo especialistas ouvidos pela agência de notícias Reuters, o recuo do dólar nesta quarta-feira é reflexo, principalmente, do movimento da moeda no quadro externo diante ainda das especulações sobre o futuro da taxa de juros nos Estados Unidos. A percepção dos investidores cresce sobre a perspectiva de que o índice só será elevado em 2016. 

"Julgando por toda a comunicação do Fed e por todos os fundamentos, não vejo nenhum motivo para ter pressa para subir juros. Não ficaria surpreso se a alta viesse só na metade do ano que vem", disse o tesoureiro de um banco nacional à agência.

Por outro lado, ainda limitam as baixas as incertezas políticas e econômicas vividas no Brasil. Há conflitos no Governo Federal e o processo de impeachment de Dilma Rousseff, além das suspeitas que pairam sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e a não definição do ajuste fiscal. 

"Todo este quadro de indefinição da cena política, que prejudica e posterga cada vez mais o ajuste fiscal e a retomada do crescimento do Brasil, leva o investidor para um cenário de aversão ao risco e a procura por segurança no dólar", escreveu o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik em nota a clientes.

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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