Com apenas 45% da safra 2016/17 de soja comercializada, mercado segue travado no Brasil

Publicado em 28/03/2017 18:17

O expressivo e recente recuo dos preços da soja na Bolsa de Chicago deram espaço para as cotações no Brasil perderem, nos últimos 40 dias, de R$ 6,00 a R$ 7,00 por saca no mercado brasileiro. Como explica o analista de mercado e economista da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter, "se voltarmos aos pregões entre 12 e 15 de fevereiro, de lá para cá, perdemos sobre maio US$ 1,00 por bushel, o que significa cerca de US$ 2,00 por saca no Brasil".

Na sessão desta terça-feira (28), os futuros da oleaginosa registraram uma sessão de estabilidade e terminaram o dia com ganhos de 0,50 ponto nas posições mais negociadas, e o maio/17, referência para a safra do Brasil e contrato mais negociado neste momento, com US$ 9,72 por bushel. 

No mercado internacional, os traders seguem focados na espera pelos novos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que chegam em 31 de março. E assim como já esperam os demais analistas, Motter também acredita que o órgão poderia confirmar as especulações sobre um aumento expressivo da área de plantio no país, o que poderia deixar os preços ainda mais pressionados. Além disso, lembra que o mercado espera ainda pelos estoques trimestrais em 1º de março que também serão reportados. 

Já no Brasil, a formação dos preços continuam sentindo a influência de um dólar ainda baixo, de uma leve redução dos prêmios - apesar de uma demanda ainda muito aquecida - e passa também pela movimentação dos fretes, os quais melhoraram após um pico de alta observado nas última semanas. Enquanto isso, as vendas novas seguem travadas no mercado nacional. 

Ainda segundo o analista, até este momento o Brasil já comercializou cerca de 45% de sua safra 2016/17, contra 55% de média dos últimos cinco anos e 65% de 2016, neste mesmo período. "Temos os piores preços, em todas as praças, em termos nominais, dos últimos dois anos. Considerando que os custos evoluíram muito, temos uma situação muito difícil", diz. "Vivemos uma situação de um mercado totalmente parado, travado", completa. 

Essa retração da soja por parte dos produtores brasileiros, como explica Motter, continua sendo acertada neste momento e a principal orientação é de que as vendas continuem acontecendo de forma parcimoniosa, sem que o mercado seja 'inundado' de produto neste momento. E esse comportamento ainda não fica completamente claro no mercado, uma vez que os embarques apresentam um ritmo bastante satisfatório, com novos recordes em função das vendas feitas antecipadamente. 

Dessa forma, as novas e melhores oportunidades poderiam chegar a partir de um desenrolar mais efetivo da nova safra de soja dos Estados Unidos, com o seu plantio ganhando mais ritmo a partir de maio e o mercado climático norte-americano mostrando-se mais presente nas negociações da CBOT. "E precisamos acompanhar três grandes variáveis para observar a oferta: a área semeada, a tecnologia utilizada e o clima", explica. 

Dólar 

Uma das alternativas para o produtor brasileiro também seria uma - ainda hipotética - alta do dólar frente ao real. Nesta terça-feira, a moeda americana fechou o dia com R$ 3,1390, subindo 0,31%. Na máxima da sessão, a divisa bateu nos R$ 3,1456. 

"O mercado está meio enjaulado, com dúvidas tanto externas quanto internas, ainda aguardando uma definição melhor para tomar uma decisão. Quando (o dólar) vai se aproximando de 3,15 reais, acabam entrando vendas", afirmou o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado á agência de notícias Reuters.

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Preços no Brasil

Neste cenário, os preços da soja no Brasil não caminharam em uma mesma direção nesta terça-feira. No interior, as praças de comercialização do Paraná terminaram o dia com alguns pequenos ganhos e as referências na casa dos R$ 57,00 por saca. Já no Rio Grande do Sul, as cotações cederam, bem como aconteceu no Goiás, ao passo em que se mantiveram estáveis em Mato Grosso, nas praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, com algo enre R$ 52,00 e R$ 54,00 por saca. 

Nos portos, Paranaguá fechou com R$ 67,00 no disponível e R$ 68,00 para maio, enquanto em Rio Grande, os preços terminaram o dia com R$ 68,00 e R$ 69,00 para junho. Todas as referências encerraram a terça-feira com estabilidade. 

No link abaixo, confira os preços completos:

>> COTAÇÕES DA SOJA 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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