Soja sobe até 3% no interior do Brasil com escalada dos prêmios e alta do dólar

Publicado em 13/05/2019 17:54

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Os preços da soja subiram até 3,97% no interior do Brasil nesta segunda-feira, segundo levantamento feito pelo Notícias Agrícolas pelas principais praças de comercialização do país. A maior alta foi observada em Luís Eduardo Magalhães, onde o dia fechou com a saca cotada a R$ 65,50.

Nos portos os ganhos ficaram entre 0,41% e 0,68%, com os indicativos terminando entre R$ 72,50 e R$ 73,80 para a soja disponível e entre R$ 73,50 e R$ 74,30 para entrega em junho. 

O mercado brasileiro reflete a escalada dos prêmios que começou há cerca de uma semana, quando se intensificou a guerra comercial entre China e Estados Unidos. Nesta segunda, com o anúncio da retaliação da China aos americanos - informando alta de suas tarifas em 1º de junho - mais ganhos foram registrados. 

Segundo informou a Agrinvest Commodities, nos melhores momentos do dia os prêmios voltaram a alcançar os 100 pontos - ou US$ 1,00 - sobre os valores praticados na Bolsa de Chicago. E isso aconteceu pela primeira vez desde dezembro de 2018. 

Para terminar o dia, os premios na posição maio ficou nos 70 cents de dólar acima, enquanto o junho foi a 73 cents, com alta de 2,82%. Em uma semana, o maio subiu 180%, saltando de 25 cents para os atuais 70 centavos de dólar.

Valores mais altos são observados nas posições de entrega mais distantes. O julho, por exemplo, registrou 108 cents - vendedor - e 103 cents - comprador, ainda de acordo com a Agrinvest. 

Segundo analistas, o avanço dos prêmios deverá continuar acontecendo, porém, precisaria ser ainda mais forte para compensar os atuais patamares praticados na Bolsa de Chicago.

Nesta segunda, as baixas na Bolsa americana chegaram a cair 15 pontos, levando os vencimentos julho e agosto a operarem abaixo dos US$ 8,00 por bushel. 

BOLSA DE CHICAGO E CLIMA

Os futuros da oleaginosa amenizaram as perdas ao final da sessão e fecharam o dia com baixas de pouco mais de 6 pontos - de 0,75% a 0,83% -, com o julho sendo cotado a US$ 8,02 e o agosto, US$ 8,09. 

Se o aumento das tensões entre China e Estados Unidos dá alguma força aos preços da soja no mercado brasileiro, ele segue atuando como o principal fator de pressão sobre os futuros da soja no mercado futuro norte-americano. E a retaliação chinesa veio para pesar ainda mais. 

Uma das medidas retaliatórias chinesas será a de que o país não poderá comprar mais produtos agrícolas norte-americanos. Se confirmada e colocada em prática, a medida pesará ainda mais sobre os já elevados estoques de soja dos EUA. 

Na última sexta-feira, 10, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) aumentou sua estimativa para os estoques finais de soja 2018/19 dos EUA para mais de 24,36 para 27,08 milhões de toneladas. Do mesmo modo, sua projeção para as exportações americanas de soja caíram de 51,03 para 48,31 milhões de toneladas. 

Assim, como explicou o consultor da Terra Agronegócios, Ênio Fernandes, o mercado da soja na Bolsa de Chicago precisará de notícias fortes que possam mudar este cenário, ou seguirá pressionado.

-- "Não será qualquer problema de clima que vai mudar esse cenário, terá que ser um grande problema", diz. 

As condições para os trabalhos de campo ainda não são as melhores no Corn Belt. As chuvas excessivas e o frio intenso ainda limitam os produtores, que já apresentam atraso em relação a anos anteriores no plantio tanto da soja, quanto do milho. 

DÓLAR

Nesta segunda, os preços encontraram força ainda no dólar. A moeda americana fechou com alta de 0,88% e fechou com R$ 3,9792. Ao longo da sessão, a divisa bateu em R$ 4,0054. 

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"Para o exportador a alta do dólar significa mais reais pela mesma tonelada de um mesmo produto que ele exporta. Se essa guerra comercial durar mais 60/70 dias pode ser um alento muito forte para o produtor de soja porque a China virá buscar essa soja aqui e na Argentina", diz Fernandes.

Reuters confirma com o Cepea: Prêmio da soja do Brasil avança para quase US$ 1/bu 

SÃO PAULO (Reuters) - Os prêmios para embarque de soja em junho no Brasil avançaram nesta segunda-feira a 92 centavos de dólar por bushel, com o mercado reagindo à guerra comercial entre Estados Unidos e China, que deve aquecer a demanda pelo produto brasileiro, informou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Em meio a uma queda nos preços na bolsa de Chicago e uma alta do dólar frente ao real, o prêmio para exportação em junho via Paranaguá, importante porto brasileiro, ampliou-se em quase 10 centavos ante o valor de sexta-feira, atingindo o maior nível desde 7 de dezembro.

Dessa forma, o prêmio mais do que compensou a queda diária de quase 7 centavos do contrato de julho em Chicago, utilizado como referência para embarques de soja em junho no Brasil.

O acirramento da guerra comercial pressionou o mercado em Chicago, onde operadores esperavam um acordo comercial que não aconteceu. Em vez disto, as duas maiores economias do mundo anunciaram mais tarifas mútuas, o que mexeu com os prêmios no Brasil.

Com os EUA subindo tarifas e a China retaliando, aumenta a expectativa de maior demanda chinesa por soja brasileira, informou à Reuters o Cepea, da Esalq/USP.

