Soja: Com oferta robusta, quem segue sustentando os preços é a demanda forte

Publicado em 14/10/2016 17:16

A semana no mercado internacional da soja foi marcada pela chegada do esperado relatório mensal de oferta e demanda divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) - no dia 12 de outubro - porém, o destaque, novamente, ficou por conta da demanda. Além dos bons números do reporte, com a China de volta ao mercado depois de um feriado, novas vendas foram anunciadas pelo órgão e foram reforçando, ao longo dos dias, a influência que a demanda vêm tido entre a formação dos preços. 

O USDA, no reporte, aumentou sua estimativa para as exportações norte-americanas para 55,11 milhões de toneladas e, desse total, há mais de 29 milhões já comprometidas pelas vendas para exportação. Esse volume já mostra um aumento de 28% em relação ao mesmo período da temporada anterior. Além disso, os embarques dos EUA também estão em ritmo bastante acelerado. O número semanal foi elevado e, no acumulado da safra 2016/17, o total chega a 5.204,688 milhões de toneladas, contra 4.395,507 milhões da 2015/16, nesse mesmo intervalo de tempo. 

Nesse ambiente, os principais contratos da soja negociados na CBOT fecharam a semana com altas de 0,60% a 0,92%. O vencimento novembro/16 - que é referência para a safra dos EUA - conseguiu recuperar o patamar dos US$ 9,60 e fechou com US$ 9,62 por bushel, enquanto o maio/17 - indicativo para a temporada brasileira - foi a US$ 9,83. 

"Há uma demanda agressiva, vemos as exportações americanas muito maiores do que as do ano passado, e então isso acaba anulando um pouco essa safra maior que está sendo colhida nos Estados Unidos [estimada pelo USDA em mais de 116 milhões de toneladas]. A demanda está freando a queda. O mercado poderia estar pressionado, mas a demanda está criando uma dificuldade para cair, está sem muito espaço para quedas", explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting. 

Por ora, a demanda está concentrada nos Estados Unidos e assim deverá permanecer pelos próximos meses, principalmente em função da chegada da safra 2016/17 ao mercado. E ainda como explica o consultor, o consumo aquecido não vem só da China, mas de outros importadores que também carregam importante potencial no cenário global, como nações da África, Europa e outros da Ásia. 

"O que sentimos é que, nesses últimos três ou quatro anos, tivemos graves problemas climáticos ao redor do mundo com quebras de safras de grãos, perda de pastagem para os animais e, automaticamente, obriga o consumo maior de ração que vem ocorrendo e isso acaba criando a demanda que está puxando o consumo", diz Brandalizze. 

No entanto, o executivo diz ainda que, apesar desse quadro, ainda não foi consolidado, neste momento, um viés de alta para o mercado internacional da soja. Apesar da oferta norte-americana já ser conhecida e, aparentemente, estar precificada - com o piso das cotações entre US$ 9,40 e US$ 9,50 por bushel, segundo analistas e consultores - há ainda a nova safra da América do Sul para entrar na conta. 

No Brasil, o plantio se desenvolve bem apesar de alguns percalços em função do clima. Os trabalhos de campo apresentaram alguma irregularidade em seu início devido à falta de chuvas em determinadas localidades ou à sua má distribuição nas principais regiões produtoras. Segundo a última projeção da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a safra nacional 2016/17 poderia ficar entre 101,8 milhões e 104 milhões de toneladas. O USDA estima 102 milhões. 

Já na Argentina, se espera uma redução de área nesta temporada. Nos últimos dias, o governo Macri informou mudança na baixa das retenciones sobre a soja - a taxação sobre as exportações locais, hoje em 30% - e parece ter desmotivado o setor. Segundo informações da Bolsa de Rosário, a área semeada com a oleaginosa deverá cair cerca de 3%, passando de 20,2 milhões para 19,6 milhões de hectares. A projeção do departamento norte-americano é de que a colheita 2016/17 argentina chegue a 57 milhões de toneladas. 

"É esse o panorama de Chicago, com uma flutuação entre US$ 9,50 e US$ 10,00 por bushel nas posições que estão sendo praticadas agora", diz o consultor da Brandalizze Consulting. 

Mercado Brasileiro

Os preços da soja no Brasil, apesar da semana positiva em Chicago, fecharam em expressiva baixa nos portos do país e estabilidade na maior parte das principais praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas. E a tendência do mercado nacional, como explicam ainda analistas e consultores, é de que o mercado respeite e acompanhe, cada vez mais, essa regionalização típica da entressafra. 

"Alguns negócios têm saído apenas para a indústria local. Nos portos, quase não temos movimento e, com os atuais patamares não há vendedores, porque nas regiões próximas dos produtores os níveis pagos pelas indústrias locais são, proporcionalmente, maiores", explica Vlamir. Dessa forma, com as referências distantes dos melhores momentos do ano, os negócios mantêm o ritmo lento para a safra velha e para a nova. 

As baixas semanais no Brasil variaram entre 0,75% e 1,43% no interior, onde as referências seguem oscilando entre R$ 65,00 e R$ 75,00 por saca. Nos portos, onde os preços variaram entre R$ 74,00 e R$ 78,00 no disponível, as baixas superaram 1%. No mercado futuro, valores entre R$ 75,00 e R$ 77,00 por saca, também perdendo mais de 1%. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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