Soja cede até 6% no Brasil na semana e afasta ainda mais os vendedores

Publicado em 17/02/2017 17:28

Uma semana difícil para a formação dos preços da soja no Brasil. Nos últimos dias, a atenção do produtor brasileiro esteve dividida entre a movimentação intensa das cotações na Bolsa de Chicago, apesar de ainda lateralizada, e do dólar que chegou a se aproximar muito dos R$ 3,00. 

A moeda americana já acumula nove semanas consecutivas de baixa e segue afastando cada vez mais os produtores que fecham seus negócios em reais. Somente nesta semana, segundo informou a Reuters, a queda acumulada foi de 0,53%, com a moeda americana finalizando os negócios em R$ 3,0928. No intervalo das últimas nove semanas, as perdas são de quase 9%. 

Enquanto isso, as baixas acumuladas pelos preços nas principais praças de comercialização e nos portos brasileiros, segundo um levantamento feito pelo Notícias Agrícolas, chegaram a até 5,97% e em poucas referência o recuo foi de menos de 1%. Os destaques ficaram por conta do Paraná, Mato Grosso e Goiás. Em algumas localidades, os preços chegaram a perder, inclusive o indicativo dos R$ 50,00 por saca. 

Nos terminais de exportação, Paranaguá encerrou suas operações nos R$ 74,00 por saca tanto no mercado disponível, quanto no futuro, com perdas de 2,63%. Já em Rio Grande, baixa de 2% no disponível e de 3,18% no mercado futuro e os preços em R$ 73,50 e R$ 76,00 por saca. Em Imbituba, R$ 73,90 e em São Francisco do Sul, R$ 73,70. 

"Ocorre que são muitas as variáveis que formam um preço, como o câmbio. Hoje fatores internos, políticos, agenda de reformas, estão pesando de forma decisiva", explica o analista de mercado e economista da Granoeste Corretora, Camilo Motter.
 
Ainda assim, com menos competitividade neste momento, a demanda tende a se voltar cada vez mais para a América do Sul e favorecer algumas pernas de formação das cotações, como os prêmios por exemplo. Os navios continuam chegando aos portos nacionais, porém, sem estimular a oferta de produto por parte do sojicultor brasileiro. Entretanto, Motter lembra ainda que "com o dólar mais fraco, acho que os preços seguem bem interessantes para o produtor norte-americano. Por esta razão os EUA devem se manter por mais tempo no mercado. As exportações estão mostrando isto". 

Nesta semana, os números atualizados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) mostraram que os EUA já comprometeram mais de 92% do volume estimado para ser exportado pelos país neste ano comercial, de 55,79 milhões de toneladas. 

"A Argentina pode também participar mais ativamente, mas acredito que o produtor está ainda adotando uma postura mais defensiva porque a safra vai demorar ainda algum tempo para chegar ao mercado", complementa o analista da Granoeste.

Para os que fecham seus valores em dólares, segundo analistas e consultores, algumas boas oportunidades podem se confirmar. Em alguns estados, o ambiente começa a se tornar mais favorável para operações como esta, porém, o produtor terá de respeitar sua realidade, e de sua região. "Depende de cada produtor, no seu tempo de aquisição de insumos, período de plantio e colheita", orienta o analista de mercado Mario Mariano, da Novo Rumo Corretora. 

Mercado Internacional

No mercado internacional, os preços ainda sentem a presença maciça dos fundos investidores que, após altas recentes, aproveitaram os bons patamares registrados ao longo dos últimos dias para reajustar suas posições e vender parte delas, já que estão bastante comprados no complexo soja. Assim, as posições mais negociadas da commodity na Bolsa de Chicago fecharam com perdas acumuladas de mais de 2%. 

O vencimento março/17 foi a US$ 10,32 e o maio/17, referência para a safra do Brasil, ficou em US$ 10,43 por bushel.

Além disso, as baixas se acentuaram, como explica o analista de mercado João Schaffer, da Agrinvest Commodities, com o bom avanço da colheita no Brasil, apesar de problemas pontuais, e também diante das previsões indicando melhores condições para o avanço dos trabalhos de campo nos próximos dias. Na Argentina, após os transtornos, as previsões para a safra do país.

"O mercado climático tirou os riscos para a América do Sul e agora temos um movimento sazonal de queda", diz Schaffer. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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