A situação lembra o que aconteceu no ano passado, quando os chineses aumentaram fortemente as importações de soja do Brasil por conta das tarifas aplicadas ao produto norte-americano.

Em 2018, o Brasil exportou um recorde de cerca de 84 milhões de toneladas de soja, produto que é o principal da pauta de exportações do país.

Em novembro do ano passado, o prêmio sobre Chicago atingiu mais de 2 dólares por bushel, na esteira da forte demanda pelo produto brasileiro, em uma época em que o Brasil já quase não tinha mais soja para o exportar.

Atualmente, produtores brasileiros ainda têm grandes volumes para embarcar, uma vez que a colheita terminou recentemente.

Apesar da alta no prêmio, o produtor está relutante ainda em negociar mais soja, segundo o Cepea, com a tabela do frete do governo inviabilizando muitos negócios.

De acordo com avaliação do Cepea, uma nova alta do prêmio poderia influenciar fortemente os preços no mercado físico de grãos, trazendo um descolamento maior entre os valores no Brasil e em Chicago, e ao mesmo tempo impulsionando vendas de agricultores.

A China disse nesta segunda-feira que vai impor tarifas mais altas a uma série de produtos norte-americanos, respondendo a um aumento de tarifas que os Estados Unidos anunciaram na semana passada.

O dólar subiu fortemente nesta segunda-feira, em meio ao pessimismo global decorrente do recrudescimento da disputa tarifária entre China e EUA. Na máxima do dia, a cotação da moeda americana bateu os 4,0054 reais.

Trump diz que produtores dos EUA podem receber US$ 15 bi em meio à disputa com China

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira que seu governo planeja disponibilizar cerca de 15 bilhões de dólares em auxílio para produtores agrícolas norte-americanos que possam ser atingidos por tarifas da China em meio a um aprofundamento na disputa comercial.

"Vamos pegar o melhor ano, a maior compra que a China já fez com nossos produtores, que é de cerca de 15 bilhões de dólares, e fazer algo recíproco para nossos produtores para que eles fiquem bem", disse Trump a repórteres na Casa Branca.

Os agricultores, que representam base importante para Trump, estão entre os mais afetados pela guerra comercial.

A soja é a exportação agrícola mais valiosa dos EUA, e seus embarques para a China recuaram para uma mínima de 16 anos em 2018, enquanto os contratos futuros da oleaginosa em Chicago atingiram nesta semana seus menores níveis em 11 anos.

Na sexta-feira, o secretário da Agricultura norte-americano, Sonny Perdue, declarou que Trump havia pedido a ele para que criasse um plano para ajudar os agricultores do país a lidarem com o forte impacto da guerra comercial EUA-China sobre o setor.

Um novo programa de auxílio pode ser a segunda rodada de assistência a agricultores, depois dos 12 bilhões de dólares de um plano do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) no ano passado para compensá-los pelos menores preços dos bens agrícolas e pelas vendas perdidas com as disputas comerciais contra a China e outras nações.

"Dos bilhões de dólares que estamos levando (em tarifas sobre importações da China), uma pequena porção disso irá para nossos agricultores, pois a China irá retaliar, provavelmente a uma certa extensão, contra nossos agricultores", disse Trump.

Fed pode reduzir juro se disputa comercial EUA-China desacelerar economia

BOSTON (Reuters) - O Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, tem as ferramentas de que precisa, incluindo redução de taxa de juros, para responder a qualquer desaceleração causada pela questão comercial EUA-China, disse nesta segunda-feira à Reuters importante autoridade do Fed, adicionando que não esperar, necessariamente, que isso seja preciso neste momento.

"Se o impacto das tarifas --e qualquer reação de mercado a elas-- causar mais que uma desaceleração, então nós realmente temos as ferramentas disponíveis para nós, incluindo redução de taxa de juro. Não que eu esteja necessariamente esperando que isso seja necessário", disse o presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, que vota no comitê de taxa de juros do Fed neste ano.

Rosengren sugeriu que o atual posicionamento do Fed em relação à taxa de juros talvez não precise mudar.

"É difícil para o Fed reagir até que nós tenhamos informações melhores, então sobre a avaliação de nossa postura paciente, não acredito que isso altere nossa visão do tema até termos uma ideia melhor sobre se isso terá mais efeitos duradouros", disse.

Trump diz que ainda não há decisão sobre tarifas em mais bens chineses

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira que não tomou uma decisão sobre seguir adiante com mais tarifas sobre adicionais 325 bilhões de dólares em bens chineses e afirmou esperar se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, na cúpula do G20 no próximo mês.

Trump disse que seu encontro com Xi no G20, que ocorrerá em 28 e 29 de junho no Japão, pode ser produtivo, já que a disputa comercial se intensificou depois de ambos não conseguirem chegar a um acordo durante conversações de alto nível na semana passada.

"Estamos lidando com eles. Temos uma relação muito boa", disse Trump em comentários no Salão Oval. "Talvez algo aconteça. Vamos nos reunir, como vocês sabem, no G20 no Japão e será, eu acho, uma reunião produtiva".

Ele disse que também planeja se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, durante a cúpula do G20.

Trump disse que os EUA não podem deixar a China continuar a tirar vantagem no comércio. Ele disse que as negociações comerciais estavam 95 por cento concluídas quando a China mudou de rumo e recuou em alguns dos compromissos anteriores.

Negociações de alto nível em Washington terminaram na sexta-feira sem um acordo para encerrar o impasse, permitindo que tarifas dos EUA sobre 200 bilhões de dólares em bens chineses entrassem em vigor.

A China retaliou nesta segunda-feira com suas próprias tarifas sobre mais de 5 mil produtos norte-americanos.

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas/Reuters

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