Preços da soja no Brasil têm pouco impacto da disparada do dólar nesta 3ª; mercado segue travado

Publicado em 04/10/2016 17:26

Nesta terça-feira (4), o dólar voltou a subir frente ao real e fechou o dia com mais de 1% de alta em uma disparada observada no final da tarde, valendo R$ 3,2551. O avanço - o maior desde o último dia 13, segundo a Reuters, porém, foi insuficiente para motivar uma alta dos preços da soja no Brasil, com alguns ganhos registrados somente em praças de comercialização pontuais e no porto de Santos, para o produto disponível. A maior parte dos locais terminou o dia apenas com estabilidade. 

A limitação para o efeito do dólar em alta veio de uma nova sessão de baixas para os futuros da commodity em Chicago que, neste pregão, realizou lucros e terminou o dia em campo negativo. Os principais contratos perderam entre 8,25 e 9,50 pontos, levando o maio/17, que é indicativo para a safra brasileira, aos US$ 9,82 por bushel. 

Dessa forma, apenas algumas praças registraram ganhos, como Cascavel/PR - 1,52% para R$ 67,00; Sorriso/MT - 2,82% para R$ 73,00; ou Jataí/GO - 0,31% para R$ 65,40 por saca. Enquanto isso, São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, o preço cedeu 2,13% para R$ 69,00. Já no porto de Rio Grande, baixa de 1,68% no disponível e de 0,64% no mercado futuro para alcançarem, respectivamente, R$ 76,00 e R$ 78,00 por saca. 

Dado esse quadro, os negócios com a soja brasileira ainda não exibem novidades expressivas, uma vez que o ritmo ainda é lento e o volume é bem pequeno, com os produtores ainda reticentes em entregar a oleaginosa nos atuais patamares de preços. Os sojicultores mantêm seu foco, portanto, no avanço do plantio, principalmente neste momento em que o clima ainda continua trazendo diversas incógnitas e se mantém como principal desafio desta safra. 

E esse ritmo mais lento não vem sendo observado somente nas fixações para a soja da safra nova, mas também no pouco que ainda resta da temporada 2015/16. 

"O que a gente percebe é que o mercado está muito travado e muito regional. Aumentou muito o nível de regionalização nos últimos dias, o que é normal para essa época do ano, e dependendo também da demanda local. E então, entraremos no período de espera pela nova safra", explica Flávio França Junior, consultor de mercado da França Junior Consultoria. "O momento em Chicago não é bom, por isso também não é bom vender em outubro, e do câmbio, agora também não vem nada de excepcional. E esse sentimento em relação ao câmbio vale para a temporada inteira", completa. 

Mercado Internacional

Em Chicago, o dia foi de realização de lucros e correção após as fortes altas registradas no pregão desta segunda-feira (3). No entanto, ainda segundo França, há alguns fundamentos que pesam do outro lado da balança e que trazem não só equilíbrio para a commodity, mas também suporte às cotações. 

Neste momento, a demanda forte pela soja norte-americana - a qual vem sendo confirmada pelos anúncios quase que diário de novas vendas do EUA e também pelos boletins semanais de embarques e vendas para exportação reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) é um dos dados que contrapõe a enorme safra que vem sendo colhida nos Estados Unidos. 

Além disso, há ainda as incertezas que seguem rondando a nova safra da América do Sul e, juntos, Brasil, Argentina e Paraguai produzem 51% de toda a soja do mundo. Após as perdas causadas por adversidades climáticas na temporada anterior, a atenção dos produtores está redobrada e os investimentos, limitados. Afinal, o ano é de La Niña e, apesar da atual fraca intensidade, o cenário e as previsões vêm inspirando cautela e rigoroso planejamento. 

"Acredito que depois do USDA [boletim mensal de oferta e demanda] de novembro, o mercado vai se focar completamente na América do Sul. Até lá, é colheita nos EUA e mercado local [americano]", diz França em entrevista ao Notícias Agrícolas. 

Dólar

Segundo especialistas, o movimento de forte alta do dólar refletiu um conjunto de fatores, entre eles a declaração do presidente do Banco Central brasileiro, Ilan Goldfajn, de que o corte da taxa de juros no Brasil ainda não estão na pauta, enquanto nos EUA, a expectativa de uma alta parece mais próxima, além de um alerta feito pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) sobre a economia norte-americana. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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