Soja em Chicago fecha em baixa com chuvas na Argentina, mas demanda limita queda nesta 2ª

Publicado em 19/12/2016 17:34

O mercado internacional da soja continuou pressionado na sessão desta segunda-feira (19), seguiu ampliando suas baixas e terminaram os negócios na Bolsa de Chicago com perdas de mais de 10 pontos entre os principais vencimentos, levando o contrato maio/17 de volta ao patamar dos US$ 10,40 por bushel. 

O foco no clima da América do Sul continua e a chegada das chuvas à Argentina em áreas onde eram muito necessárias acabaram pesando sobre as cotações neste início de semana. No último final de semana, Buenos Aires e demais províncias do cinturão de produção receberam volumes de 15 a 50 mm de precipitações muito bem-vindos após períodos extensos de tempo seco. 

As condições permitiram que, em alguns pontos, os trabalhos de plantio fossem retomados no país e melhoraram ainda as perspectivas sobre a nova temporada. Ao mesmo tempo, no Brasil, onde as condições de clima também favorecem a maior parte das regiões produtoras, localidades em Mato Grosso já começam suas atividades de colheita, o que também ajuda a pesar sobre as cotações. 

Por outro lado, a força da demanda permanece atuando na força oposta do mercado. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou, nesta segunda, uma nova venda de 264 mil toneladas para a China e, apesar de ficar dentro do esperado pelo mercado, o volume dos embarques semanais norte-americanos veio forte mais uma vez. 

Na semana encerrada em 15 de dezembro, os embarques americanos de soja somaram 1.731,565 milhão de toneladas, contra o intervalo esperado pelos traders de 1,5 a 1,8 milhão de toneladas. O volume é ligeiramente menor do que o da semana anterior, mas eleva o acumulado na temporada a 29.665,055 milhões de toneladas, contra 24.820,767 milhões do mesmo período do ano comercial 2015/16. 

Segundo explica Flávio França Junior, consultor de mercado da França Junior Consultoria, há ainda uma demanda muito forte vinda dos derivados de soja, que também segue dando suporte, ao lado do consumo pelo grão. 

"No curto prazo, essas notícias de chuvas podem trazer um pouco mais de pressão, mas não vejo isso como uma tendência de queda. Os números de demanda continuam fortes, temos o fenômeno La Niña ainda atuando, temos um tempo grande até a safra se definir, a questão da diminuição da área na argentina, números fortes de demanda pelos óleos e farelos proteicos. Então, há um conjunto de informações que me parece forte, ou que vão viabilizar preços de US$ 10,00 para cima", acredita o executivo. 

Mercado Nacional

No Brasil, os preços da soja nos portos fecharam o dia perdendo mais de 1% nesta segunda-feira. O produto disponível em Paranaguá voltou aos R$ 79,00 por saca, com queda de 1,25%, enquanto no mercado futuro a baixa foi de 1,85% para R$ 79,50. Já em Rio Grande, o produto da nova safra cedeu 1,18% para R$ 83,50, enquanto no mercado futuro foi mantida a estabilidade nos R$ 81,00. 

As cotações nos portos, afinal, não sentiram somente o peso de Chicago, mas também do dólar, que voltou a recuar frente ao real neste início de semana. A divisa encerrou o dia valendo R$ 3,3715, com queda de 0,56%. Na mínima do dia, foi a R$ 3,3665. E, de acordo com especialistas ouvidos pela agência de notícias Reuters, a pressão já é, em partes, reflexo de uma menor movimentação em decorrência da proximidade do final do ano. 

"Pela manhã, houve algum fluxo de venda que puxou a moeda (norte-americana) para baixo", comentou o operador da mesa de câmbio de uma corretora local à Reuters. "Apesar desse fluxo, o volume foi bem mais fraco hoje", acrescentou.

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No interior do país, no mercado disponível, os preços da soja em algumas praças de comercialização do país foram na contramão das baixas em Chicago e do dólar e terminaram o dia com alguns ganhos. Em Não-Me-Toque e Panambi/RS, alta de 0,72% e 0,77% para R$ 70,00 e R$ 71,04 por saca e em Sorriso/MT, de 1,54% para R$ 66,00. No Oeste da Bahia, o ganho foi ainda mais expressivo - 2,79% - e o valor da saca da oleaginosa foi a R$ 70,67. 

Os negócios, porém, ainda estão limitados, uma vez que os atuais patamares estão distantes dos alvos dos produtores. Pesquisadores do Cepea atribuem à essa movimentação negativa dos preços ao clima favorável para a nova safra brasileira e de uma demanda interna um pouco mais lenta neste momento. 

"Quanto à liquidez interna, novamente, a disparidade entre as ofertas de compradores e de vendedores limitou as negociações (na última semana)", informou a nota desta segunda-feira.

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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