Soja pode tomar área do milho nos EUA e acentuar volatilidade em Chicago

Publicado em 28/03/2018 15:44

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O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) chega com dois novos e grandes boletins nesta quinta-feira, 29 de março, e deixa o mercado cauteloso antes da chegada dos números, com os traders em compasso de espera e receosos em defender novas posições. Os fundos investidores, afinal, carregam elevadas posições compradas entre os grãos e precisam de mais informações para se reajustar. Enquanto não são reportados os dados atualizados, o mercado atua com as expectativas. 

Área de Plantio

Entre os dados de área de plantio, o destaque fica sobre a possibilidade de uma área de soja poder superar a de milho pela primeira vez na história dos EUA. A relação de preços entre as duas culturas mostra a oleaginosa carregando uma vantagem considerável sobre o cereal. 

"No ano passado, vimos a relação, no mês de fevereiro, dos futuros da soja e do milho - que definem o seguro de renda americano - por volta de 2,6, ou seja, com um 1 bushel de soja se comprava 2,6 bushels de milho. Este ano, ficou bem perto disso. E quando essa relação é muito acima de 2,2 a favor da soja temos um aumento da área da soja, e abaixo disso, um aumento da área do milho", relata o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities. 

Com esses números se repetindo nesta temporada, a média esperada entre os analistas para a área de soja é de 36,79 milhões de hectares, em um intervalo de 36,38 a 37,27 milhões. Da mesma forma, a média esperada para o milho é de 36,14 milhões de hectares, com as projeções variando de 35,77 a 36,83 milhões de hectares. 

No ano passado, foram cultivados 36,46 milhões de hectares com a oleaginosa e 36,5 milhões com o grão. 

Ao considerar mais culturas, Vanin afirma ainda que a área de trigo vem sendo reduzida nos últimos anos, em função de uma rentabilidade bastante ruim para o produtor americano, enquanto o algodão, por outro lado, poderia ganhar mais espaço. 

"O algodão tem este ano uma rentabilidade muito boa, inclusive, melhor do que a da soja, no Brasil e nos EUA. E nos EUA, dois pontos se destacam, entre eles a volta de alguns subsídios, programas de proteção de renda que poderia fazer o produtor americano plantar mais algodão diante dessa boa rentabilidade. O ponto negativo seria o clima. Há pouca água disponível no solo americano, especialmente na região do Texas, que é o maior produtor de algodão dos EUA", diz. 

Diante dessas combinações, para o analista da Agrinvest esse deverá ser um relatório "bastante volátil", com alguns cenários que poderiam ser desenhados a partir dos novos números. Historicamente, ainda como explica o executivo, o dia da divulgação do relatório de intenção de plantio nos EUA é um dia de movimentação intensa e volatilidade entre as cotações na Bolsa de Chicago, que podem se estender pelas próximas sessões. 

É importante lembrar, porém, que nesta sexta-feira (30) as bolsas americanas não operam em função do feriado da Sexta-Feira Santa e os negócios serão retomados somente na próxima segunda (2). 

Ainda assim, deve ser um marco para que o mercado comece a se dedicar cada vez mais ao acompanhamento da nova safra norte-americana. 

Estoques Trimestrais

Entre os boletins, chega ainda o de estoques trimestrais de grãos na posição em 1º de março e, após anos de safras recordes nos EUA, as projeções são de números elevados. A data é uma referência para o mercado quantificar o volume de produto nos EUA para a segunda fase da temporada americana, segundo explica o analista. 

"A gente vai ter uma proporção entre o volume que há de soja nos Estados Unidos para a demanda projetada para o resto do semestre e essa é uma relação bastante folgada. Em anos anteriores - 2013/14 ou 2014/15 - tínhamos pouco produto para o total de demanda projetado para esse segunda etapa. E isso acaba definindo qual a movimentação dos preços em Chicago", diz. 

As expectativas do mercado para os estoques da oleaginosa têm média de 55,57 milhões de toneladas, e trabalham em um intervalo de 50,89 a 57,42 milhões de toneladas. Em 1º de março de 2017, os números eram de 47,33 milhões de toneladas e, em 1º de dezembro de 2017 ficaram em 85,92 milhões de toneladas. 

"Nesse momento, vamos ter muita soja ainda e para a demanda projetada, que não é muito grande - vimos o USDA cortando por três vezes seguidas as exportações americanas - então, isso traz uma relação mais folgada. Não é um número que ajuda", explica o analista. 

Além disso, ainda segundo Vanin, um menor investimento americano em sua capacidade de esmagamento de soja nos últimos 10 anos, o que faz com que o país opere bem próximo de sua capacidade instalada de algo entre 52 e 53 milhões de toneladas e, para a próxima temporada, se espera um crescimento de 3 a 4 milhões. 

"Mesmo com uma boa margem de esmagamento nos EUA, não temos visto um aumento do processamento da soja, há apenas um crescimento pequeno, de 3%. Então, a temporada tem crescido, mas de uma forma pequena e que não é suficiente para absorver o excedente de produto que veio de uma produção maior e de exportações menores como temos visto até aqui, com as vendas nos EUA mais lentas do que no ano passado", acredita. 

São esperados estoques altos também para o milho norte-americano. As expectativas do mercado variam entre 215,91 e 225,59 milhões de toneladas, com uma média de 221,32 milhões de toneladas. A média, se confirmada, seria maior do que o número da mesma data de 2017, quando os estoques vieram reportados em 219,02 milhões de toneladas. Em 1º de dezembro do ano passado, os estoques americanos do cereal somavam 317,92 milhões de toneladas. 

Os estoques trimestrais de trigo poderiam ficar entre 39,46 e 44,09 milhões de toneladas, com a média das projeções em 40,44 milhões. Há um ano, os estoques foram de 45,15 milhões de toneladas e, há três meses, de 45,15 milhões de toneladas. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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